Usuários deixam Binance após exchange virar alvo de regulador nos EUA

Volume de negociação já estava em queda após fim de "taxa zero", mas foi impulsionada em meio à pressão regulatória

Equipe InfoMoney

(Bloomberg)

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Usuários da exchange de criptomoedas Binance correram para sacar recursos da plataforma logo após saberem que a empresa havia virado alvo do regulador de derivativos CFTC nos Estados Unidos, na segunda-feira (27).

Segundo dados da empresa de análise em blockchain Nansen, a exchange registrou pelo menos US$ 400 milhões em resgates líquidos em um dia. O valor se refere apenas aos tokens que rodam na rede Ethereum, como o próprio ETH.

Traders considerados pela Nansen como “smart money” (dinheiro inteligente, em tradução livre) teriam sacado R$ 9 milhões em 24 horas, afirma a casa.

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Os valores se somam a saques líquidos que já atingiam a ordem de US$ 2 bilhões em uma semana, diante das incertezas que já pairavam sobre a exchange principalmente depois que autoridades pressionaram, no mês passado, pela interrupção da emissão da criptomoeda Binance USD (BUSD), emitida pela Paxos com a marca da corretora – ontem, a emissora retirou de circulação mais de US$ 155 milhões em BUSD, indicando que investidores continuam a se livrar da stablecoin (token que rastreia o dólar).

“No momento, o que me pergunto é se haverá outras acusações criminais contra eles”, disse Omid Malekan, professor adjunto da Columbia Business School, à Bloomberg. “Em última análise, todos esperavam alguma repressão contra a Binance por parte do governo dos EUA.”

A saída de usuários também foi identificada pela casa de research Kaiko, que aponta uma queda de market share da exchange. Apesar de continuar sendo a maior do mundo, o volume de negociações à vista da Binance recuou de 65% para 58,8%. O movimento, no entanto, também vem após a corretora encerrar uma promoção de taxa zero para trades na plataforma.

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“Não se pode ignorar a importância dos pares de negociação com taxa zero da Binance”, disse Riyad Carey, analista de pesquisa da Kaiko. A casa estima que a participação da Binance em todas as negociações à vista disparou cerca de 20 pontos percentuais, para 70-80%, nos meses após o início da campanha. Levando em conta o setor de derivativos, o market share da exchange chegou a ultrapassar os 90%.

Desde que a Binance encerrou a promoção de taxa zero, os rivais Coinbase e OKX ganharam cerca de um ponto percentual de participação de mercado cada um, disse a Kaiko. No domingo (26), apontou a empresa de análise, ainda antes do processo da CFTC vir a público, a Binance atingiu seu menor volume de negociações em oito meses.

Ainda assim, a corretora segue com larga dianteira frente aos rivais. Considerando os volumes de negociações à vista e em derivativos, a Binance movimentou US$ 71 bilhões nas últimas 24 horas, contra US$ 52,3 bilhões de todas as outras 9 maiores corretoras somadas, segundo dados do CoinMarketCap. Em relação às segundas colocadas, a Binance chega a ter nove vezes mais volume que a Coinbase (à vista) e quatro vezes e meia do que a Bybit (derivativos).

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Ação na Justiça

O Bitcoin atingiu a mínima de 10 dias e as criptomoedas menores também caíram depois que a Binance foi processada na segunda-feira (27) pela agência reguladora americana Commodity Futures Trading Commission (CFTC) por supostamente quebrar as regras de negociação de derivativos.

No processo, protocolado junto a um tribunal de Chicago, nos EUA, a CFTC acusa a Binance de orientar clientes a driblar restrições para acessar serviços proibidos para residentes no país. O regulador também traz supostas mensagens internas da corretora em que um ex-diretor de compliance mostra saber que a plataforma foi usada por criminosos.

Em nota, a Binance afirmou que a ação ingressada pela CFTC é “inesperada e decepcionante”, pois teria um histórico de mais de dois anos de colaboração com a agência. A corretora, no entanto, não confrontou acusações feitas pelo regulador.

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No comunicado, a Binance diz que pretende continuar a colaborar com reguladores. “O caminho a seguir é proteger nossos usuários e colaborar com os reguladores para desenvolver um regime regulatório claro e criterioso”.

A CFTC é um dos vários órgãos dos EUA que investigam as atividades da Binance. O Internal Revenue Service (IRS, órgão americano equivalente à Receita Federal), assim como promotores federais, têm examinado se a Binance segue obrigações de combate à lavagem de dinheiro, informou a Bloomberg no passado. Já a Comissão de Valores Mobiliários do país (a SEC) investiga se a bolsa facilita a negociação de valores mobiliários não registrados.

(Com informações da Bloomberg)