Tiago Reis, da Suno: empresas de commodities “puxam dividendos para cima”; distribuição neste ano pode superar 2021

Empresas como Vale e Petrobras estão entre os principais destaques, segundo Reis, que participou de painel sobre dividendos do evento Onde Investir 2022

Alexandre Rocha

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As companhias brasileiras de capital aberto distribuíram um volume recorde de proventos em 2021. Tal desempenho pode se repetir em 2022 e talvez seja até mais robusto, apesar das perspectivas para a economia brasileira não serem nada promissoras.

“As grandes empresas tendem a pagar dividendos muito bons. Talvez até melhores do que os do ano anterior”, disse Tiago Reis, fundador da Suno Research, nesta quarta-feira (19). Ele participou do painel As novidades para quem quer ganhar com dividendos, parte da programação do evento Onde Investir 2022, promovido pelo InfoMoney em parceria com a XP Investimentos. Confira aqui a programação completa.

Reis ressalta que a tendência vale para grandes companhias porque o pagamento de dividendos volumosos está concentrado em determinadas empresas e setores. Ou seja, não vale para a Bolsa brasileira como um todo. Entre os segmentos que “puxam para cima a distribuição”, ele destaca o de commodities e os bancos.

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Para o analista, Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3, PETR4) devem pagar dividendos semelhantes aos de 2021 – a primeira um pouco menos, e a última um pouco mais. A mineradora distribuiu R$ 73 bilhões em proventos até setembro de 2021, o maior valor já pago por uma empresa aberta em um único ano. Já a petrolífera prevê distribuir de US$ 60 bilhões a US$ 70 bilhões de 2022 a 2026.

“Este ano deve ser muito interessante para as empresas de commodities”, comentou Henrique Esteter, especialista de Mercados do InfoMoney, que também participou do painel. “O que pode resultar em pagamentos [de dividendos] até maiores do que em 2021”, acrescentou.

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Reis explica que os preços das commodities em geral estão elevados, fator essencial para que estas companhias distribuam proventos. A cotação do petróleo Brent, negociado em Londres, está acima de US$ 88, maior valor em sete anos. O banco norte-americano Goldman Sachs avalia que o barril deve ultrapassar a barreira dos US$ 100 ainda este ano.

O preço da tonelada do minério de ferro está menor do que no ano passado, mas o patamar atual já garante uma boa margem para uma empresa como a Vale. A valorização do dólar é outro fator que beneficia estas companhias, pois petróleo e minério são cotados na moeda norte-americana. Companhias de commodities são grande exportadoras e, nesse quesito, mais uma vez são auxiliadas pelo câmbio.

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Além disso, segundo Reis, o balanço delas “nunca foi tão bom”. Para ele, a partir de 2020 as empresas de commodities ganharam “superpoderes”. “Elas geraram caixa como nunca e usaram este caixa para botar a casa em ordem, pagar dívidas e eventuais outros passivos; e [começaram] vida nova. Todos os problemas fiaram para trás”, declarou. Essa dinâmica abriu espaço para o pagamento de mais dividendos.

Reis ressaltou ainda que Petrobras e Vale não repetiram os “maus negócios” que fizeram em outros ciclos de alta das commodities, como aquisições e empreendimentos que se revelaram desastrosos. Elas passaram a atuar com maior “inteligência na alocação de capital”.

O analista da Suno destaca que a petroquímica Braskem (BRKM5) também deve pagar bons proventos em 2022. “O dividend yield dela nos últimos 12 meses está por volta de 15% a 16%, e eu acho que ela tem tudo para repeti-lo este ano”, afirmou. Dividend yield é a taxa de retorno com a distribuição de dividendos. “Tem muita coisa [empresas] pagando acima de 10% ou 15%, faz tempo que eu não via tanta coisa nesse nível”.

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Esteter citou ainda a Gerdau (GGBR4), que assim como a Vale esteve entre as melhores pagadoras de dividendos de 2021. Ele avalia que a empresa deve distribuir bons proventos também em 2022. Um aumento na demanda internacional por aço pode contribuir nesse sentido.

Ainda na área de commodities, mas no ramo de alimentos, os frigoríficos JBS (JBSS3), Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3) surpreenderam em 2021 e ficaram entre os maiores pagadores de proventos da Bolsa. De acordo com Reis, o dólar forte e a exposição externa foram bastante benéficas para as empresas. Além de exportar muito, as três têm fábricas no exterior.

Ele acredita que, se o dólar continuar valorizado, a tendência é de pagamento de dividendos pelos frigoríficos também em 2022. “Devem continuar fortes”, concordou Esteter.

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Alexandre Rocha

Jornalista colaborador do InfoMoney