Tesouro Direto: taxas avançam mais com mercado de olho no fiscal; títulos de inflação pagam até 5,93%

Papéis prefixados têm remuneração de até 12,74% ao ano

Katherine Rivas

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As taxas dos títulos públicos subiram um pouco mais ao longo desta segunda-feira (27), após uma abertura em que o movimento já havia sido para cima.

Os investidores ponderam os riscos fiscais, em dia em que Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, disse que o Brasil ainda tem fatores de aceleração da inflação, como o componente fiscal, embora os últimos dois dados tenham sido, pela primeira vez, dentro da expectativa.

“Acreditamos que o pior momento da inflação já passou. Temos algumas medidas desenhadas pelo governo que precisamos entender qual é o impacto no processo inflacionário, ainda não está claro”, afirmou durante evento em Lisboa. Campos Neto ainda comentou que a inflação brasileira hoje se situa na média dos últimos 20 anos em relação aos países desenvolvidos.

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“O Brasil sempre trabalhou com inflação acima do mundo desenvolvido. Inflação hoje está até abaixo da mediana. Ao contrário dos últimos anos, em que era inflação brasileira, há um componente global muito forte da inflação”, disse ele. “Obviamente temos que combater a inflação. Não vamos usar isso como desculpa, mas é importante entender os componentes da inflação”.

Campos Neto assegurou que a política monetária adotada pela autarquia é capaz e vai frear o processo inflacionário no Brasil e avaliou que a maior parte do processo já foi feito. “Acreditamos que a ferramenta disponível é capaz e vai frear o processo inflacionário. Acreditamos que a maior parte do processo já foi feito”, disse. “Precisamos fazer trabalho de ancorar expectativas, é muito importante”, afirmou, em outro momento.

No Tesouro Direto, as taxas dos títulos públicos aceleraram a alta durante a tarde. O Tesouro Prefixado 2025 e o Tesouro Prefixado 2029 ofereciam remuneração de 12,61% e de 12,74% ao ano, respectivamente, acima dos 12,57% e 12,68% verificados na abertura dos negócios.

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O Tesouro Prefixado 2033 se encontra com negociações suspensas, devido ao pagamento do cupom semestral, previsto para o dia 1º de julho. A razão é que o Tesouro Direto costuma proibir a compra do título quatro dias úteis antes do pagamento de cupom de juros. Além disso, também ficará suspensa, a partir dos dois dias úteis anteriores ao pagamento do cupom, a recompra desses títulos.

Entre os títulos atrelados à inflação, o Tesouro IPCA + 2055 oferecia a remuneração mais elevada: 5,93% ao ano, ligeiramente superior aos 5,92% registrados durante a manhã.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta segunda-feira (27):

TESOURO DIRETO - TARDE - 27.06.2022
(Fonte: Tesouro Direto)

INCC

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) acelerou a 2,81% em junho, após alta de 1,49% em maio, informou nesta segunda-feira (27) a Fundação Getulio Vargas (FGV). Com o aumento na margem, a taxa acumulada em 12 meses pelo índice avançou de 11,20% para 11,75% no período.

A aceleração do INCC-M foi puxada por Mão de Obra, que subiu de 1,43% para 4,37% em junho. O índice de Materiais, Equipamentos e Serviços, por sua vez, arrefeceu de 1,55% para 1,40%, com alívio disseminado entre Materiais e Equipamentos (1,67% para 1,58%) e Serviços (0,92% para 0,50%).

Nas aberturas, todos os componentes da Mão de Obra registraram avanço expressivo: auxiliar (1,50% para 4,40%), técnico (1,39% para 4,60%) e especializado (1,29% para 3,41%).

Já em Materiais e Equipamentos, houve decréscimo da taxa em materiais para instalação (0,11% para -0,01%) e equipamentos para transporte de pessoas (2,37% para 0,33%), enquanto materiais para estrutura (2,39% para 2,62%) e materiais para acabamento (1,04% para 1,05%) aceleraram. Todos os componentes do índice de Serviços arrefeceram: aluguéis e taxas (1,35% para 0,58%), serviços pessoais (0,78% para 0,53%) e serviços técnicos (0,49% para 0,37%).

Embora mais alto que o do mês anterior, o INCC veio abaixo do esperado. “O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) abaixo das expectativas vem apoiando essa correção nas taxas locais [de juros] e em meio aos temores da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos combustíveis que deve ser apresentada ao Senado hoje”, afirma Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura.

Borsoi destaca as expectativas com os gastos da PEC dos combustíveis – que giram em torno de R$ 50 bilhões – e o efeito fiscal que devem calibrar a sessão na curva de juros ao longo do dia. “Os investidores vão avaliar o impacto da proposta no curto prazo”, afirma.

SP anuncia redução do ICMS

O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), anunciou nesta segunda-feira (27) que o estado está aplicando imediatamente a redução da alíquota de ICMS da gasolina de 25% para 18%, e disse que a expectativa é de uma queda de R$ 0,48 no preço do litro nos postos, para abaixo dos R$ 6,50.

O anúncio é feito dias após o presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionar a lei que impõe um teto de 17% a 18% na alíquota do imposto estadual sobre combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte coletivo. São Paulo é o primeiro estado do País a se adaptar à nova lei.

Ao sancioná-la, Bolsonaro vetou a compensação aos estados pela queda na arredacação, apesar de governadores dizerem que podem perder até R$ 100 bilhões por ano com a desoneração (e que isso pode afetar investimentos e gastos em saúde, educação e segurança), pois o imposto estadual é a principal fonte de arrecadação dos estados.

Garcia criticou o veto presidencial à compensação financeira para os estados e disse que o teto do ICMS na gasolina vai diminuir a arrecadação de São Paulo em R$ 4,4 bilhões por ano, o que vai comprometer investimentos do estado em áreas estratégicas, incluindo saúde e educação.

Recessão nos EUA

As chances de um “pouso suave” nos Estados Unidos, em meio à subida de juros para controlar a maior inflação em quatro décadas no país, diminuem a cada dia, ao passo que o risco de um “pouso forçado” cresce, disse o chefe de Economia do Citi para a América Latina, Ernesto Ravilla. “É uma má notícia para os EUA e para a América Latina”, resumiu ele.

De acordo com Ravilla, uma recessão nos EUA amplia os impactos em países da América Latina, o que inclui o Brasil. Dentre os possíveis efeitos, disse ele, estão menor crescimento e maior depreciação das moedas da região.

“A América Latina não será tão dinâmica quanto nos últimos 20 anos.”

O economista ponderou, porém, que o Citi ainda não trabalha com o cenário de recessão nos EUA, bem como o Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.