Tesouro Direto: taxas dos títulos públicos têm queda na tarde desta sexta-feira

Investidores acompanham as possíveis mudanças na tributação de investimentos, além da divulgação do IPCA-15 e dados de inflação nos Estados Unidos

Bruna Furlani

(Rmcarvalho/Getty Images)

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SÃO PAULO – As taxas oferecidas pela maioria dos títulos públicos caíram um pouco mais na tarde desta sexta-feira (25), em relação aos prêmios pagos no início das negociações de hoje feitas no Tesouro Direto. No radar dos investidores está a notícia de que a tributação para quem investe pode mudar. Isso porque hoje, o governo federal encaminhou projeto de lei modificando a cobrança do Imposto de Renda para pessoas físicas, empresas e investimentos.

Na atualização da tarde do Tesouro Direto, entre os papéis prefixados, o título com vencimento em 2026 oferecia rentabilidade de 8,49%, contra 8,55% na sessão anterior de quinta-feira.

Da mesma forma, boa parte dos títulos atrelados à inflação recuavam nas negociações, após o almoço. Os papéis do Tesouro IPCA com vencimentos em 2035 e 2045 pagavam retorno real de 4,11%, contra 4,17% na sessão anterior.

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Os títulos com vencimento em 2055 e juros semestrais, por sua vez, também caíram um pouco mais à tarde na comparação com os valores da manhã, mas mantiveram a rentabilidade real de 4,35%, que era paga na sessão de ontem.

As notícias sobre o detalhamento da proposta de reforma tributária do governo também impactaram na Bolsa. Por volta das 16h10, o Ibovespa caía 2,14% e era negociado abaixo dos 127 mil pontos. O dólar comercial, por sua vez, apresentava alta de 1,06%, cotado a R$ 4,96.

Confira os preços e as taxas atualizadas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto nesta sexta-feira (25):

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Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Tributação e inflação

No noticiário econômico, as atenções estão voltadas ao projeto de lei encaminhado hoje pelo governo, que marca o início da tramitação de aspectos infraconstitucionais da reforma tributária defendida pelo Poder Executivo.

No caso dos títulos do Tesouro Direto e de outros ativos de renda fixa, o projeto prevê uma alíquota única de 15% para ganhos, o que acaba com o atual escalonamento em que o imposto diminui à medida em aumenta a duração da aplicação.

Hoje, segundo a tabela regressiva do IR, a tributação da renda fixa é de 22,5% para aplicações de até 180 dias e a alíquota cai gradualmente e só chega a 15% para investimentos acima de 720 dias.

Há mudanças também sobre fundos, que também passariam a ser taxados com uma alíquota única de 15%. Além disso, para os fundos abertos, a proposta prevê o fim do sistema de “come-cotas” em maio. Já os fundos fechados (multimercados) exclusivos passarão a pagar a mesma tributação que os demais.

O texto também promove alterações sobre os dividendos ao dizer que a tributação de proventos distribuídos a pessoa física ficaria em 20%, com isenção para até 20 mil reais recebidos por mês.

O documento também atualizou a tabela do Imposto de Renda para pessoa física. Com isso, a faixa de isenção sofrerá uma correção de 31%, passando dos atuais R$ 1.903,98 para até R$ 2.500,00 mensais.

Além disso, o radar econômico trouxe pela manhã a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de junho. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a prévia da inflação oficial ficou em 0,83% no mês, o que mostra uma aceleração em relação a maio, quando a alta foi de 0,44%. Os números ficaram praticamente em linha com o esperado pelo mercado. A expectativa, segundo consenso Refinitiv, era de alta de 0,86% frente a maio de 2021.

De acordo com os dados divulgados hoje pelo IBGE, o avanço do IPCA-15 foi puxado especialmente pelas altas na gasolina e na energia elétrica. Sobre o aumento na eletricidade, o IBGE destacou que a aceleração ocorreu devido à mudança na bandeira tarifária de vermelha patamar 1 para 2. Por causa da crise hídrica, o governo teve que acionar termoelétricas, que possuem um custo maior para gerar energia.

No ano, o IPCA-15 acumula alta de 4,13% e, em 12 meses, de 8,13%, acima dos 7,27% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.

Decisão do CMN

Outra notícia acompanhada de perto pelo mercado foi a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de ontem e que fixou em 3,00% a meta para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos. A decisão deve ajudar a reforçar a ideia de uma subida mais intensa de juros pelo Banco Central.

O Conselho é composto pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o secretário Especial de Fazenda do Ministério da Economia, Bruno Funchal.

Em nota, o Ministério da Economia destacou que a meta de 3% para a inflação medida pelo IPCA em 2024 “reduz incertezas e aumenta a capacidade de planejamento das famílias, das empresas e do governo”. Os dirigentes do CMN também ressaltaram que a redução de 0,25 ponto na comparação com a meta de 2023 “é coerente com a elevada credibilidade da política monetária”.

Já as metas para 2021 (3,75%), 2022 (3,50%) e 2023 (3,25%) foram mantidas. Em relatório divulgado nesta sexta-feira (25) pela equipe de research da XP, analistas destacaram que será interessante ver se essas expectativas convergirão para a nova meta nas próximas semanas. “De qualquer forma, não vemos impacto sobre a política monetária de curto prazo decorrente dessa decisão, uma vez que o horizonte relevante está 18 meses à frente, segundo o Banco Central.”

Enquanto isso, no cenário político, a CPI da Covid teve hoje o depoimento do deputado federal Luis Claudio Fernandes Miranda (DEM-DF), e do servidor Luis Ricardo Fernandes Miranda, que denunciaram possíveis irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin pelo governo federal.

De olho no cenário internacional

Já no exterior, o destaque do dia recai sobre a divulgação de dados pelo Departamento de Comércio americano sobre o núcleo dos gastos com consumo pessoal, ou o PCE.

O núcleo do PCE (Índice de preços para gastos de consumo pessoal), que exclui componentes com maior volatilidade e cujas variações refletem choques transitórios, subiu 0,5% em maio frente a abril e 3,4% na comparação com maio de 2020. A expectativa, segundo consenso Refinitiv, era de que o núcleo do PCE tivesse alta de 0,6% na base mansal e avanço de 3,4% na comparação anual.

O PCE é o indicador de inflação que é acompanhado com atenção pelos dirigentes do Federal Reserve, o banco central americano. Os dados podem servir para embasar mudanças na política monetária americana.

Além disso, investidores monitoram novidades sobre o acordo bipartidário no Senado americano para renovar estradas, pontes e rodovias do país e ajudar a estimular a economia do país. “Temos um acordo”, disse Biden ontem à repórteres, após meses de negociações entre a Casa Branca e parlamentares.

A proposta original da Casa Branca foi reduzida, com US$ 579 bilhões em novos gastos – ainda acima do investimento esperado na esfera federal -, somando US$ 973 bilhões em cinco anos e com potencial para chegar a US$ 1,2 trilhão se continuar por oito anos.

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