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No primeiro dia da visita oficial do presidente da França, Emmanuel Macron, ao Brasil, na terça-feira (26), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ouviu um pedido do cacique Raoni Metuktire, líder indígena da etnia kayapó.
Em evento na Ilha do Combú, em Belém (PA), com a presença do líder francês, Raoni pediu expressamente a Lula que não aprovasse o projeto de construção da Ferrogrão, ferrovia que pode se transformar em uma das mais importantes rotas de escoamento do agronegócio brasileiro.
“Presidente Lula, me escute. Eu subi com você a rampa [do Palácio do Planalto, na posse do presidente] e eu quero pedir que vocês não aprovem o projeto de construção de ferrovia Sinop, mais conhecida como Ferrogrão”, pediu Raoni.
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“Eu sempre defendi que não pode ter desmatamento. Não consigo aceitar garimpo. Então, presidente, eu quero pedir novamente para que você trabalhe para que não haja mais desmatamento”, completou o líder indígena.
Segundo dados da Casa Civil, o projeto da Ferrogrão tem um custo estimado em R$ 25 bilhões. Ele integra a lista dos que serão objeto de estudos de viabilidade econômica, social e ambiental. Caso saia do papel, a Ferrogrão terá 933 quilômetros de extensão e conectará a região produtora de grãos do Mato Grosso, a partir de Sinop, ao estado do Pará, desembocando no porto de Miritituba, em Itaituba.
A ferrovia é celebrada pelo agronegócio em função de sua capacidade de levar parte da carga de soja, milho e algodão produzida no Centro-Oeste até os portos do Norte do país. A Ferrogrão seria uma espécie de “esteira de grãos” e substituiria o modal rodoviário, mais caro e menos eficiente. Em 30 anos, de acordo com estimativas do setor, ela poderia movimentar 48,6 milhões de toneladas e criaria 160 mil empregos, diminuindo em cerca de R$ 20 bilhões o custo logístico de produção.
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No início do mês, os ministérios dos Povos Indígenas e dos Transportes chegaram a uma definição sobre a quantidade de povos indígenas que devem ser consultados para os estudos de implementação da Ferrogrão. Ao todo, populações de 16 terras indígenas possivelmente impactadas pela obra deverão ser ouvidas.
Raoni é condecorado por Macron
Na mesma cerimônia, o cacique foi condecorado pelo presidente da França com a maior honraria concedida pelo país a seus cidadãos e a estrangeiros que se destacam por suas atividades no cenário global. Trata-se do Grau de Cavaleiro, o 1º da Legião de Honra. A condecoração foi instituída em 1802 por Napoleão Bonaparte.
Antes do evento, Lula e Macron publicaram fotos nas redes sociais, em um barco que atravessava o Rio Guamá, na orla de Belém, com destino à Ilha do Combú. Além do encontro com Raoni, os dois presidentes visitaram uma fábrica de chocolate artesanal no local.
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“O presidente Lula e eu fazemos hoje, em uma causa comum, por um dos nossos amigos. Essa terra que pertence a vocês, que é um tesouro de biodiversidade, mas também de povos indígenas que aqui nasceram, cresceram, tiveram sua tradição, e eles têm uma arte de viver”, afirmou Macron.
Além de Belém, o presidente da França visitará ainda o Rio de Janeiro e São Paulo. Ele fica no Brasil até quinta-feira (28).