A estratégia da oposição para fazer Michel Temer “sangrar” nesta quarta-feira

"O parlamentar que realmente quer investigar Michel Temer, quer que ele seja investigado por Michel Temer, não marca presença [na sessão plenária]", explica o líder da oposição, deputado Sílvio Costa

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Já é sabido no meio político (e até fora dele) que o presidente Michel Temer conta com o apoio de 171 deputados para evitar que a Câmara autorize a abertura de processo penal contra ele e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) no Supremo Tribunal Federal. A peça foi a última “flechada” lançada pelo então procurador-geral Rodrigo Janot antes de deixar o cargo e é alvo de debate em plenário nesta quarta-feira [acompanhe ao vivo por aqui].

Nem todos os parlamentares podem estar dispostos a registrar presença em plenário e manifestar voto em defesa do governo. Contudo, ausências e abstenções, na prática, funcionam como apoio aos peemedebistas, uma vez que dificultam a oposição a chegar aos 342 votos que precisaria para dar sequência ao processo. Sendo assim, a própria oposição reconhece que não terá apoio de 2/3 da casa nesta quarta-feira.

Se não há grandes riscos de ser derrotado, o principal desafio para o governo consiste em, de fato, evitar que haja atrasos e que a votação seja concluída ainda hoje. Para a oposição, a estratégia é trabalhar o máximo possível pelo adiamento do processo, a fim de causar maior constrangimento ao Planalto e atrapalhar na recondução da agenda legislativa do governo. Para tal, líderes adversários de Temer orientam suas bancadas a não registrarem presença no plenário.

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Com isso, será mais difícil que se chegue ao quórum mínimo para a votação, estabelecido pelo presidente da casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), em 342 parlamentares, conforme acordo. O impasse se dá porque o governo tem o apoio de 171 deputados, mas não de 342. Ou seja: precisará contar com a ajuda de quem não está disposto a votar em sua defesa para que a votação aconteça.

É nesse sentido que o vice-líder da minoria, deputado Sílvio Costa (Avante/PE), explica: “O parlamentar que realmente quer investigar Michel Temer, quer que ele seja investigado por Michel Temer, não marca presença [na sessão plenária]. Parlamentar que dá presença está jogando com Temer, está fazendo o ‘migué’, ou seja, enrolando a opinião pública. Porque todo parlamentar sabe que, se tiver 342 parlamentares no painel, Temer já ganhou. Então, a grande luta é não deixar ter 342 [presentes na sessão]“. O discurso ocorreu em entrevista à equipe da TV Câmara.

A fala funciona como uma crítica à posição de parlamentares da bancada ruralista ou tucanos, por exemplo. O deputado sustenta que, por trás de um discurso em consonância com a ala majoritária da opinião pública, crítica ao governo, existe um comportamento que beneficia Michel Temer e seus ministros. O próprio Planalto está jogando com essa regra, ao pedir que deputados compareçam ao plenário para votar, mesmo que contra o peemedebista.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.