Bernard Arnault, de empreiteiro a rei do luxo

Engenheiro de formação, o francês começou a carreira na empresa do pai, deu uma guinada nos negócios da família e hoje é presidente da LVMH, maior conglomerado de marcas de luxo do mundo.

Bernard Arnault
Crédito: Frederic Legrand – COMEO / Shutterstock.com
Nome completo:Bernard Jean Étienne Arnault
Local de nascimento:Roubaix, França
Formação:Engenharia civil
Ocupação:Presidente e CEO do grupo LVMH
Fortuna:US$ 181,6 bilhões*
*Fonte: Forbes/ Abril de 2021

Quem é Bernard Arnault?

Bernard Arnault é um empresário francês, presidente e diretor geral do grupo LVMH, maior conglomerado de produtos de luxo do mundo, fundado em 1987 a partir da fusão das empresas Moët Henessy e Louis Vuitton. A holding controla 75 marcas de alto padrão como Christian Dior, Givenchy, Dom Pérignon, Veuve Clicquot, Tag Heuer e Tiffany & Co. Arnault é o homem mais rico do mundo, segundo os rankings da Forbes e da Bloomberg de 2022.

Sua última grande cartada foi a aquisição da joalheria norte-americana Tiffany & Co. por US$ 15,8 bilhões em novembro de 2020, considerado o maior negócio da história indústria do luxo, um processo iniciado um ano antes que contou com desentendimentos públicos e processos, até que um acordo fosse fechado.

Arnault é visto como um visionário que revitalizou a alta costura francesa e devolveu prestígio a marcas tradicionais em parte com aquisições publicas, pacíficas, cortejando antigos controladores e aproveitando oportunidades; mas é visto também como extremamente competitivo, disposto a adotar estratégias agressivas, sem medo de confrontos e de críticas públicas, disputando até o fim as empresas que deseja controlar.

Já se envolveu em grandes batalhas pelo comando de companhias, o que lhe rendeu apelidos como “Lobo de Cashmere”, “Maquiavel das Finanças” e “Sun Tzu do Luxo”, segundo o New York Times (NYT). Numa coisa ele concorda: “Eu sou muito competitivo. Sempre quero ganhar”, disse o magnata numa entrevista à CNBC em 2018.

Bernard Arnault
(Crédito: Hadrian / Shutterstock)

Família

Bernard Jean Étienne Arnault nasceu na cidade de Roubaix, no Norte da França, em 05 de março de 1949, filho de Jean Arnault, engenheiro e empresário, e Marie-Josèphe Savinel. Ele tinha uma irmã mais nova, Dominique, que morreu em 2006. O pai era proprietário da empreiteira Ferret-Savinel, que herdara do sogro. A família teve grande influência em sua formação e carreira.

Quando Arnault tinha dez anos o avô morreu e ele foi morar com a avó, de quem gostava muito, para que não ficasse sozinha. “Ela me ajudou muito”, declarou à CNBC. Não que isso significasse um afastamento dos pais, pois a casa da avó ficava do outro lado da rua.

Duas fortes influências que teve da mãe foram as aulas de piano, instrumento que ele toca muito bem, e o gosto pela Maison Christian Dior, marca que viria a sacramentar sua entrada no mundo da moda.

Frequentou a escola em Roubaix e depois o Liceu Faidherbe, em Lille, cidade próxima. “Eu era indisciplinado na escola, embora não fosse mau aluno, mas gostava de me divertir”, afirmou o empresário à CNBC.

Desde cedo planejou trabalhar nos negócios da família e seguiu os passo do pai. Estudou na Escola Politécnica de Paris, onde se formou em engenharia, em 1971. Foi trabalhar na Ferret-Sauvinel. Em 1974, assumiu o cargo de diretor da área de construção, em 1977 tornou-se diretor geral e em 1978, presidente. “Nunca pensei em fazer outra coisa”, declarou à CNBC. “Meu pai era excepcional, sempre me deu a noção dos negócios”, acrescentou.

Neste período ele convenceu o pai a mudar a área de atuação da empresa de obras públicas para desenvolvimento imobiliário, e modificou o nome para Férinel. Em 1973, ele se casou com Anne Dewavrin, sua primeira mulher, com quem teve os dois primeiros filhos, Delphine e Antoine.

Em 1981, Arnault se mudou para os Estados Unidos na tentativa de expandir os negócios da família para aquele país. Lá ele teve contato com o modo norte-americano de fazer negócios, muito mais agressivo e impessoal do que na França.

Em 1984, o empresário retornou ao seu país natal e adquiriu uma parte do grupo Agache-Willot-Boussac, um conglomerado de empresas de varejo, moda e indústria que tinha em seu portfólio a marca Christian Dior e o supermercado Bon Marché. A companhia estava em crise financeira havia anos. O governo francês, então liderado pelo socialista François Mitterrand, tinha ido em socorro e detinha uma parte também.

Fachada de uma loja da Louis Vuitton
(Shutterstock)

Exterminador

O governo vendeu sua participação, Arnault assumiu o controle e mudou o nome da empresa para Financeira Agache. Nos anos seguintes, vendeu boa parte dos ativos do grupo e demitiu de 8 mil a 9 mil funcionários. Na época, foi bombardeado pela imprensa e pelo governo francês, e ganhou o apelido de “Exterminador do Futuro”.

Manteve, porém, a Dior, marca que se tornaria a pedra fundamental de seus negócios na indústria do luxo. “Eu percebi que [a Dior] tinha muito potencial e estava subvalorizada, então fui comprar”, declarou Arnault à CNBC. “Foi muito arriscado na época, porque [o negócio] era muito maior que a empresa de meu pai”, acrescentou.

Segundo reportagem do NYT da época, Arnault tornou-se um personagem importante no mundo dos negócios francês e ganhou ainda mais força ao financiar a criação da Maison do estilista Christian Lacroix.

“Ele [Arnault] percebeu o crescimento da riqueza no mundo”, disse o ex-presidente do banco Goldman Sachs, Lloyd Blankfein, em depoimento à CNBC. Para explorar este mercado, o empresário adotou como critérios oferecer os produtos mais “elitistas” do mundo em cada área e com a melhor qualidade.

Após a fusão da Louis Vuitton com a Moët Henessy, que resultou na criação do grupo LVMH, o então presidente da Louis Vuitton e número dois da holding, Henry Racamier, convidou Arnault a investir no empreendimento, em 1988, na esperança de conseguir um aliado numa disputa interna com o presidente da LVMH, Alain Chevalier, que antes havia comandado a Moët Henessy.

Puxando tapetes

Enquanto os comandantes dos dois braços do grupo se digladiavam por controle, Arnault – ora de um lado, ora de outro – foi comprando mais ações em parceria com a cervejaria irlandesa Guinness, que também participava do negócio na época, e acabou se tornando o maior acionista.

Depois de uma disputa pública que balançou o mundo francês dos negócios, em janeiro de 1989 o engenheiro assumiu de vez o comando do conglomerado, destronando os antigos líderes.

Vale ressaltar que Racamier era venerado no meio empresarial, pois em dez anos havia transformado a prestigiosa, porém pequena, Louis Vuitton num gigantesco negócio internacional. Da mesma forma, sob a gestão de Chevalier, a Moët Henessy havia mais que triplicado seu faturamento.

A fusão foi a solução encontrada para evitar que estas empresas familiares centenárias fossem alvo de uma aquisição hostil. Nesse sentido, a estratégia de Arnault chocou o mundo circunspecto das marcas tradicionais .

A partir de então, Arnault passou a incorporar uma série de marcas ao grupo, como Givenchy, Kenzo, Lowe, Céline, Berluti, Fred Joaillier, a rede de lojas duty free DFS e a Sephora.

Em 1995, ele contratou o estilista britânico John Galliano para substituir Hubert de Givenchy na Maison que leva seu nome. “Nos anos 1990, as pessoas diziam que não fazia sentido colocar tantas marcas juntas, mas foi um sucesso”, afirmou Arnault à CNBC.

Um ano depois, o empresário transferiu Galliano para a Dior e colocou o também britânico Alexander McQueen em seu lugar. Posteriormente, contratou os norte-americanos Mark Jacobs, como diretor criativo da Louis Vuitton, e Michael Kors, como estilista da Céline. Todos hoje são nomes consagrados no mundo da moda. McQueen morreu em 2010. Arnault foi chamado de o “Papa da moda” pelo jornal Women’s Wear Daily (WWD), especializado nesta indústria.

Em 1990, Arnault se separou de Anne Dewavrin e, em 1991, se casou com a canadense Hélène Mercier, uma pianista profissional. Dizem que o empresário atraiu a segunda mulher ao tocar obras de Chopin e de outros compositores clássicos no piano. O casal tem três filhos, Alexandre, Frédéric e Jean.

Dos cinco filhos de Arnault, quatro trabalham na LVMH. Jean, o mais novo, é a exceção. Delphine, a mais velha, é a possível sucessora do pai. “Me dizem que eu tenho filhos fantásticos. Todos têm interesse no negócio da família”, comentou o empresário.

Ao longo dos anos 1990, Arnault fez seu império crescer e ajudou a reavivar o interesse internacional em marcas francesas tradicionais. Ele continua a comprar marcas, não só da França, e se envolveu em outras batalhas públicas pelo controle de empresas. Nem sempre venceu, mas mesmo perdendo, ganhou dinheiro.

Batalhas

Entrou numa disputa com a sócia Guinness em 1997 frente à fusão da cervejaria irlandesa com a britânica Grand Metropolitan, que resultou na criação da Diageo, holding que reúne várias marcas de bebidas. Como acionista das duas empresas, Arnault se opôs inicialmente ao negócio e chegou a entrar na justiça para impedi-lo, mas acabou cedendo após receber uma oferta de US$ 891 milhões das outras partes.

Dois anos depois, Arnault mirou a Gucci, na época chefiada pelo executivo Domenico De Sole e que tinha como estrela o estilista norte-americano Tom Ford, responsáveis pela revitalização da marca. Assim como no caso da LVMH no final dos anos 1980, a empresa corria o risco de uma aquisição hostil. O empresário francês começou a comprar ações da companhia italiana sobe a justificativa de uma parceria amigável.

Seguiu-se, porém, uma batalha pelo controle da empresa que a revista norte-americana Vanity Fair chamou de “Gucci contra Golias”, na qual Arnault é retratado como um “tubarão entre golfinhos fofos e tagarelas”, líder de uma onda de empresários experientes e agressivos que avançam num meio repleto de antigas empresas familiares.

Na batalha pela Gucci, De Sole e Ford se aliaram a outro magnata francês, François Pinault, para conter o avanço de Arnault. Em 2001, os envolvidos chegaram a um acordo e o presidente da LVMH concordou em vender sua participação. Ficou sem a empresa italiana, mas teve um lucro de 760 milhões de euros, segundo o jornal britânico The Guardian.

Esta imagem de predador contrasta com a visão de quem conhece o homem pessoalmente, descrito como discreto e irônico, porém, direto. “Na vida ele é o contrário do que as pessoas pensam”, afirmou o estilista e amigo Karl Lagerfeld em depoimento à CNBC. O alemão, morto em 2019, era diretor criativo da Fendi, uma das marcas da LVMH.

Passado o embate, De Sole contou que Arnault foi um “adversário realmente duro” e qualificou a experiência de “brutal”, segundo o NYT, mas disse também que, posteriormente, teve uma reunião privada com o empresário francês e que ele foi “muito racional e amável”. Os dois mantêm contato até hoje, de acordo com o jornal norte-americano. De Sole é atualmente presidente da Tom Ford International.

Independentemente do resultado da disputa pela Gucci, Arnault continuou comprando empresas pela Europa, como a joalheria Bulgari, a Loro Piana, de moda, e outras.

A batalha pública seguinte foi pelo controle da Hermès, empresa francesa que fabrica uma ampla gama de produtos de luxo. A marca teve destaque no cenário político brasileiro no início dos anos 1990, pois, dizia-se na época, suas gravatas eram as preferidas do então presidente Fernando Collor.

Ao longo dos anos a LVMH foi comprando ações da Hermès até chegar a uma participação de 23,1% em 2013, o que gerou uma reação agressiva da administração da empresa, que acusou o conglomerado de querer tomar o controle por meio ações furtivas. “Se você quer seduzir uma bela mulher, você não começa estuprando-a por trás”, disse na época o então diretor geral da Marca, Patrick Thomas, em comentário grosseiro.

A questão foi parar na Justiça francesa, que deu razão Hermès e ordenou que a LVMH vendesse suas ações, o que foi feito até 2017. Os papéis foram vendidos no âmbito de uma restruturação do conglomerado e ajudaram a pagar em parte uma fatia de 25% da Dior que Arnault ainda não detinha. Os minoritários da Dior puderam optar por receber em dinheiro ou ações da Hermès. Segundo o NYT, no final a holding familiar Grupo Arnault teve um lucro de US$ 5 bilhões. O grupo ainda mantém uma participação de 2% na marca.

Merci Patron!

Antes, em 2012, Arnault havia se metido numa controvérsia sobre mudança de nacionalidade, algo que várias personalidades francesas fizeram – ou ameaçaram fazer – para fugir dos altos impostos na França e dos planos do então governo socialista de cobrar uma alíquota de 75% sobre rendimentos acima de 1 milhão de euros. O ator Gérard Depardieu foi a face mais notória deste movimento, ao estabelecer residência na vizinha Bélgica.

Arnault solicitou também cidadania belga, gerando comoção na opinião pública francesa. Ele alegou, porém, que o motivo não era fugir dos impostos e que manteria seu domicílio fiscal na França. De acordo com a Bloomberg, seu alegado objetivo era defender uma fundação que ele havia criado na Bélgica para “proteger os interesses financeiros e a fortuna de seus herdeiros”. O empresário acabou desistindo do pedido de nacionalidade em 2013 como “um gesto de meu apego à França e minha fé em seu futuro”.

A atitude, no entanto, despertou a ira da esquerda francesa. Em 2016, foi lançado o documentário irônico “Merci Patron!” (“Obrigado Patrão!”, em tradução livre), dirigido por François Ruffin. A produção conta a história de um casal francês de desempregados em busca de indenização de Arnault, com a ajuda do cineasta, após a LVMH ter mudado a fábrica onde trabalhavam para a Polônia.

O filme fez bastante sucesso na França e, embora diga que não ter assistido, Arnault reagiu. “Há muitos anos, 20 anos, nós somos alvo de críticas de grupos de extrema esquerda. Nós estamos acostumados a este tipo de crítica”, disse ele numa reunião de acionistas, segundo o Guardian. “A LVMH é a ilustração, a encarnação do pior produzido pela economia de mercado, de acordo com estes observadores de extrema esquerda”, afirmou, e ironizou: “Nós fizemos tudo errado. Em primeiro lugar, nós somos uma grande empresa no CAC 40 (índice das 40 maiores companhias listadas na Bolsa de Valores de Paris), nós temos resultados significativos e estamos tornando as coisas piores para nós mesmos ao contratar pessoas. Quando eu assumi a empresa, nós éramos 20 mil, hoje somos 120 mil”.

O filme leva o nome da música Merci Patron, de 1972, interpretada pelo grupo de músicos e humoristas franceses Les Charlots. A canção foi utilizada recentemente também por manifestantes em protestos contra reformas na legislação trabalhista francesa.

Mais compras

Enquanto isso, o magnata francês continuou comprando. Em 2016, foi a vez da marca alemã de malas Rimowa. Em 2018, a LVMH assumiu o controle da empresa de hotelaria de luxo Belmond, dona do Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. Ele é dono também dos jornais Le Parisien e Les Echos.

No ano passado, além da Tiffany, o empresário adquiriu participação majoritária na tradicional fábrica alemã de sandálias Birkenstock, fundada em 1774 e ainda administrada por descendentes do fundador Johann Adam Birkenstock. O negócio avaliado em 4 bilhões de euros transformou os irmãos Alex e Christian Birkenstock em bilionários.

Esta é uma característica de muitas das marcas compradas por Arnault, empresas centenárias que estão há gerações nas mãos das mesmas famílias.

Ele lembra que, apesar do tamanho, sua própria companhia é um negócio familiar. “Ser um negócio de família, principalmente no setor de luxo, é essencial para o sucesso”, afirmou o empresário à CNBC. Em sua avaliação, isso induz a estratégias de longo prazo e garante, por exemplo, que o desejo por uma marca será o mesmo daqui a dez anos.

Arnault conta que conheceu o fundador da Apple, Steve Jobs, morto em 2011, e que o norte-americano lhe confidenciou: “Não sei se em 50 anos meus iPhones ainda serão um sucesso, mas posso dizer que estou certo que todo mundo ainda vai beber sua [champanhe] Dom Pérignon”.

Isso influencia também, segundo ele, nas contratações. Arnault acredita que as pessoas que vão trabalhar em sua empresa não entram para um grupo anônimo, impessoal, mas para uma família. Os segmentos em que a companhia trabalha exigem criatividade e inovação, e qualidade na fabricação. Daí a necessidade de estilistas e designers de primeira, com liberdade para criar, e artesãos com habilidades que não se adquirem da noite para o dia.

O executivo diz que está sempre em busca de jovens talentos para serem treinados e retidos pelo negócio. “A qualidade é o principal fator para o sucesso, e isso é consequência dos artesãos extraordinários que trabalham aqui”, afirmou Arnault à CNBC.

Ele diz que está constantemente atrás de novas oportunidades e de olho em possíveis novas aquisições. “Se queremos comprar, avaliamos o que podemos oferecer a uma marca, no que ela pode ser melhorada, se combina com nossas outras marcas. Muitas vezes é uma concorrente, mas pode suprir um nicho onde não estamos muito presentes”, declarou.

Mais recentemente, em abril de 2021, a LVMH anunciou que vai aumentar sua participação na marca italiana de calçados Tod’s de 3,2% para 10%. Arnault ficou de comprar 6,8% das ações da empresa do próprio fundador e presidente, Diego Della Valle, que seguirá como acionista majoritário.

A Tod’s informou que a operação “consolida uma amizade de 20 anos entre as famílias Dell Valle e Arnault”. Já o industrial francês declarou que tem uma “forte ligação” com o grupo italiano “calcada em valores profissionais comuns”, segundo o jornal francês Le Figaro.

De acordo com a Forbes, Arnault costuma visitar 25 lojas aos sábados, suas e de concorrentes. “Eu me vejo como um embaixador da tradição e da cultura francesas. O que nós fazemos é emblemático. Está conectado com Versalhes, com Maria Antonieta”, declarou referindo-se ao palácio construído por Luís XIV e à rainha esposa de Luís XVI, ícones franceses.

Em 2021, Arnault decidiu entrar no mercado de “Spac’s”, sigla para Special Purpose Acquisition Company (Companhia de Aquisição de Propósito Específico, em tradução livre), um segmento que virou febre entre investidores nos últimos meses. São empresas que já nascem abrindo capital em bolsa para levantar dinheiro e comprar outras companhias. São apelidadas de “companhias de cheque em branco”, pois seus investidores não sabem previamente em qual negócio será feito o investimento.

No caso de Arnault, o objetivo é investir em empresas financeiras europeias, de acordo com o jornal britânico Financial Times.

“Em 30 anos a LVMH ainda estará à frente do setor de luxo. A empresa está apenas em seu começo, apesar de seu tamanho”, destacou Arnault à CNBC, deixado claro que sua fome por negócios segue adiante. “Ele está sempre pensando no futuro, não apenas nos títulos e marcas icônicas que já tem”, comentou no mesmo programa Anna Wintour, editora-chefe da versão norte-americana da revista Vogue.

Artes

Arnault é amante da música e das artes. Tem em sua coleção pessoal obras de artistas como Picasso, Andy Warhol, Jean-Michel Basquiat, Damien Hirst e Maurizio Cattelan. O bilionário vive na Rive Gauche, em Paris, com sua mulher.

Em 2014, ele inaugurou em Paris a Fundação Louis Vuitton, um espaço para exposições de arte contemporânea e espetáculos projetado pelo badalado arquiteto britânico Frank Gehry. Em 2007, o empresário recebeu a Légion d’Honneur, no grau de Grande Oficial, a maior condecoração da França.

O francês é fã de tênis e até já jogou partidas com o supercampeão suíço Roger Federer. Wintour comentou que, quando o amigo lhe contou esta história, foi a ocasião em que ela o viu mais feliz.

Como seria de se esperar, pelo tamanho da fortuna e pelas marcas badaladas que controla, Arnault vive em meio a personalidades de diferentes áreas, da moda, dos esportes, das artes e da política. Ele já saiu na foto com a princesa Diana, morta em 1997, Donald Trump, Nicolas Sarkozy, François Hollande, Emmanuel Macron, Vladmir Putin, Rihanna, Sean Penn, Charlize Theron e muitos outros.

Dos filhos de Arnault, Delphine é vice-presidente executiva da Louis Vuitton, Antoine está à frente da Berluti e da Loro Piana, Alexandre foi recentemente nomeado vice-presidente de Produtos e Comunicação da Tiffany e Frédéric comanda a relojoaria Tag Heuer.

O grupo de LVMH tem atualmente cerca de 150 mil funcionários e em 2020 registrou um faturamento de 44,7 bilhões de euros. A companhia aparece como a 27a maior do mundo em capitalização de mercado, segundo ranking da PricewaterhouseCoopers. A fortuna de Arnault é calculada em US$ 181,6 bilhões pela Forbes e em US$ 151 bilhões pela Bloomberg.

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