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Os olhos do mercado, nesta quarta-feira (9), estão voltados para o governo de transição e para os possíveis nomes que integrarão a equipe econômica do governo Lula. Há uma agenda intensa em Brasília para tratar sobre a transição. Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente eleito, está no Distrito Federal pela primeira vez após o resultado do segundo turno e se encontrou com os presidentes da Câmara e do Senado.
A conversa com Arthur Lira, presidente da Câmara, teve duração de aproximadamente duas horas. Um dos temas à mesa foi o modelo de proposta que será apresentado para garantir que o Auxílio Brasil continue em R$ 600 no ano que vem. Ao mesmo tempo, Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente eleito, articula medidas para abarcar as promessas da campanha petista, sendo que algumas delas fora do teto de gastos.
Para Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, a largada do novo governo em termos fiscais já “soa ruim” e o Congresso parece reagir ao “indicar que despesas fora do teto nos projetos necessitam de prazo determinado”.
“A PEC do ‘trem da alegria’, como tem sido chamada, já suscita algumas reações do mercado e pode desencadear ainda mais em breve”, observa o economista em nota.
O mercado também repercute dados de atividade. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de vendas no varejo subiu 1,1% em setembro na comparação mensal. O resultado veio bem acima do esperado.
Já na cena externa, agentes acompanham as eleições de meio mandato nos Estados Unidos.
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Pela manhã, o mercado de títulos públicos no Tesouro Direto operou com alta nos retornos de até 17 pontos-base (0,17 ponto percentual). Já por volta das 15h20, o movimento das taxas é misto: papéis prefixados apresentam alta nos juros, enquanto a maior parte dos retornos de papéis atrelados à inflação apresenta estabilidade.
“O cenário externo tem menos influência do que os fatos internos. O aspecto fiscal, no que se refere à negociação de uma PEC ou outra solução para que não haja comprometimento no corte de gastos em 2023, assim como a indefinição do nome do ocupante do Ministério da Fazenda impactam o mercado neste momento”, afirma Erminio Lucci, presidente da corretora BGC.
Entre os títulos atrelados à inflação, as negociações do Tesouro IPCA+ 2055 estão suspensas a partir de hoje. A interrupção é fruto do pagamento do cupom semestral, previsto para a próxima quarta-feira (16).
O Tesouro Direto costuma proibir a compra do título quatro dias úteis antes do pagamento de cupom de juros. Além disso, também ficará suspensa, a partir dos dois dias úteis anteriores ao pagamento do cupom, a recompra desses títulos.
Depois de encerrar a sessão anterior com apenas dois títulos oferecendo juros acima de 12% ao ano, as taxas de todos os papéis prefixados voltaram a ultrapassar essa marca, na última atualização do dia. O maior retorno era oferecido pelo Tesouro Prefixado 2033, que na véspera apresentava taxa de 12,25% ao ano, e nesta quarta-feira registrava um juro de 12,17% ao ano, à 15h20.
No mesmo horário, o maior juro real entre os papéis atrelados ao IPCA era entregue pelo Tesouro IPCA+ 2045, no valor de 5,92% ao ano, em linha com os 5,93% vistos na véspera.
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Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta quarta-feira (9):

Governo de transição e crédito extra
Os nomes do gabinete temporário do governo Lula devem ser divulgados até esta quinta-feira (10), segundo o ex-ministro Aloizio Mercadante, um dos coordenadores da equipe de transição.
O relator-geral do Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI), informou ontem (8) que a reunião marcada anteriormente para esta quarta (9) com Alckmin para a apresentação da PEC da transição foi cancelada. De acordo com o parlamentar, Alckmin pediu para adiar o encontro porque o texto da proposta será levado primeiro ao novo presidente eleito.
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O governo de transição negocia uma forma de deixar promessas de campanha, como a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600, fora do teto de gastos – a regra que limita o crescimento das despesas do governo à inflação do ano anterior.
A Comissão Mista de Orçamento (CMO) aprovou ontem (8) emendas ao projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2023.
As emendas aprovadas e que passam a integrar a peça orçamentária destinam R$ 1,5 bilhão para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192); R$ 950 milhões para o fomento ao setor agropecuário e agricultura familiar; R$ 500 milhões para a conclusão de trecho da rodovia Transamazônica entre Altamira e Rurópolis (PA) e R$ 400 milhões para a atenção básica de saúde.
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A CMO também decidiu alterar, pela terceira vez, o prazo de tramitação do projeto da LOA 2023 (PLN 32/2022). A Comissão tem agora até o dia 16 de novembro para realizar audiências públicas e prevê a votação do relatório sobre receitas até 23 de novembro.
Já a Câmara dos Deputados aprovou ontem (8) um conjunto de medidas provisórias. Entre elas está a matéria que abre crédito extraordinário de R$ 27,09 bilhões no Orçamento deste ano para o pagamento dos benefícios sociais. A matéria segue para o Senado.
Pelo texto, são destinados recursos para o Ministério da Cidadania viabilizar o pagamento de um acréscimo de R$ 200 no programa Auxílio Brasil (R$ 25,5 bilhões) e o aumento do valor do Auxílio Gás (R$ 1,04 bilhão). A medida permitiu o pagamento por fora do teto de gastos mais R$ 41,25 bilhões até o fim do ano para aumentar benefícios sociais e diminuir tributos do etanol. A MP foi aprovada sem modificações pelo relator, deputado Alex Manente (Cidadania-SP).
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Volume do varejo
Já na cena econômica, o volume de vendas do comércio varejista no Brasil avançou 1,1% em setembro na comparação com agosto, em dados ajustados sazonalmente, interrompendo uma sequência de três meses retração.
No acumulado de 2022, o varejo registra alta de 0,8%. Já nos últimos 12 meses, o setor acumula queda de 0,7%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira (9) pelo IBGE. Na comparação com setembro de 2021, houve alta de 3,2%.
O resultado foi um bem acima do esperado, uma vez que o mercado projetava alta de 0,2% na base mensal. Para o resultado anual, a previsão era de alta de 1,4% sobre setembro de 2021, segundo o consenso Refinitiv. A média móvel trimestral em setembro foi de 0,3%.
No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e materiais de construção, o volume de vendas cresceu 1,5% frente a agosto. A média móvel trimestral foi de 0,4%. O volume de vendas frente a setembro de 2021 cresceu 1,0%. O acumulado no ano foi de -0,6% e o nos últimos 12 meses, de -1,6%.
ETF de Tesouro Selic é lançado nesta 4ª
De olho no aumento da demanda por investimentos de renda fixa, a Investo lança nesta quarta-feira (9) o primeiro ETF (fundo de índice) que replica uma carteira de títulos públicos do tipo Tesouro Selic, o LFTS11.
Em outubro, o InfoMoney já havia antecipado que a casa preparava o lançamento do ETF. Na prática, o produto terá como referência o Teva Tesouro Selic, que considera apenas títulos públicos Tesouro Selic com vencimento de mais de dois anos, e que foi criado pela Teva Indices. Ou seja, o ETF irá render exatamente a Selic do momento, que agora está em 13,75% ao ano.
O LFTS11 terá taxa de administração de 0,19% ao ano e o investidor poderá adquiri-lo a partir de R$ 100, valor da cota. Há oito ETFs de renda fixa local disponíveis na B3 hoje, sem contar com o novo produto. O LFTS11 será o primeiro fundo de índice a seguir o desempenho dos títulos públicos pós-fixados.
Em termos de retorno, o produto da Investo deve se destacar. Cálculos feitos pela própria gestora mostram que o LFTS11 poderia oferecer um retorno de até R$ 1.140, se a pessoa investisse R$ 10 mil e deixasse o valor aplicado por 12 meses.
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Estados Unidos
Na cena externa, os olhos do mercado estão nas eleições de meio de mandato do Congresso norte-americano. O cenário ainda está indefinido.
A esperada “onda vermelha” nas eleições de meio de mandato (“midterms”) nos Estados Unidos não aconteceu e o Partido Republicano caminha para controlar apenas a Câmara, com o Senado ainda em tendência de equilíbrio de forças (50 a 50) com o Partido Democrata – o que ajuda o presidente Joe Biden em votações, uma vez que o voto de desempate cabe à sua vice, Kamala Harris.
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