As taxas dos títulos públicos continuam avançando com força na tarde desta terça-feira (19). Alguns títulos batem novo patamar recorde. Nos prefixados, as taxas avançam até 14 pontos-base, enquanto nos títulos atrelados à inflação a alta é de até 12 pontos-base.
Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos, explica que o principal motivo que impacta nas taxas de juros é o risco fiscal, com notícias envolvendo mudanças na regra do teto de gastos. “O governo está discutindo que a partir de 2023, poderia ter um crescimento real do teto de gastos, considerando o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) mais crescimento”, explica.
Na visão do economista, a discussão de um possível crescimento real de 1,5% no teto de gastos estressou o mercado, somado a notícias sobre uma mudança na política fiscal, tirando a meta em torno ao teto primário e transformando em uma meta de dívida.
“Todas essas questões fiscais vão deixando o mercado com dúvidas em relação a 2023. Além de ruídos eleitorais, que elevam os prêmios na curva de juros, pela proximidade das eleições”, afirma Costa.
De acordo com ele, embora o desconto da Petrobras no preço da gasolina possa tirar em torno de 15 pontos-base da taxa Selic, no período de junho até agosto, o mercado de renda fixa não precificou este cenário.
Nos títulos atrelados à inflação, ele cita que os prêmios podem até apresentar redução conforme fica próximo o fim do ciclo de alta da Selic, contudo, até lá a dinâmica é de resistência na redução das taxas para o curto prazo.
No cenário externo, agentes financeiros aguardam ainda decisão de política do Banco Central Europeu (BCE), que será apresenta na quinta-feira (21).
O consenso de mercado espera que a autoridade monetária anuncie uma alta de 0,25 ponto percentual. Porém, há chance de que o BCE busque ajustes mais agressivos. Citando uma fonte, a Reuters disse que a instituição vai avaliar se optará por um aumento de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual).
Dentro do Tesouro Direto, os títulos prefixados com vencimento em 2025 e 2029 alcançaram novo patamar recorde. Estes papéis ofereciam um retorno anual de 13,45% e 13,49%, respectivamente, superando a rentabilidade histórica vista nesta terça-feira (19) de manhã.
Já o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, estava próximo do recorde, com um retorno anual de 13,57% – levemente inferior em relação a rentabilidade histórica de 13,58%, registrada mais cedo.
A alta em relação às taxas vistas ontem nos prefixados chegava até 14 pontos-base.
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Nos títulos atrelados à inflação, o movimento também era de forte alta. O maior ganho real registrado entre os títulos era do Tesouro IPCA+ 2055, de 6,28%.
O Tesouro IPCA+ 2026 também apresentava rentabilidade histórica. O título oferecia às 15h32 uma remuneração real de 6,26%, acima do recorde visto inicialmente nesta manhã de 6,24%. O papel foi disponibilizado pelo Tesouro em fevereiro de 2020.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta terça-feira (19):

Petrobras (PETR4) anuncia redução do preço da gasolina
A partir da próxima quarta-feira (20), o preço médio de venda de gasolina da Petrobras (PETR3;PETR4) para as distribuidoras passará de R$ 4,06 para R$ 3,86 por litro, uma redução de R$ 0,20 por litro, ou uma baixa de 4,93%.
Considerando a mistura obrigatória de 73% de gasolina A e 27% de etanol anidro para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 2,96, em média, para R$ 2,81 a cada litro vendido na bomba, ou uma queda de 5,07%.
“Essa redução acompanha a evolução dos preços internacionais de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para a gasolina, e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio”, destacou a companhia.
A companhia não anunciou alteração no preço do diesel.
Europa
Destaque também para indicadores vindos da Europa. A taxa anual de inflação ao consumidor (CPI, pela sigla em inglês) da zona do euro atingiu nova máxima histórica de 8,6% em junho, ao acelerar de 8,1% em maio, segundo dados finais divulgados nesta terça-feira pela agência de estatísticas da União Europeia, a Eurostat.
O resultado de junho confirmou a leitura preliminar e veio em linha com a expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal.
Apenas o núcleo do CPI do bloco, que desconsidera os preços de energia e de alimentos, teve ganho anual de 3,7% em junho, confirmando a estimativa prévia. Já no confronto com maio, o núcleo do índice avançou 0,2% no último mês.
Eleições e PEC dos Auxílios
Na cena política, Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), rebateu ontem (18) as acusações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a lisura do sistema eleitoral e das urnas eletrônicas.
Fachin chamou o episódio de “encenação”. Sem citar o nome de Bolsonaro, o presidente do TSE disse que é preciso dar um “basta à desinformação e ao populismo autoritário”.
Na véspera (18), o presidente Jair Bolsonaro (PL) convocou uma reunião com embaixadores para atacar o sistema eleitoral, mas sem apresentar provas.
Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, também reagiu aos novos ataques feitos por Bolsonaro. O parlamentar afirmou que a lisura do sistema não pode mais ser posta em dúvida.
Atenção também para a notícia de que o Partido Novo protocolou, ontem (18), uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a Emenda Constitucional 123/2022, decorrente da PEC dos Auxílios (PEC 1/2022), promulgada pelo Congresso Nacional na semana passada. A legenda pede a suspensão dos efeitos da medida pelo menos até o fim do processo eleitoral.
O texto aprovado reconheceu o estado de emergência, “decorrente da elevação extraordinária e imprevisível dos preços do petróleo, combustíveis e seus derivados e dos impactos sociais dela decorrentes”, além de ter ampliado benefícios já existentes a menos de três meses das eleições.