Tesouro Direto: taxas dos títulos públicos sobem com incerteza fiscal por subsídios; prefixados oferecem juros de até 12,44%

Taxas dos títulos de longo prazo subiam até 31 pontos-base

Bruna Furlani | Katherine Rivas

Ações em alta

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As taxas dos títulos públicos operam em alta nesta terça-feira (8), acompanhando os desdobramentos do discurso de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, que proibiu no país as importações de petróleo e outras fontes e energia da Rússia.

As taxas de juros curtas chegaram a ceder durante a tarde com alívio nos preços do petróleo, no entanto retomaram o ritmo de alta após Putin assinar decreto que restringe a exportação de diversos produtos e matérias-primas na Rússia.

Na contramão, as taxas longas operavam em forte alta por conta das preocupações com o ambiente fiscal, aponta Flavio Serrano, economista-chefe da Greenbay Investimentos.

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Serrano explica que em meio a escalada nos preços do petróleo, o governo está discutindo saídas para evitar o aumento nas bombas. Uma delas seriam por meio de subsídios, que teriam impactos fiscais.

“O subsídio é um gasto primário, que acabaria tirando dinheiro de outra despesa”, aponta o economista.

No radar do mercado, ele também cita uma possível desistência da Ucrânia de entrar na Otan. Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, afirmou ontem à noite ao canal americano ABC que não quer ser presidente de um “país que implora de joelhos” para entrar na organização.

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Dentro do Tesouro Direto, a maior alta era nas taxas dos títulos de longo prazo que avançaram 31 pontos-base.

O Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, entregava uma rentabilidade anual de 12,44%, acima dos 12,13% vistos ontem. Enquanto o Tesouro Prefixado 2029 apresentava uma rentabilidade anual de 12,40%, superior aos 12,09%, registrados na segunda-feira (7).

O título de curto prazo era o que menos subia. O Tesouro Prefixado 2025 entregava uma rentabilidade anual de 12,41%, acima dos 12,24% da sessão anterior.

Nos títulos atrelados à inflação, as maiores altas eram do Tesouro IPCA+ 2035 e do Tesouro IPCA+ 2032, com juros semestrais. Ambos os títulos entregavam uma rentabilidade real de 5,90%, respectivamente, acima dos 5,83% registrados ontem.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta terça-feira (8):

Radar externo

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta terça-feira uma proibição dos Estados Unidos às importações de petróleo e outras fontes de energia da Rússia, aumentando uma campanha de pressão sobre Moscou em retaliação à invasão da Ucrânia.

Vale lembrar que apenas 8% do petróleo utilizado pelos EUA vem da Rússia. O governo Biden, portanto, tem mais alternativas para substituir esse volume. O mesmo acontece com o Reino Unido, com apenas 4% vindo da Rússia.

Já a UE deve cortar em dois terços a importação de combustíveis fósseis da Rússia até a chegada do próximo inverno local e romper a dependência dos russos até 2030. O bloco depende do petróleo russo.

Os EUA ainda destacaram que vão ajudar os parceiros da OTAN a diminuir a dependência do petróleo russo.

“Entendemos que muitos parceiros e aliados não poderão se juntar a nós, já que os EUA produzem muito mais petróleo domesticamente que todos os países da Europa. Na verdade, somos um exportador líquido de energia, então tomamos essa decisão quando outros não podem e vamos trabalhar com os parceiros europeus para reduzir a dependência deles da energia russa”, salientou Biden.

“Nossa ideia é continuar levando um prejuízo a [Vladimir] Putin”, disse o presidente americano, em referência ao seu colega russo.  “Faremos de tudo para Putin desistir dessa guerra”, afirmou. “A defesa da liberdade tem um custo, inclusive para nós aqui nos EUA”.

Biden afirmou que a decisão de parar as importações do petróleo russo foi tomada pelos dois maiores partidos do país, em uníssono.

Na Rússia

Putin assina decreto restringindo a exportação de diversos produtos e matérias-primas

Segundo o jornal russo RIA, o documento proíbe que a Rússia exporte uma série de bens até o final do ano “para garantir a segurança e o bom funcionamento da indústria local” – a notícia, porém, não especifica ainda quais são os produtos que não poderão ser exportados.

De acordo com o decreto, as restrições não afetarão bens e matérias-primas que russos, estrangeiros ou apátridas importarão ou exportarão do país para uso pessoal.

Sem pressão

Ucrânia não vai mais pressionar pela adesão à OTAN, afirmou Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia.

“Acalmei em relação a essa questão há muito tempo, depois que entendemos que… a OTAN não está preparada para aceitar a Ucrânia”, disse Zelensky em entrevista segunda-feira para ABC News. “A Aliança tem medo de assuntos controversos e de um confronto com a Rússia”, acrescentou o presidente.

Zelensky afirmou que não está mais pressionando pela adesão da Ucrânia à Otan, uma questão delicada, que foi uma das razões declaradas da Rússia para invadir seu país.

Em outro aparente aceno com o objetivo de acalmar Moscou, Zelensky disse que está aberto a “comprometer” o status dos dois territórios separatistas pró-Rússia que o presidente Vladimir Putin reconheceu como independentes pouco antes de desencadear a invasão em 24 de fevereiro.

Preço dos combustíveis

Com a subida no preço do petróleo, o mercado monitora as discussões em torno de medidas que tentam frear o repasse aos consumidores brasileiros. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, defendeu que o governo adote medidas para impedir a alta dos combustíveis e disse ver com simpatia a criação de um subsídio temporário.

Segundo a reportagem, Lira cobrou que o Senado se posicione sobre o PLP11, que muda o cálculo do ICMS sobre os combustíveis. O presidente da Câmara também defendeu que o governo mantenha a política de preços da Petrobras.

A avaliação feita no Planalto é de que o Governo precisa agir. Se seguir com a atual política de preços da Petrobras, que resultaria em reajuste da ordem de 30% nos preços dos combustíveis, isso poderia sacrificar a reeleição do presidente, segundo reportagem do Valor Econômico.

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Mas a missão não será fácil. Matéria do jornal O Estado de S.Paulo afirma que o conselho da Petrobras pode ser obstáculo para proposta de congelamento de preços. Isso porque será preciso ter a aprovação do Conselho, o que dificilmente deve ocorrer, segundo apuração do jornal.