Tesouro Direto: prêmios dos títulos públicos operam em alta nesta 5ª, com Relatório de Inflação do BC e exterior

Investidores repercutem ainda dados de emprego no Brasil, além da aprovação de projeto que evita shutdown nos EUA

Bruna Furlani

(Getty Images)

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SÃO PAULO – O foco do mercado local nesta quinta-feira (30) está nos dados do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do Banco Central. No documento, a autoridade monetária revisou as projeções para a inflação neste ano e no próximo e reforçou que deve elevar a Selic em 1 ponto na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Destaque também para os dados de emprego apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que vieram abaixo do esperado pelo mercado.

Já no exterior, investidores repercutem a aprovação do projeto de lei orçamentária que impede o “shutdown”, ou seja, paralisação dos serviços, pelo Senado americano.

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Nesse contexto, o mercado de títulos públicos opera com alta nas taxas na tarde desta quinta-feira (30). O movimento é oposto ao visto no começo da manhã em que os prêmios pagos pelos papéis apresentavam queda ou operavam próximos da estabilidade.

Na atualização das 15h25, a remuneração do título prefixado com vencimento em 2026 era de 10,53% ao ano, contra 10,42% ao ano do início das negociações. Percentual acima dos 10,45% vistos na sessão anterior.

O juro pago pelo título prefixado com vencimento em 2031, por sua vez, avançava de 11,05% para 11,13% ao ano durante a tarde. Um dia antes, o mesmo título oferecia retorno de 11,05%.

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Entre os papéis atrelados à inflação, o juro real oferecido pelo Tesouro IPCA+ com vencimento em 2035 e 2045 era de 4,89% ao ano, contra 4,87% registrados na sessão anterior. Já o retorno real do Tesouro IPCA com vencimento em 2055 e pagamento de juros semestrais era de 4,99% ao ano, acima dos 4,97% da tarde de quarta-feira (29).

Confira os preços e as taxas atualizadas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta quinta-feira (30):

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Relatório de Inflação e emprego

Nesta quinta-feira, o mercado acompanha de perto a apresentação dos dados do Relatório Trimestral de Inflação (RTI). De acordo com o documento, o Banco Central revisou para cima a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano, de 4,6% para 4,7%.

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Ao justificar a alteração, a autoridade monetária afirmou que o desempenho do PIB esperado neste ano repercute o resultado no segundo trimestre que foi ligeiramente acima do esperado e a modesta redução na projeção do crescimento para o terceiro trimestre.

O Banco Central apresentou ainda a projeção para o PIB brasileiro em 2022, que espera um crescimento de 2,1%, vindo de 4,7% em 2021. Segundo a autoridade monetária, ao longo de 2022, espera-se ritmo de crescimento menor do que no segundo semestre deste ano.

Ao detalhar sobre as perspectivas para a inflação, a autoridade monetária destacou que a projeção para a inflação oficial neste ano no cenário de referência está em 8,5%, percentual acima dos 5,8% previstos no relatório de junho.

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O documento também trouxe as projeções para a inflação oficial no ano que vem, que agora estão em 3,7% e em 3,2%, em 2023. Tal cenário, segundo o Banco Central pressupõe que a taxa de juros se eleve para 8,25% neste ano e para 8,50% durante
2022, e que seja ajustada para 6,75% em 2023.

Também na agenda econômica, a taxa de desocupação ficou em 13,7% no trimestre encerrado em julho, segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada nesta quinta-feira (30) pelo IBGE.

A redução foi de 1 ponto percentual em relação ao trimestre encerrado em abril. O dado foi melhor do que o esperado. A expectativa mediana do consenso Refinitiv era de taxa de desemprego de 13,9% em julho.

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Ao todo, 14,1 milhões de pessoas estavam na fila em busca de um trabalho no país entre maio e julho deste ano.

Combustíveis e reforma do IR

Na frente política, o preço dos combustíveis continua no cerne das discussões no Legislativo. Na véspera, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, destacou que está discutindo alternativas como a proposta do governo de fixar a alíquota do ICMS e a criação de um fundo de estabilização em busca de saídas para a alta dos combustíveis.

Segundo Lira, esse fundo de estabilização poderia ser criado a partir de recursos advindos de dividendos ou ainda a partir de recursos relacionados ao gás do pré-sal.

Em meio ao debate sobre a criação de um fundo para estabilizar preços de combustíveis, a Petrobras anunciou, na noite de ontem (29), a aprovação do programa de R$ 300 milhões para subsidiar o gás de cozinha.

As negociações em torno da reforma do Imposto de Renda também continuam em pleno vapor. Na véspera (29), Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do Senado, afirmou que a Casa busca uma solução que garanta espaço fiscal para um programa social “robusto” sem ferir o teto de gastos e avaliará se o projeto de reforma do Imposto de Renda, apontado como fonte compensatória pela equipe econômica, é a melhor alternativa.

Pacheco afirmou que, por respeito à Câmara dos Deputados, o projeto que trata de mudanças na cobrança do IR será votado no Senado. Mas ressaltou que haverá uma análise sobre outras possibilidades de fontes de recursos para um novo Bolsa Família.

Cena internacional

As atenções na cena externa estão na aprovação do projeto de lei orçamentária capaz de impedir a suspensão abrupta dos serviços federais no país, o chamado “shutdown”, que seria uma paralisação dos serviços.

O texto foi aprovado nesta quinta-feira (30) pelo Senado americano, de forma bipartidária. De acordo com a CNBC, o Senado agiu primeiro para aprovar um projeto de lei de curto prazo, que possa manter o governo em execução até 3 de dezembro.

O texto recebeu 65 votos favoráveis e 35 contrários, com 15 republicanos se juntando aos 50 democratas. Agora, a medida passa para a Câmara dos Representantes.

Ainda na agenda econômica, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu à taxa anualizada de 6,6% no 2º trimestre de 2021 em relação aos três meses anteriores, segundo a última estimativa do indicador. Os dados são do escritório de estatísticas do Bureau of Economic Analysis (BEA), do Departamento de Comércio do país, divulgados nesta quinta-feira (30).

A primeira estimativa, divulgada no fim de julho, apontava para alta de 6,5%, enquanto a segunda apontou, no fim de agosto, para alta de 6,6%.

O resultado foi em linha com o esperado, uma vez que a previsão era de alta de 6,6%, segundo dados compilados pela Refinitiv.

Durante a manhã, também foram divulgados os pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos da semana até 25 de setembro, com 362 mil pedidos, ante 351 mil da semana anterior. A projeção Refinitiv era de 335 mil pedidos.

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