Anotações associam pagamentos a “Arthur”, e PF encaminha investigação sobre fraudes em compras de kit de robótica ao STF

Esquema consistia em suposto desvio de recursos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE)

Luís Filipe Pereira

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), durante sessão plenária (Marina Ramos/Câmara dos Deputados).

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As investigações sobre supostas fraudes em compras de kit de robótica destinados a escolas de Alagoas, que envolvem Luciano Cavalcante, ex-assessor do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), foram enviadas pela Polícia Federal (PF) ao Supremo Tribunal Federal (STF).

No fim de semana, reportagem da revista piauí divulgou anotações sobre uma série de pagamentos e referências ao nome “Arthur” entre os documentos apreendidos durante a Operação Hefesto, deflagrada pela Polícia Federal (PF), no início de junho, para apurar tais irregularidades.

De acordo com as investigações, os supostos crimes teriam ocorrido entre 2019 e 2022, quando o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a suspensão dos contratos e repasses do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) para a compra dos kits. Os operadores do esquema direcionavam as compras a somente uma empresa, o que resultou em um prejuízo de R$ 8,1 milhões aos cofres públicos, segundo a PF. Quando a operação foi deflagrada, a Justiça determinou o sequestro de bens móveis e imóveis dos investigados no mesmo valor.

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De acordo com a reportagem da piauí, agentes da PF encontraram uma planilha com informações sobre nomes, valores e datas, entre o material apreendido. Entre as anotações, havia o valor de R$ 100 mil ao lado do nome “Arthur”, sem detalhes. Em outro registro, há o valor de R$ 30 mil ao lado do nome “Arthur”. E também há o valor de R$ 3.652, ligado a um possível pagamento a um hotel de luxo, acompanhado pelo mesmo nome.

Procurada pelo InfoMoney, a assessoria de Arthur Lira divulgou uma nota informando que “toda movimentação financeira e pagamentos de despesas do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, seja realizada por ele e, às vezes, por sua assessoria, tem origem nos seus ganhos como agropecuarista e da remuneração como deputado federal”.

Atualmente, Luciano Cavalcante, que foi um dos alvos da PF na operação, está lotado na liderança do Progressistas, posto atualmente ocupado pelo deputado André Fufuca (MA). Cavalcante fora indicado para o cargo à época em que a liderança do partido era exercida por Lira. Antes disso, foi servidor comissionado no gabinete do então senador Benedito de Lira, pai de Arthur Lira.

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Na Operação Hefesto foram cumpridos, entre outras ações, mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Cavalcante em Maceió. Os agentes da PF estiveram em Maceió (AL), Brasília (DF), Gravatá (PE), São Carlos (SP) e Goiânia (GO). Duas pessoas, que não tiveram a identidade divulgada, foram presas. Em junho, imagens de divulgação da operação chamaram atenção da opinião pública ao mostrar um cofre abarrotado de dinheiro, encontrado em um dos endereços.