Tesouro Direto: taxas dos títulos públicos caem nesta 2ª, apesar de tensão política e piora na cena externa

Investidores monitoram notícias envolvendo autoridades sobre o "Pandora Papers"; crescem também temores sobre estagflação global

Bruna Furlani

(Getty Images)

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SÃO PAULO – A sessão desta segunda-feira (4) é de maior aversão ao risco local, com as notícias de que o presidente do Banco Central e o ministro da Economia apareceram em investigações de paraísos fiscais. As informações foram reveladas no fim de semana por um consórcio internacional de imprensa em parceria com alguns veículos brasileiros.

Investidores também repercutem as revisões para cima nas projeções de inflação oficial para este ano, conforme mostrou o Relatório Focus, do Banco Central, divulgado hoje.

As preocupações com o avanço da inflação também tomam conta do mercado internacional e se juntam aos temores de desaceleração global, o que poderia levar a um cenário de estagflação. Destaque também para a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e para a necessidade de aprovação de novo teto para a dívida pública nos Estados Unidos.

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Nesse contexto, o mercado de títulos públicos opera em queda ou leve estabilidade nas taxas na tarde desta segunda-feira (4).

Entre os papéis atrelados à inflação, o juro real oferecido pelo Tesouro IPCA+ com vencimento em 2040 e pagamento de juros semestrais era de 4,94% ao ano, contra 4,96% ao ano na sessão de sexta-feira (1). Já o retorno real do Tesouro IPCA com vencimento em 2055 e pagamento de juros semestrais era 5,00% ao ano, em linha com os 5,01% ao ano vistos anteriormente.

A remuneração do título prefixado com vencimento em 2024 se mantinha em 10,16% ao ano, contra 10,15% na última sexta-feira (1). O juro pago pelo título prefixado com vencimento em 2031, por sua vez, também segue próximo da estabilidade em 11,05% – mesmo percentual visto na sessão anterior.

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Confira os preços e as taxas atualizadas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta segunda-feira (4): 

Taxa Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Focus

Na agenda econômica, o mercado elevou – pela 26ª semana consecutiva – as projeções para a inflação oficial este ano, que agora apontam para 8,51% no ano, contra 8,45% no levantamento anterior. Os dados são do Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, na manhã desta segunda-feira (4).

Já para o próximo ano, as estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também tiveram alta, de 4,12% para 4,14%.

Nesta semana, o mercado vai conhecer os dados de inflação “cheios” que serão divulgados pelo IBGE na sexta-feira (8), o que pode levar a novos reajustes nas projeções para a inflação e para a taxa de juros.

Mesmo diante de maiores pressões inflacionárias, os economistas optaram por manter as estimativas para a taxa Selic neste ano em 8,25% ao ano e em 8,50% para 2022.

O mercado também manteve a expectativa de alta de um ponto percentual da Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), para 7,25% ao ano.

Pandora Papers

Na frente política, um dos destaques do fim de semana foi a revelação de que os nomes de Paulo Guedes, ministro da Economia, e de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, apareceram em investigações sobre paraísos fiscais.

A investigação batizada de “Pandora Papers” foi feita pela revista piauí, Agência Pública e pelos sites Poder360 e Metrópoles. Os veículos tiveram acesso a 11,9 milhões de documentos sobre companhias sediadas em paraísos fiscais.

As investigações apontaram que Guedes tem uma empresa offshore em um paraíso fiscal com US$ 9,55 milhões. Por meio de nota enviada à piauí, o Ministério da Economia disse que “toda a atuação privada” de Guedes antes de sua posse “foi devidamente declarada à Receita Federal e aos demais órgãos competentes, o que inclui a sua participação societária na empresa mencionada”.

Segundo os portais, Campos Neto também tinha uma offshore, mas no Panamá, com capital de US$ 1,09 milhão. O executivo é presidente do Banco Central desde fevereiro de 2019, mas fechou a offshore apenas no segundo semestre de 2020.

De acordo com nota enviada aos portais, Campos Neto argumentou que as duas offshores atribuídas a ele “estão declaradas à Receita Federal e foram constituídas há mais de 14 anos com rendimentos obtidos ao longo de 22 anos de trabalho no mercado financeiro, decorrentes, inclusive, de atuação em funções executivas no exterior”.

O mercado monitora ainda a participação de Campos Neto em live do jornal Valor Econômico, às 16h30. A expectativa é que o presidente da autoridade monetária seja questionado sobre as investigações do “Pandora Papers”.

Cena internacional

Enquanto isso no radar externo, a atenção dos investidores internacionais está voltada para o encontro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+). A organização e seus aliados decidiram manter acordo existente para elevar a produção de petróleo em 400 mil barris por dia em novembro.

O grupo teve uma discussão online sobre política, em meio a avaliações de que a alta nos preços ameaça a recuperação econômica.

Às 14h30, os contratos futuros de petróleo do tipo Brent com vencimento em dezembro subiam 2,55%, cotados a US$ 81,22.

Outros fatores que vêm inspirando cautela entre investidores são a crise da dívida da incorporadora chinesa Evergrande e a necessidade de aprovação de um novo teto para a dívida pública nos Estados Unidos.

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