“Tendência é vetar” volta de imposto sobre compras até US$ 50, diz Lula

"Como você vai proibir as pessoas pobres, meninas e moças que querem comprar uma bugiganga, um negócio de cabelo?”, questionou Lula, ao ser abordado por repórteres sobre o tema

Fábio Matos

Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente da República (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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Embora tenha aberto margem para negociação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (23), que “a tendência” é a de que ele vete a possível retomada de um imposto federal sobre importações para compras de até US$ 50, caso a tributação seja aprovada pelo Congresso Nacional.

O fim da isenção para remessas internacionais nesse valor está incluído em um projeto debatido neste momento pela Câmara dos Deputados. Caso o texto seja aprovado pelos parlamentares, poderá ser vetado, na íntegra ou parcialmente, por Lula.

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“Eu só me pronuncio nos autos do processo”, brincou o presidente ao ser questionado por jornalistas sobre o tema. “A tendência é vetar, mas a tendência também pode ser negociar”, despistou o petista.

“Cada um tem uma visão a respeito do assunto. Veja, quem é que compra essas coisas? São mulheres, jovens, e tem muita bugiganga. Nem sei se essas bugigangas competem com as coisas brasileiras, nem sei”, prosseguiu Lula. “Como você vai proibir as pessoas pobres, meninas e moças que querem comprar uma bugiganga, um negócio de cabelo?”, questionou o presidente.

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Lula afirmou, ainda, que não tem nenhum encontro agendado com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para tratar do projeto, mas disse que está disponível caso o parlamentar tenha interesse de conversar sobre o assunto.

Em princípio, o projeto que trata do imposto sobre compras internacionais de até US$ 50 seria votado na quarta-feira (22), mas houve um adiamento a pedido do governo. O Executivo solicitou que o texto não fosse incluído no projeto de lei que institui o Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover).

A isenção às compras internacionais vem causando descontentamento em setores do varejo brasileiro, que alegam desequilíbrio na concorrência com empresas como Shopee, Shein e AliExpress.

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“Quando discuti [o tema], eu falei com o [Geraldo] Alckmin [vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços]: sua mulher compra, minha mulher compra, sua filha compra, a filha do Lira compra, todo mundo compra”, disse Lula.

“Então, precisamos tentar ver um jeito de não tentar ajudar um prejudicando outro, mas tentar fazer uma coisa uniforme. Estamos dispostos a conversar e a encontrar uma saída”, completou o presidente.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”