Tesouro Direto: taxas recuam com risco de recessão global, mas prefixados ainda pagam acima de 13% ao ano

Ganho real dos papéis atrelados à inflação chega a 6,29%

Bruna Furlani Katherine Rivas

Notas de Real (Marcelo Casal Jr / Agencia Brasil)

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As taxas dos títulos públicos recuam na tarde desta quarta-feira (13), em um movimento de acomodação, em dia de forte volatilidade. Nos prefixados, a queda nas taxas chega até 15 pontos-base, já nos títulos atrelados à inflação a baixa é de até 4 pontos-base.

Flavio Serrano, economista-chefe da Greenbay Investimentos, explica que o movimento de queda, principalmente nas taxas mais longas, acompanha os juros americanos de dez anos, que também recuaram refletindo um risco de recessão econômica.

Em dia de forte volatilidade, as taxas oscilaram por diversos fatores, segundo Serrano. De manhã, abriram em queda por conta dos dados do varejo de maio, que vieram bem abaixo do esperado pelo mercado. O volume de vendas do comércio varejista teve variação positiva de 0,1% em maio de 2022 na comparação com abril, enquanto o mercado esperava uma alta de 1%.

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Depois, algumas taxas avançaram com dados do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que apresentou números bastante elevados, subindo 1,3% em junho na comparação mensal (valor acima do esperado), e 9,1%, na base anual. O motivo foi o risco do Federal Reserve, banco central americano, ter que elevar as taxas de juros no curto prazo para desinflacionar a economia americana.

No período da tarde, as taxas recuaram – conforme visto às 15h23. Pesou o medo da recessão, que segundo economistas consultados pelo InfoMoney pode ocorrer entre 2023 e 2024.

Atenção ainda para o Livro Bege do Federal Reserve, divulgado no período da tarde, que trouxe sinais crescentes de desaceleração na demanda em alguns distritos. Segundo documento, a atividade econômica expandiu-se em ritmo modesto, no geral, desde meados de maio.

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No radar do mercado, Serrano destaca ainda a divulgação de dados do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) na quinta-feira (14), referente ao mês de maio. “Um dado mais forte do que esperado pode pressionar as taxas, com movimento de alta, enquanto um dado mais fraco deve aliviar as taxas”, destaca.

Dentro do Tesouro Direto, a maior queda era nos títulos prefixados de médio e longo prazo.

O Tesouro Prefixado 2029 e o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, ofereciam às 15h23 um retorno anual de 13,11% e 13,20%, respectivamente, abaixo dos 13,26% e 13,35% vistos na terça-feira (12).

Já o Tesouro Prefixado 2025 apresentava uma rentabilidade anual de 13,10%, inferior aos 13,17% registrados na sessão anterior.

Nos títulos atrelados à inflação, o movimento também era de queda nas taxas de entre 2 e 4 pontos-base. A maior baixa era na taxa do Tesouro IPCA+ 2032, com juros semestrais. O título público oferecia um ganho real de 6,09%, abaixo dos 6,13% vistos ontem.

Apenas a taxa do Tesouro IPCA+ 2026 operava com estabilidade.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta quarta-feira (13): 

Fonte: Tesouro Direto

Livro Bege

“Vários” dos 12 distritos em que o Federal Reserve (Fed) está presente relataram desaceleração da demanda desde meados de maio, com atividade econômica apenas modesta no período, segundo relata o Livro Bege, sumário de opiniões que embasam as decisões monetárias do Fed, divulgado nesta quarta-feira (13). O documento afirma que empresários em cinco distritos citaram preocupações com o “risco crescente” de que a economia americana entre em recessão.

É esperado, inclusive, que a demanda nos 12 distritos do Fed enfraqueça mais nos próximos seis a 12 meses, e por isso as perspectivas para a atividade, em geral, permaneceram negativas. O Livro Bege relata que os empresários viram os gastos de consumidores moderarem por conta do aumentos nos preços de itens essenciais, como alimentos e combustível.

Entre setores, a atividade industrial teve desempenho “misto”, ainda prejudicado pela escassez de mão de obra disponível e gargalos na cadeia de suprimentos. Mais especificamente, a produção energética sofreu com esses dois fatores, embora a demanda tenha sido “robusta”, destaca. Já novas vendas de carros seguiram fracas por conta dos baixos estoques.

A demanda por moradias enfraqueceu “notavelmente”, o que aumentou os estoques do setor e moderou a alta nos preços. No setor financeiro, a demanda por empréstimos foi “mista” na maioria dos distritos, com queda entre clientes residenciais, por conta de juros de hipotecas mais altos, completa o Livro Bege. (Estadão Conteúdo)

CPI nos EUA

O índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos (CPI, na sigla em inglês) subiu 1,3% em junho na comparação com maio, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (13) pelo Departamento do Trabalho americano. Na comparação com junho de 2021, a alta foi de 9,1%.

Já o núcleo de inflação, que exclui alimentos e energia (cujos preços são mais voláteis), subiu 0,7% na comparação mensal e 5,9% na anual.

A estimativa era de uma alta de 1,1% na comparação mensal para a inflação e de 0,6% para o núcleo, segundo o consenso Refinitiv. Na base anual, a projeção era de 8,8% para o índice “cheio” e 5,7% para o núcleo.

Os investidores aguardavam os dados de inflação para avaliar como eles reforçavam as argumentações a favor de outro forte aumento dos juros no país neste mês, em meio às expectativas crescentes de um novo aumento das taxas pelo Federal Reserve em 0,75 ponto percentual.

Os preços ao consumidor estão subindo em meio a problemas nas cadeias de fornecimento globais e estímulos fiscais maciços do governo adotados no início da pandemia da Covid-19.

A guerra em curso na Ucrânia, que causou um pico nos preços globais de alimentos e combustíveis, agravou a situação.

Para Fernando Fenólio, economista-chefe da WHG, os dados reforçam a ideia de que a inflação de serviços está cada vez mais disseminada e que o Federal Reserve (Fed), banco central americano, terá um trabalho duro pela frente para desinflacionar a economia americana.

“O Fed vai ter que continuar subindo a taxa de juros de maneira forte em 75 pontos [0,75 ponto percentual] na próxima reunião e talvez não vai ter espaço para desacelerar esse ritmo tão cedo”, destacou o economista.

Na prática, afirma Fenólio, os números indicam que o dólar deve se manter elevado e sugerem que há uma chance maior de recessão nos Estados Unidos entre 2023 e 2024.

Veja também:

Inflação nos EUA está disseminada e Fed vai precisar subir juros mais rápido, dizem analistas

Vendas no varejo

Após a apresentação dos dados de serviços na véspera (12), investidores repercutem nesta quarta-feira os números do varejo. O avanço mensal de 0,1% representa a quinta taxa consecutiva do setor no campo positivo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No ano, o varejo acumula crescimento de 1,8% e nos últimos 12 meses, queda de 0,4%. Na base anual, o recuo foi de 0,2%.

Os números vieram bem abaixo do esperado. Projeções de mercado compiladas pelo consenso Refinitiv projetavam alta de 1% na comparação mensal e de 2,6% na base anual.

“Este resultado mostra um cenário de estabilidade na passagem de abril para maio. Mas, apesar de vir de quatro resultados positivos, as taxas foram decrescentes. Observamos uma retomada no comércio varejista, mas que vem de uma base baixa, dezembro, e sempre fazendo um acúmulo menos intenso ao longo desses meses”, ressalta o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

PEC dos Auxílios, piso para enfermagem e TCU

Na seara política, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou, ontem (12), em primeiro turno, o texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Auxílios, que cria programas sociais e amplia benefícios já existentes. Foram 393 votos favoráveis e 14 contrários à matéria.

Os parlamentares ainda precisam analisar os destaques apresentados pelas bancadas, com sugestões de mudança no texto. Depois, ainda é necessário votar a matéria em segundo turno.

A sessão foi marcada por falhas no sistema que permite a participação remota de parlamentares. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), suspendeu a sessão no plenário e alegou problemas técnicos na internet da Casa.

Também na cena política, a Câmara dos Deputados aprovou na véspera, em primeiro turno, a PEC que estabelece o piso salarial nacional de enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiras. A proposta ainda deve ser votada em segundo turno pelos deputados.

A matéria foi proposta após senadores e deputados aprovarem o PL 2.564/2020, de autoria do senador Fabiano Contarato (PT-ES), que prevê piso mínimo inicial para enfermeiros no valor de R$ 4.750.

Também na cena política, o Tribunal de Contas da União (TCU) foi acionado para que realize uma auditoria nos pagamentos e cargos públicos ocupados por milhares de militares da ativa. A representação, que foi protocolada na Corte de contas pelo deputado Elias Vaz (PSB-GO), e se baseia em reportagem publicada pelo Estadão, que revelou o conteúdo de um levantamento realizado pela Controladoria-Geral da União (CGU).

A representação pede que o TCU faça uma “auditoria detalhada na folha de pagamento das Forças Armadas em conjunto com demais sistemas de controle de pessoal nos anos de 2019, 2020, 2021 e 2022”.