As taxas dos títulos públicos operam em queda na tarde desta sexta-feira (9). Nos prefixados, as taxas recuam até 21 pontos-base, já nos papéis de inflação a baixa é de até 9 pontos-base.
Flavio Serrano, economista-chefe da Greenbay Investimentos, explica que o principal motivo da queda foram os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que caiu 0,36% na comparação mensal. Essa foi a segunda deflação seguida.
Nos últimos 12 meses, a inflação oficial desacelerou para 8,73%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O consenso de mercado da Refinitiv esperava deflação de 0,39% na base mensal e avanço de 8,72% na comparação anual.
“O dado foi positivo, mas ainda temos núcleos e serviços subjacentes pressionados. As leituras destes núcleos vieram um pouco acima do esperado”, avalia Serrano. Alguns grupos que apresentaram alta em agosto foram cuidados pessoais, alimentação e bebidas, habitação e vestuário.
Além do IPCA, Serrano cita a desvalorização de algumas moedas lá fora, diante do maior apetite ao risco que auxiliou nas bolsas locais e estrangeiras, na valorização do real e em consequência, ajudou a aliviar as taxas de juros.
Por volta das 15h50, o dólar comercial operava em queda de 1,01%, cotado a R$ 5,1529.
Dados de inflação na China também são monitorados de perto por agentes financeiros nesta sexta-feira (9). Segundo o Departamento Nacional de Estatística (NBS, na sigla em inglês), o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 2,5% em agosto na comparação anual. Analistas ouvidos pelo Wall Street Journal esperavam um aumento de 2,8%.
Dentro do Tesouro Direto, a maior queda foi na taxa do título prefixado de médio prazo. O Tesouro Prefixado 2029 oferecia às 15h25 um retorno anual de 11,50%, abaixo dos 11,71% vistos na véspera.
Já o Tesouro Prefixado 2025 e o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, apresentavam uma rentabilidade anual de 11,69% e 11,67%, respectivamente, inferior aos 11,86% e 11,85% registrados na sessão anterior.
Nos títulos atrelados à inflação, a taxa que mais recuava era do Tesouro IPCA+ 2026. O título público oferecia às 15h25 um ganho real de 5,57%, abaixo dos 5,66% vistos ontem.
As outras taxas cediam entre 5 e 6 pontos-base. O maior ganho real registrado nesta sessão era do Tesouro IPCA+ 2055, de 5,81%.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta sexta-feira (9):
IPCA
A agenda econômica local é marcada pela divulgação do IPCA nesta sexta-feira. Segundo o IBGE, a inflação no ano caiu para 4,39%.
A queda nos preços foi novamente impulsionada pela redução no preço dos combustíveis, na esteira da desoneração do ICMS, do recuo recente nos preços internacionais do petróleo e dos cortes da Petrobras (PETR3;PETR4) nos preços da gasolina nas refinarias.
Assim como aconteceu em julho, quando o IPCA teve a maior deflação da história, o resultado de agosto foi puxado pela redução nos preços dos transportes (-3,37%). Sozinho, o grupo foi responsável por “retirar” 0,72 ponto percentual (p.p.) do índice no mês.
Também houve retração no grupo comunicação (-1,10%), com impacto de -0,06 p.p. no IPCA, devido à redução nos preços dos planos de telefonia fixa (-6,71%) e de telefonia móvel (-2,67%) — que também foi causada pela lei que limitou a alíquota do ICMS.
No geral, a avaliação dos especialistas da XP é que o resultado veio pior na margem, já que os maiores recuos seguiram concentrados em itens que foram afetados pela desoneração do ICMS ou pelos cortes da Petrobras.
Como pontos negativos, a equipe de análise macroeconômica disse que o núcleo médio da inflação voltou a acelerar e que o índice de difusão – que mostra o percentual de produtos que apontam crescimento ou queda – permaneceu estável.
“Olhando para o futuro, continuamos esperando uma deflação para setembro, em linha com a recente redução da Petrobras nos preços da gasolina e o repasse dos cortes de impostos defasados em telecomunicações e energia”, afirmaram os especialistas da XP em relatório.
Atualmente, a projeção de inflação da casa está em 6,1% para este ano, mas a XP destacou que pode divulgar em breve possíveis revisões nas estimativas.
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Orçamento secreto e piso da enfermagem
Já na cena política, o governo federal liberou o pagamento de R$ 1,7 bilhão em emendas do orçamento secreto. A liberação ocorreu dois dias após o presidente Jair Bolsonaro (PL) assinar um decreto destravando as verbas de interesse dos parlamentares. Bolsonaro adiou repasses da cultura e da ciência e tecnologia para abrir o espaço para as emendas.
As verbas estavam bloqueadas desde o início de agosto. De lá para cá, o presidente assinou duas medidas provisórias prorrogando repasses que estava obrigado por lei a fazer ainda em 2022, relativos ao setor cultural e ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). A manobra libera R$ 5,6 bilhões ainda neste ano para irrigar o orçamento secreto.
Também na cena política, o ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse ontem (8), em Brasília, que é preciso uma fonte de recursos para viabilizar o pagamento do piso salarial dos profissionais de enfermagem.
Na semana passada, ele aceitou o pedido de suspensão do piso – feito pela Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos e Serviços (CNSaúde) – e concedeu prazo de 60 dias para que os envolvidos na questão possam encontrar soluções para garantir o pagamento.
China
Investidores também monitoram a divulgação do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) da China, que subiu 2,3% em agosto em relação ao ano anterior, abaixo dos 4,2% de julho. Analistas ouvidos pelo Wall Street Journal esperavam um avanço de 3,0%.
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