Indústria usa visita de Macron para cobrar acordo entre Mercosul e União Europeia

Presidente da França, que é contrário ao acordo entre os dois blocos, terá reuniões com representantes do governo, da Fiesp e da CNI e participará de seminário com industriais em São Paulo

Fábio Matos

Emmanuel Macron, presidente da França (Foto: Flickr/Emmanuel Macron)

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Setores importantes da indústria brasileira estenderão o tapete vermelho ao presidente da França, Emmanuel Macron, nesta quarta-feira (27). O mandatário francês será recebido tanto pela direção da Confederação Nacional da Indústria (CNI) quanto pelo alto comando da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), no segundo dos três dias de uma visita oficial ao país.

A expectativa dos industriais é a de que Macron esteja aberto para avançar nas discussões sobre a conclusão do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, que está emperrado. No fim de janeiro, o líder francês afirmou que as tratativas em torno do acordo estavam “encerradas” porque a proposta era “antiquada” e “mal remendada”.

Costurado desde o fim dos anos 1990, o acordo comercial entre os dois blocos teve sua primeira etapa concluída em 2019, ainda sob o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – desafeto de Macron. Desde então, os termos passaram à fase de revisão por parte dos países envolvidos, mas pouco se avançou até aqui.

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Macron se opõe ao acordo com o Mercosul, principalmente, por questões políticas domésticas. O tratado é visto com ceticismo na França, pois há preocupação com riscos de enfraquecimento do setor agrícola no país.

Apesar da resistência do presidente francês, o acordo será defendido pelo chefe da CNI, Ricardo Alban, e pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), em uma reunião reservada. Também devem participar das conversas os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) e o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva.

“A implementação do acordo Mercosul-UE é essencial para a diversificação das exportações e a ampliação da rede de parceiros comerciais nos países que integram os dois blocos. Ajudará, ainda, a agregar valor às cadeias de produção e a incentivar o crescimento da economia e a criação de empregos nas duas regiões”, afirma Alban, da CNI.

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O acordo entre Mercosul e União Europeia formaria uma das maiores áreas de livre comércio do mundo, com um mercado consumidor de quase 720 milhões de pessoas e cerca de 20% da economia global. Em 2022, a UE foi o segundo maior parceiro comercial do Brasil, com uma corrente bilateral de mais de US$ 95 bilhões.

Atualmente, a França é apenas o 15° parceiro comercial do Brasil, com 1,45% de participação no mercado, e o 5° investidor direto no país. Nos últimos cinco anos, as exportações para a França cresceram 11%, e as importações, 12%. Entretanto, a participação brasileira no mercado francês ainda é baixa (apenas 0,5%).

Macron, Alckmin e Haddad na Fiesp

O principal compromisso do presidente da França nesta terça-feira, na agenda com empresários da indústria brasileira, será sua participação no Fórum Econômico Brasil-França, na sede da Fiesp, em São Paulo (SP). O tema do encontro será a transição para a chamada “economia verde”.

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Macron encerrará o evento, ao lado de Alckmin, no fim da tarde – ele deve chegar ao local por volta das 15 horas, de acordo com o governo francês. Também está prevista uma caminhada pela Avenida Paulista, um dos principais centros financeiros da maior metrópoles do Brasil.

Além de Macron e Alckmin, participarão do seminário na Fiesp Haddad, Alexandre Silveira, Josué Gomes, Ricardo Alban e o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira.

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Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Além do InfoMoney, teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”.