Tesouro Direto: retornos de títulos públicos revertem alta e caem com Focus e ômicron; prefixados voltam a pagar abaixo de 11%

Investidores monitoram revisões das projeções de expansão do PIB e avanço da inflação, segundo documento divulgado hoje pelo BC

Bruna Furlani

(Getty Images)

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O mercado de títulos públicos negociados no Tesouro Direto opera com queda nas taxas na tarde desta segunda-feira (20), revertendo a alta vista no começo da manhã. Na agenda local, o destaque está na revisão para baixo – pela décima semana consecutiva – nas projeções para o crescimento da atividade econômica neste ano, conforme o Relatório Focus, do Banco Central, divulgado hoje.

Agora, economistas consultados pela autoridade monetária esperam uma expansão de 4,58% para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, ante 4,65% no levantamento anterior. Para 2022, as expectativas foram mantidas em crescimento de 0,50% do PIB.

Nesta semana, o Focus trouxe leves revisões nas estimativas para a inflação em 2021 e em 2022. Por outro lado, não houve alterações nas projeções para a Selic em 2022 e em 2023.

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Na cena política local, investidores acompanham o adiamento da votação do Orçamento de 2022 pela Comissão Mista do Orçamento (CMO) para amanhã (21). Já no radar externo, crescem as preocupações com a ômicron e com o impacto que isso pode gerar nas economias.

Dentro do Tesouro Direto, os juros oferecidos pelo Tesouro Prefixado 2024 caíam de 11%, no começo da manhã, para 10,79%, às 15h20. Na sexta-feira anterior, o retorno oferecido era de 10,98%.

No mesmo horário, a remuneração do papel com vencimento em 2031 e juros semestrais era de 10,62%, abaixo dos 10,86% ao ano vistos no início do dia e dos 10,77%, registrados na tarde de sexta-feira (17).

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Entre os papéis atrelados à inflação, a remuneração real do Tesouro IPCA com vencimento em 2035 e 2045 recuava de 5,18% ao ano, na sessão anterior, para 5,16%, às 15h20 de hoje.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta segunda-feira (20): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Relatório Focus

Na agenda econômica, o destaque está no Relatório Focus divulgado hoje. Para 2021, a mediana das projeções dos economistas apontam para um avanço de 10,04% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ligeiro recuo em relação aos 10,05% estimados anteriormente.

Para o próximo ano, a projeção é de alta de 5,03% da inflação, leve subida na comparação com os 5,02% projetados no último levantamento.

Por outro lado, houve recuo nas estimativas para o avanço da inflação em 2023 e 2024, que agora estão 3,40% e 3,00%, respectivamente, ante 3,46% e 3,09%.

Diante da forte pressão inflacionária com a inflação oficial chegando a 10,74% nos últimos 12 meses encerrados em novembro, o mercado financeiro estima uma taxa Selic acima dos patamares registrados nos últimos anos. Segundo o Focus, a taxa básica de juros deve encerrar 2022 a 11,50% e 2023, a 8,00% ao ano – sem alterações em relação à semana passada.

Em 2021, a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) elevou os juros a 9,25%, no maior patamar desde 2017.

Orçamento e reajuste

Na agenda política, a Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso adiou para amanhã (21) a votação do Orçamento de 2022. Hugo Leal (PSD-RJ), deputado e relator do projeto, apresentou hoje seu texto final, mas parlamentares discutem retirar verbas do fundo eleitoral e direcionar esses recursos para a área da educação.

No documento apresentado pelo parlamentar estão previstos R$ 5,1 bilhões para o fundo eleitoral no ano que vem. Na semana passada, o Congresso derrubou o veto do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao aumento do chamado “fundão”.

Nesta segunda-feira, Leal informou também que rejeitou pedido feito pelo governo que previa a inclusão do reajuste salarial às categorias de segurança no Orçamento de 2022. Em uma reunião fechada, o relator disse que chegou a receber uma ligação do presidente Jair Bolsonaro (PL) pedindo a inclusão do reajuste à peça orçamentária.

Cenário internacional

Enquanto isso, na Europa, as bolsas europeias recuam forte por causa dos novos bloqueios para conter a rápida disseminação da ômicron. A cautela predomina nos negócios. A elevação de casos levou a Holanda a voltar com bloqueios, enquanto Sajid Javid, secretário de Saúde do Reino Unido, se recusou a descartar medidas mais fortes antes do Natal.

Na China, os bancos anunciaram um corte em sua taxa básica de juros para empréstimos de um ano de 3,85% para 3,8% – o primeiro movimento desde abril de 2020. A maioria dos comerciantes e economistas em uma pesquisa da Reuters esperava cortes na taxa básica de juros. Os pedidos de flexibilização cresceram em meio a uma repressão do setor imobiliário que está pesando sobre a expansão econômica.

Já nos Estados Unidos, na véspera, o senador Joe Manchin disse que não poderia apoiar o pacote de gastos de US$ 2,2 trilhões em educação, saúde e contra mudanças climáticas do presidente Joe Biden, denominado “Build Back Better Act”. “Este é um ‘não’ a esta legislação”, disse Manchin na Fox News ontem (19).

O revés para a agenda econômica do presidente Joe Biden e as preocupações em torno de novas restrições impostas pela ômicron estão no radar do mercado e geram temores entre investidores.

“No geral, a notícia não apenas dificulta o panorama legislativo para Biden, mas implica também uma complicação adicional para um já complexo panorama eleitoral para os democratas nas eleições parlamentares de novembro, uma vez que o projeto era considerado a grande aposta eleitoral do partido”, avalia a equipe de análise da XP Investimentos.

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