Tesouro Direto: prêmios dos títulos públicos seguem em queda na tarde desta 4ª, em meio a dados de varejo piores que o esperado

Apesar da baixa, taxas pagas por papéis prefixados e atrelados à inflação de prazos mais longos seguem próximas de 10% e de 4,70%, respectivamente

Bruna Furlani

(Dihandra Pinheiro/GettyImages)

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SÃO PAULO – Com dados do varejo brasileiro de junho bem abaixo do esperado e com investidores atentos à cena política local, o mercado de títulos públicos negociados pelo Tesouro Direto continuou a registrar queda moderada das taxas na tarde desta quarta-feira (11), embora os prêmios estejam ainda em níveis historicamente elevados.

Destaque também para os dados de inflação vindos dos Estados Unidos e do texto da reforma tributária, que pode ser votado ainda hoje.

Entre os papéis com retornos prefixados, o juro do título com vencimento em 2026 caía de 9,42% no começo da manhã para 9,39% na atualização da tarde. Um dia antes, o papel oferecia juro de 9,47%. Enquanto isso, o prêmio do título prefixado com vencimento em 2031 e pagamento de juros semestrais recuava de 10,01% para 9,99%, contra 10,04% na sessão anterior.

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No grupo de papéis com retornos atrelados à inflação, o juro real pago pelos títulos Tesouro IPCA+ com vencimentos em 2035 e 2045 era de 4,47%, contra 4,46% vistos no início da manhã. Porém, um dia antes o mesmo título pagava retorno real de 4,49%. Da mesma forma, o prêmio do Tesouro IPCA + com vencimento em 2055 e pagamento de juros semestrais era de 4,68%, abaixo dos 4,69% registrados um dia antes.

Confira os preços e as taxas atualizadas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto nesta quarta-feira (11):

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Radar local

A atenção na agenda econômica está voltada para as vendas no varejo em junho, que caíram 1,7%, de acordo com dados apresentados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a maior retração do setor neste ano e a segunda maior para um mês de junho, desde o início da pesquisa, em 2000. O comércio varejista ainda cresceu 6,3% em junho na comparação com o mesmo mês de 2020.

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A expectativa dos analistas ouvidos pela Refinitiv era de alta de 0,7% das vendas em junho na comparação com maio e de 9,1% frente a junho de 2020.

No ano, o setor acumula alta de 6,7% e, nos últimos 12 meses, de 5,9%.

As vendas do varejo ampliado (que trazem dados de veículos e material de construção), por sua vez, tiveram baixa de 2,3%, ante estimativa do consenso de queda de 1,7%.

O Bradesco BBI aponta, em relatório, que os números parecem estar perdendo fôlego, diante do fim do efeito de base relativamente mais fraca na comparação anual, uma vez que em 2020 houve uma forte queda da atividade, principalmente entre os meses de abril e maio.

O fim próximo dos pagamentos do auxílio emergencial, as taxas de juros mais altas e o desemprego ainda elevado contribuem para uma falta de impulso para o varejo nos próximos meses. A inflação ao consumidor também continua prejudicando a renda real. “Este é o primeiro indicador crítico que mostra alguma fadiga nos bons números de atividades vistos recentemente”, avaliam os analistas em relatório.

Na cena política, investidores digerem a derrota expressiva sofrida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ontem, quando o plenário da Câmara dos Deputados decidiu arquivar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que trata do voto impresso. Ao todo, foram 229 votos favoráveis à matéria (79 abaixo do necessário) e 218 contrários. Um parlamentar se absteve.

Nesta quarta, o foco ainda recai sobre o texto da reforma tributária, que pode ser votado ainda hoje. O relator do projeto que altera o IR, deputado Celso Sabino (PSDB-PA) protocolou seu parecer na madrugada desta quarta, e trouxe um texto considerado mais “contido”, que passa as alíquotas do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica de 15% para 6,5% em 2022 e depois para 5,5% em 2023.

Ao mesmo tempo, a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) será reduzida em até 1,5%, sendo que a diminuição está vinculada à aprovação de cortes em benefícios tributários do PIS/Cofins, previstos no próprio projeto de lei. Além disso, o novo texto estabelece o recolhimento de tributação dos dividendos na fonte para evitar que o aluguel de ações seja usado como medida de planejamento tributário.

Atenção também para os desdobramentos da PEC dos precatórios, que pode liberar R$ 33,5 bilhões para o governo em 2022 e que foi criticada por alguns analistas. Em nota divulgada ontem, a Instituição Fiscal Independente (IFI) destacou que o texto materializa o risco fiscal ao permitir o amplo parcelamento dos precatórios e ao criar um fundo para viabilizar parte do pagamento por fora do Orçamento e do teto dos gastos.

“A dinâmica da dívida, a médio prazo, será prejudicada, isto é, o objetivo de torná-la sustentável ficará mais penoso na presença de juros médios mais altos. Em outras palavras, será preciso produzir maior esforço fiscal primário”, pontuam os dois na nota emitida pela IFI.

O mercado também monitora a fala do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) feita hoje em evento. Na ocasião, ele sugeriu estudos para elaboração de uma proposta para proibir que governadores cobrem ICMS sobre as taxas das bandeiras tarifárias embutidas nas contas de luz.

“Os governadores cobram ICMS em cima da bandeira. Quem paga a conta disso? Sou eu. A verdade é que liberta nosso povo. Talvez Bento Albuquerque, estudar com o Ciro Nogueira, que é nosso grande articulador junto com a Flávia Arruda, uma proposta nesse sentido, que desobrigue, que não seja permitido cobrar ICMS em cima da bandeira no caso da energia elétrica”, afirmou Bolsonaro, dirigindo-se aos ministros de Minas e Energia, da Casa Civil e Secretaria de Governo, respectivamente.

Cena internacional

No exterior, investidores acompanham ainda os dados de inflação ao consumidor de julho nos Estados Unidos. De acordo com dados apresentados pelo Departamento de Estatísticas do Trabalho, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) teve crescimento de 0,5% em julho na comparação com junho. A alta ficou em linha com a esperada, de 0,5%, segundo o consenso das estimativas compilado pela Refinitiv.

Também nos Estados Unidos, o Senado aprovou, na madrugada desta quarta-feira (11), em primeira votação do que deve ser um árduo processo, um orçamento de US$ 3,5 trilhões. Os governistas desejam garantir um pacote abrangente para educação, saúde, clima e outros temas sem o apoio da oposição republicana. Apenas com votos democratas, por 50 votos a 49, a proposta foi aprovada.

Um dia antes, o Senado americano também viu a aprovação do pacote bipartidário de infraestrutura de mais de US$ 1 trilhão, uma das principais bandeiras do presidente Joe Biden. Agora, o projeto segue para a Câmara.

Investidores também acompanham a fala de Esther George, presidente do Federal Reserva de Kansas City. Hoje, a dirigente disse que o banco central dos Estados Unidos precisa avançar na redução do estímulo monetário, destacando expectativas de ganhos contínuos no mercado de trabalho.

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