Tesouro Direto: taxas operam mistas com Boletim Focus e de olho na pasta de Planejamento

Prefixados oferecem até 12,99% ao ano; ganho real dos papéis de inflação chega a 6,32%

Katherine Rivas

(Getty Images)

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Dando continuidade ao movimento visto no começo do dia, as taxas dos títulos públicos operam mistas na tarde desta segunda-feira (26). Nos prefixados, as taxas de curto e médio prazo sobem até 13 pontos-base, já nos papéis atrelados à inflação apenas as taxas curtas avançam.  Taxas longas apresentam queda de até 4 pontos-base.

Segundo Igor Cavaca, gestor da Warren Asset Management, o dia na curva de juros é marcado pela baixa liquidez do mercado, com a maior parte das bolsas internacionais fechadas – nos Estados Unidos, Alemanha, Portugal, Espanha e Reino Unido- por conta do feriado de Natal.

Ele destaca que o dia começou com uma leve pressão de altas nas taxas prefixadas. Segundo Cavaca, o movimento foi uma correção diante da forte tendência de quedas observada na última semana, decorrente da redução do prêmio de risco em face de um programa fiscal menor do que o que vinha sendo precificado na aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Transição.

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No período da tarde, Cavaca enxerga que o movimento está relacionado à transição para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (Lula) e novas decisões políticas que o mercado espera sejam implementadas a partir da próxima semana. “A decisão em torno do Ministério do Planejamento também é aguardada pelo mercado, especialmente pela interação da pasta com o Ministério da Fazenda e discussões relacionadas ao fiscal”, aponta.

Ainda na cena local, destaque para os dados do Boletim Focus, publicado na manhã desta segunda-feira (26), que traz expectativas mais altas para a Selic e Inflação em 2023.

A projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu de 5,17% para 5,23% em 2023 e de 3,50% para 3,60% em 2024. Enquanto as mais de 100 instituições financeiras consultadas elevaram a expectativa para a taxa de juros (Selic) de 11,75% para 12% em 2023. Para 2024, a taxa foi mantida em 9%.

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No exterior, o gestor da Warren Asset Management destaca uma redução da persistência inflacionária no mercado internacional, principalmente nos Estados Unidos, que ajudou na busca de um patamar mais baixo de juros para os próximos anos.

Dentro do Tesouro Direto, a maior alta era do título prefixado de curto prazo. O Tesouro Prefixado 2025 oferecia às 15h29 um retorno anual de 12,94%, superior aos 12,81% registrados na sexta-feira (23).

Já o Tesouro Prefixado 2029 apresentava uma rentabilidade anual de 12,99%, acima dos 12,96% vistos na semana passada. Na contramão, a taxa do Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, recuava. O título apresentava um retorno anual de 12,88% às 15h29, diante dos 12,90% vistos na sessão anterior.

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Nos títulos atrelados à inflação, a maioria das taxas recuava entre 2 e 4 pontos-base. Apenas a taxa do Tesouro IPCA+ 2026 avançava. O título público oferecia um ganho real de 6,26%, superior aos 6,24% da sexta-feira (23).

O maior ganho real registrado nesta sessão era do Tesouro IPCA+ 2045, de 6,32%.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta segunda-feira (26):

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Fonte: Tesouro Direto

Boletim Focus

Analistas do mercado financeiro voltaram a reduzir a expectativa para a inflação deste ano, mas elevaram a de 2023 e de 2024, segundo estimativas divulgadas nesta segunda-feira (26) pelo Relatório Focus, do Banco Central.

As mais de 100 instituições financeiras consultadas semanalmente pelo BC mantiveram a projeção de Produto Interno Bruto (PIB) de 2023 e reduziram ligeiramente para este ano. Para a taxa de juros, o mercado elevou a perspectiva da Selic para o fim de 2023 e manteve a de 2024.

Inflação: A projeção para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) caiu de 5,76% para 5,64% em 2022 e subiu de 5,17% para 5,23% em 2023 e de 3,50% para 3,60% em 2024.

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PIB: O mercado reduziu a previsão de crescimento da economia brasileira de 3,05% para 3,04% neste ano e manteve a de 2023 em 0,79%.

Selic: A expectativa para a taxa de juros subiu de 11,75% para 12% em 2023 e manteve em 9,00% para 2024.

Câmbio: A estimativa para o dólar se manteve em R$ 5,25 neste ano, mas registrou leve alta em 2023, de R$ 5,26 para R$ 5,27.

Investimento no Tesouro Direto cresce 1,7% em novembro

O estoque de títulos públicos nas mãos de investidores alcançou a marca de R$ 102,98 bilhões em novembro, de acordo com o balanço mensal do Tesouro Direto, divulgado nesta segunda-feira (26). O número é 1,7% superior ao registrado em outubro.

Os títulos remunerados por índices de preços se mantêm como os mais representativos do programa, somando R$ 53,10 bilhões, ou 51,60% do total.

Na sequência, vêm os títulos indexados à taxa Selic, totalizando R$ 33,92 bilhões (32,9%), e os títulos prefixados, que somaram R$ 15,97 bilhões, com 15,5% do total.

Quanto ao perfil de vencimento dos títulos em estoque, a parcela com vencimento em até um ano fechou o mês em R$ 5,94 bilhões, ou 5,8% do total. A parcela do estoque vincendo de 1 a 5 anos foi de R$ 67,65 bilhões (65,7%) e o percentual acima de 5 anos somou R$ 29,40 bilhões (28,5%).

Em novembro de 2022, o total de investidores ativos no Tesouro Direto – isto é, aqueles que atualmente estão com saldo em aplicações no programa – atingiu a marca de 2.109.570 pessoas, um aumento de 7.257 investidores no mês.

Já o número de investidores cadastrados no programa aumentou em 448.136, crescimento de 43,0% em relação a novembro de 2021, atingindo a marca de 22.048.922 pessoas.

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Investimento no Tesouro Direto cresce 1,7% em novembro e alcança quase R$ 103 bilhões

Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.