Tesouro Direto: taxas têm leve alta com discurso de Powell e à espera do Copom

Prefixados oferecem até 12,34% e papéis atrelados à inflação avançam até 5,81%

Bruna Furlani | Katherine Rivas

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Em dia de Super Quarta, as taxas dos títulos públicos têm leve alta na tarde de hoje (4), com investidores buscando pistas em relação ao futuro dos juros nos pronunciamentos de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, e no comunicado do Banco Central.

“O que mais deve impactar o mercado é o guidance (projeção) do FOMC (Comitê Federal de Mercado Aberto) em relação às próximas altas de juros e à leitura do cenário econômico dos Estados Unidos”, destaca Heitor Martins, especialista em renda fixa na Nexgen Capital.

Aparentemente, as projeções poderiam pesar mais do que a decisão, avalia Martins. O Federal Reserve (banco central americano) anunciou hoje um avanço de 0,5 ponto na sua taxa básica de juros, para um novo intervalo entre 0,75% e 1%, apertando o passo de sua política monetária

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Em seu discurso, Jerome Powell afirmou que alta de 75 pontos-base na taxa de juros não está sendo “ativamente considerada”. Contudo, as expectativas para inflação de curto prazo estão bastante elevadas. “Esperamos manter um patamar neutro para juros, mas se for apropriado ir além disso, não hesitaremos”, afirmou em discurso.

Já no Brasil, Cristiane Quartalori, economista do Banco Ourinvest, destaca que as taxas de juros operaram de lado durante o dia na expectativa da decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central sobre a nova Selic.

“Mais do que a decisão em si, o mercado aguarda o comunicado pós-reunião, até para entender quais serão os próximos passos da autoridade monetária, se haverá sinalização de mais ajustes ou não”, afirma a economista.

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Além da postura dos bancos centrais, Martins reforça que no radar dos investidores está o PMI (Índices de Gestores de Compras) que traz dados do segmento de serviços e varejo na Europa e nos Estados Unidos e pode levar as autoridades monetárias dessas regiões a ter rumos diferentes nas próximas reuniões.

Dentro do Tesouro Direto, o título prefixado de curto prazo era o que apresentava a maior alta nas taxas, na segunda atualização da tarde. O Tesouro Prefixado 2025 oferecia um retorno anual de 12,31% superior aos 12,28% vistos ontem.

Enquanto o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, entregavam uma rentabilidade anual de 12,34%, às 15h30, acima dos 12,32% registrados na terça-feira (3).

As taxas do Tesouro Prefixado 2029 operavam com estabilidade.

Nos títulos atrelados à inflação, a maior alta era nas taxas do Tesouro IPCA+ 2035 e o Tesouro IPCA+ 2045. Ambos os títulos ofereciam um retorno real de 5,72% às 15h30, superior aos 5,68% da sessão anterior.

As outras taxas apresentavam estabilidade ou avançavam até 3 pontos-base.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta quarta-feira (4): 

Juros americanos

Conforme amplamente esperado, o Federal Reserve anunciou nesta quarta-feira (4) um avanço de 0,5 ponto na sua taxa básica de juros, para um novo intervalo entre 0,75% e 1%, apertando o passo de sua política monetária, conforme comunicado após reunião do Federal Open Market Committee (Fomc). Este foi o primeiro aumento desta magnitude em 22 anos. A decisão foi unânime.

O movimento ocorre em meio a uma tentativa da autoridade monetária de conter a forte inflação, que atinge os maiores patamares em 40 anos.

“O Comitê busca alcançar o máximo de emprego e inflação à taxa de 2% no longo prazo”, ressalta o comunicado, reiterando que, “com o adequado fortalecimento da política monetária, espera que a inflação volte ao seu objetivo de 2% e o mercado de trabalho continue forte”.

Os investidores também monitoram o ritmo de alta dos juros pelo Fed, uma vez que há temores que um aperto monetário muito forte possa desencadear uma forte desaceleração econômica no país.

De acordo com o comunicado que acompanha a decisão, novas altas de juros são apropriadas. Os integrantes do comitê de política monetária destacaram que, “embora a atividade econômica geral tenha diminuído no primeiro trimestre, os gastos das famílias e o investimento fixo das empresas permaneceram fortes”.

Segundo os formuladores , “os ganhos de emprego foram robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego diminuiu substancialmente”.

Além disso, afirmam que a inflação “permanece elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia”, com preços mais altos de energia causando pressões mais amplas sobre os preços.

Redução do balanço do Fed

“O Comitê decidiu começar a reduzir suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências em 1º de junho”, diz o Fed em comunicado.

“O Comitê busca alcançar o máximo de emprego e inflação à taxa de 2% no longo prazo”, ressalta no mesmo comunicado, reafirmando a máxima das últimas reuniões. “Com o adequado fortalecimento da política monetária, o Comitê espera que a inflação volte ao seu objetivo de 2% e o mercado de trabalho continue forte”.

“Em apoio a essas metas, o Comitê decidiu aumentar a faixa-alvo para a taxa dos fundos federais para 3/4 a 1% e prevê que os aumentos contínuos na faixa-alvo serão apropriados”, conclui.

Para títulos do Tesouro, o limite será inicialmente fixado em US$ 30 bilhões por mês (entre junho e agosto) e, a partir de setembro de 2022, aumentará para US$ 60 bilhões por mês.

Para hipotecas, o limite será inicialmente fixado em US$ 17,5 bilhões por mês, começando em junho e indo até agosto, e, a partir de setembro de 2022, aumentará para US$ 35 bilhões por mês.