Tesouro Direto: na volta dos negócios, títulos públicos operam sem direção única; juros de prefixados ficam abaixo de 12% pelo 2º dia

Pagamento de cupom do Tesouro IPCA+ 2055 ocorre nesta sexta-feira (12)

Bruna Furlani

(Getty Images)

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SÃO PAULO – Após cerca de uma hora de suspensão, as negociações de títulos públicos foram retomadas por volta das 15h30 da tarde desta sexta-feira (12). A parada é provocada pela forte oscilação de preços e taxas dos papéis. Quando isso ocorre, o Tesouro Direto interrompe temporariamente os negócios para evitar que o investidor feche temporariamente as transações a um preço que possa ficar rapidamente defasado.  

Na volta dos negócios, o mercado de títulos públicos opera sem direção única nas taxas. Papéis prefixados apresentam recuo nos prêmios, enquanto títulos atrelados à inflação são negociados perto da estabilidade.

No radar local, destaque para os números de serviços, que mostraram que o setor recuou 0,6% na passagem de agosto para setembro – valor bem abaixo do esperado pelo mercado. Com os dados de indústria e do varejo, que foram divulgados na quinta (11), os indicadores de atividade econômica em setembro demonstraram o forte impacto da inflação e a fraqueza da atividade.

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Dentro do Tesouro Direto, na volta dos negócios, o Tesouro Prefixado 2024 oferecia retorno de 11,82% ao ano, contra 11,79% ao ano, no começo da manhã. Um dia antes, o percentual oferecido era de 11,87% ao ano. Pelo segundo dia seguido, o título apresenta retorno abaixo de 12% ao ano.

No mesmo horário, a rentabilidade oferecida pelo Tesouro Prefixado 2031 era de 11,53%, acima dos 11,46% registrados no início do dia. Anteriormente, a remuneração paga era de 11,51% ao ano, na sessão de quinta-feira. Com isso, a diferença entre o retorno do título de prazo mais curto (2024) e o de prazo mais longo (2031) chegava a 29 pontos-base durante a tarde, contra 50 pontos-base em dias de maior estresse nesta semana.

Já entre os títulos atrelados à inflação, o retorno real oferecido pelo Tesouro IPCA+ 2035 e 2045 era de 5,19%, em linha com os 5,18%, registrados na sessão anterior.

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Vale lembrar que o Tesouro IPCA+ 2055, com pagamento de juros semestrais, teve as negociações suspensas desde a última segunda-feira (8). A razão é que o Tesouro Direto costuma proibir a compra do título quatro dias úteis antes do pagamento de cupom de juros, que ocorre hoje (12).

Se o investidor quiser resgatar o papel, também há suspensão das negociações. Porém, nesse caso, a suspensão ocorre dois dias úteis antes do pagamento de cupom.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na volta dos negócios na tarde desta sexta-feira (12): 

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Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Serviços

O foco da agenda local nesta sexta-feira está na apresentação dos dados do volume de serviços no Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor recuou 0,6% em setembro na comparação com agosto.

Assim, o indicador interrompeu uma sequência de ganhos registrada nos últimos cinco meses, período em que acumulou variação positiva de 6,2%. Mesmo com a queda, o setor ainda está 3,7% acima do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020.

Em relação a setembro do ano passado, o volume de serviços avançou 11,4% e teve a sétima taxa positiva consecutiva.

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Os números, porém, vieram abaixo do esperado. A projeção da Refinitiv era de alta de 0,5% na base mensal e de 13,5% na comparação anual.

Alberto Ramos, economista-chefe do Goldman Sachs para América Latina, disse em relatório que a contração dos serviços em setembro se mostrou mais espalhada, com quatro das cinco atividades apresentando queda na comparação mensal.

Segundo ele, os serviços têm se mostrado uma das grandes alavancas do crescimento nos últimos meses, diante do desarranjo nas cadeias produtivas industriais.

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“No entanto, a inflação em rápida ascensão, o aumento das taxas (com condições financeiras internas mais restritivas), o aumento do ruído político e da incerteza fiscal, a interrupção da tendência de alta na confiança do consumidor e das empresas, além da incipiente reviravolta no ciclo de crédito estão gerando cada vez mais obstáculos à atividade de serviços”, ponderou Ramos.

Desoneração da folha, Auxílio Brasil e emendas do relator

Enquanto isso na cena política, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse ontem que o governo decidiu prorrogar a desoneração da folha de pagamentos por dois anos. Com isso, empresas podem substituir a contribuição de 20% à Previdência sobre os salários dos funcionários por uma alíquota sobre a receita bruta, que pode variar entre 1% e 4,5%.

Entre os setores beneficiados estão as indústria têxtil e de calçados, construção civil, transporte rodoviário, entre outros – são setores que costumam ser intensivos em mão de obra.

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Outro tema que segue em voga são as emendas de relator. Reportagem de capa do jornal Folha de S. Paulo mostra que circula entre deputados uma proposta de resolução capitaneada por Arthur Lira, presidente da Câmara, visando ampliar a transparência na distribuição de verbas no Orçamento.

A proposta vem sendo discutida após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir a favor da liminar da ministra Rosa Weber que suspendeu o pagamento das emendas de relator, instrumento de distribuição de recursos que tem sido chamado de “Orçamento Secreto”.

O objetivo, segundo a Folha, é aprovar a proposta de resolução nas próximas semanas em sessão do Congresso Nacional, de forma que ela sirva na negociação para que o STF libere a execução das emendas.

Também ontem o presidente Jair Bolsonaro sancionou a lei que permite ao governo utilizar o saldo do Bolsa Família, extinto em novembro, para financiar o novo programa de transferência de renda de seu governo, Auxílio Brasil. A mudança abre espaço de R$ 9,36 bilhões no Orçamento para uso pelo Ministério da Cidadania. O presidente também sancionou na quinta a lei que altera o Plano Plurianual (PPA) de 2020 a 2023 de forma a incluir o Auxílio Brasil.

Cena internacional

No radar externo, o destaque está na zona do euro. Uma pesquisa entre economistas divulgada ontem pela agência internacional de notícias Reuters indicou riscos de que a inflação na zona do euro supere a meta do banco central para 2022. A inflação na região superou a marca de 4% em outubro, mas o Banco Central Europeu (BCE) vem evitando implementar aperto monetário.

Também na zona do euro, a produção industrial de setembro teve queda de 0,2 % na base mensal, ante estimativa de queda de 0,5%.