Três fundos da CTM Investimentos são fechados para resgate e afetam mais de 2,5 mil cotistas

Banco Daycoval informou que produtos possuíam uma parcela do patrimônio alocada em ações com "baixo volume de negociação e liquidez"

Bruna Furlani

(Getty Images)

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Os saques realizados em alguns fundos da CTM Investimentos, gestora com mais de R$ 525,7 milhões sob gestão, e o tipo de estratégia adotada por alguns portfólios fizeram com que o administrador optasse por fechar três carteiras para resgates. Ao todo, 2.668 cotistas devem ser afetados.

Em fato relevante publicado no último domingo (23), o Banco Daycoval, administrador dos três fundos, informou que dois fundos de ações e um fundo multimercado possuíam uma parcela do patrimônio alocada em ações com “baixo volume de negociação e liquidez”.

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O comunicado faz referência a dois fundos de ações – o Ultra Performance CTM FIA BDR Nível I e o CTM Estratégia FIA BDR Nível I – além do multimercado CTM Hedge FIM Longo Prazo.

No documento, o administrador também informou que o fechamento para resgates ocorre em função do monitoramento de liquidez da carteira, que tem se “concentrado cada vez mais em ações de baixa liquidez”, além dos “constantes pedidos de resgates”.

De acordo com a carteira mais recente disponível no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a maior posição do CTM Estratégia, por exemplo, era em Energisa Mato Grosso (ENMT3), correspondente a cerca de 39,7% do portfólio, contando a alocação em ações ordinárias e preferenciais da empresa. Os dados são referentes a março.

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Outras ações como Bemobi (BMOB3), Mobly (MBLY3), JSL (JSLG3), Prio (PRIO3), Monteiro Aranha (MOAR3) e Trevisa Investimentos (LUXM4) também estavam no portfólio, com participações entre 1,2% e 20% do patrimônio líquido do fundo em março, segundo a CVM.

A participação da casa em alguns papéis, no entanto, sofreu alterações recentemente. Na última sexta-feira (21), a CTM Investimentos informou que aumentou a participação na Mobly para 20,56%, totalizando R$ 21,8 milhões. No início de julho, a gestora já havia reportado uma participação de 19,91% na companhia.

O dia seguinte ao anúncio não foi muito positivo para as ações da Mobly. Perto do fim do pregão desta segunda-feira (24), os papéis recuavam 23,76%, a R$ 3,69. O mês de julho tem sido difícil para as ações da companhia, que caem 18,54%. Já no ano, o desempenho é positivo e os ganhos chegam a 23,00%.

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O InfoMoney entrou em contato com a CTM Investimentos, mas não obteve até a publicação da reportagem.

Resgates

Dados levantados pelo Trademap a pedido do InfoMoney mostram que o fundo mais afetado por resgates foi o CTM Hedge, com saídas líquidas de R$ 27,8 milhões entre o início de janeiro e 19 de julho deste ano. Já o CTM Estratégia teve resgates líquidos de R$ 1,4 milhão e o Ultra Performance, de R$ 3,2 milhões.

Também houve impacto no número de cotistas do CTM Hedge, que passou de 1.547 em dezembro de 2022 para 1.135, no dia 19 de julho.

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Nos primeiros seis meses do ano, o fundo avançou 0,70%, bem abaixo dos 6,50% do CDI (taxa de referência da classe) no período.

A situação do produto não é isolada. O retorno médio dos multimercados de gestão ativa no Brasil, medido pelo Índice de Hedge Funds Anbima (IHFA), ficou em 3,76% ao longo dos seis primeiros meses deste ano.

Já o CTM Estratégia e o Ultra Performance registraram perdas de 3,13% e de 8,54%, respectivamente. Ambos os percentuais são inferiores ao desempenho do Ibovespa ao longo do período, que subiu 7,61%.

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Devido ao fechamento para resgates, a administradora deve convocar uma assembleia extraordinária em até cinco dias. A gestora também informou que irá enviar um comunicado aos cotistas informando as razões para tomar essa decisão.

Relatórios com o parecer do auditor dos três fundos disponíveis no site da CVM, que datam de dezembro de 2022, não demonstraram nenhum problema anterior.

No documento, a empresa de auditoria Deloitte informou que as demonstrações contábeis apresentavam “adequadamente”, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira do Fundo em 31 de dezembro de 2022 e o desempenho de suas operações para o período de 20 de maio de 2022 a 31 de dezembro de 2022.

Também não havia nenhuma menção a problemas de liquidez nos ativos investidos pelos fundos.