Fed acelera passo e sobe juro em 0,5 ponto percentual; redução do balanço começará em junho

O movimento ocorre em meio à tentativa da autoridade monetária de conter a forte inflação, que atinge os maiores patamares em cerca de 40 anos

Equipe InfoMoney

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Conforme amplamente esperado, o Federal Reserve anunciou nesta quarta-feira (4) um avanço de 0,5 ponto na sua taxa básica de juros, para um novo intervalo entre 0,75% e 1%, apertando o passo de sua política monetária, conforme comunicado após reunião do Federal Open Market Committee (Fomc). Este foi o primeiro aumento desta magnitude em 22 anos. A decisão foi unânime.

O movimento ocorre em meio a uma tentativa da autoridade monetária de conter a forte inflação, que atinge os maiores patamares em 40 anos.

“O Comitê busca alcançar o máximo de emprego e inflação à taxa de 2% no longo prazo”, ressalta o comunicado, reiterando que, “com o adequado fortalecimento da política monetária, espera que a inflação volte ao seu objetivo de 2% e o mercado de trabalho continue forte”.

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Os investidores também monitoram o ritmo de alta dos juros pelo Fed, uma vez que há temores que um aperto monetário muito forte possa desencadear uma forte desaceleração econômica no país.

Leia também: A fala “dovish” do presidente do Fed que impulsionou os mercados, apesar da maior alta no juro em 22 anos

De acordo com o comunicado que acompanha a decisão, novas altas de juros são apropriadas. Os integrantes do comitê de política monetária destacaram que, “embora a atividade econômica geral tenha diminuído no primeiro trimestre, os gastos das famílias e o investimento fixo das empresas permaneceram fortes”.

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Segundo os formuladores , “os ganhos de emprego foram robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego diminuiu substancialmente”.

Além disso, afirmam que a inflação “permanece elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia”, com preços mais altos de energia causando pressões mais amplas sobre os preços.

Assim como na última reunião, de março, os membros do Federal Reserve apontaram que “a invasão da Ucrânia pela Rússia está causando enormes dificuldades humanas e econômicas” e que “as implicações para a economia dos EUA são altamente incertas”.

O Fed lembra ainda que os bloqueios relacionados à pandemia implementados na China “provavelmente exacerbarão as interrupções na cadeia de suprimentos. O Comitê está altamente atento aos riscos inflacionários”, relacionados ao tema, apontou.

Mais cedo, Janet Yellen, ex-chairwoman do Fed e atual secretária do Tesouro dos EUA, disse que o Federal Reserve precisará ser “hábil” e “também sortudo” para guiar a economia a um pouso suave.

Em uma conferência do Wall Street Journal, Yellen apontou que tem grande confiança na saúde atual da economia dos EUA, mas a inflação, atualmente a mais alta em quatro décadas, é um problema e controlá-la é trabalho principalmente do Fed.

Redução do balanço terá início em junho

O Fed também deu novas informações sobre o programa de redução do balanço de ativos da autoridade monetária. O programa começará em 1 de junho.

Para títulos do Tesouro, o limite será inicialmente fixado em US$ 30 bilhões por mês (entre junho e agosto) e, após três meses (setembro), aumentará para US$ 60 bilhões por mês. Para dívida de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências, o limite será inicialmente fixado em US$ 17,5 bilhões por mês e, após três meses, aumentará para US$ 35 bilhões por mês.

Assim, o comunicado destaca que o balanço do Fed, que saltou para cerca de US$ 9 trilhões conforme o banco central tentava proteger a economia da pandemia de Covid-19, poderá cair em US$ 47,5 bilhões por mês em junho, julho e agosto, e a redução avançará para até US$ 95 bilhões por mês em setembro.

As autoridades do Fed não divulgaram novas projeções econômicas após a reunião desta semana, mas os dados desde o último encontro, em março, deram poucos sinais de que a inflação, o crescimento salarial ou um ritmo rápido de contratações começaram a desacelerar.

Análise

Luca Mercadante, economista da Rio Bravo, destacou que a decisão de política monetária nos EUA não trouxe muitas novidades, com a autoridade monetária americana agindo como esperado e acelerando o ritmo de seu aperto monetário, elevando a taxa de juros em 0,5 ponto-base, além de reduzir o balanço de ativos, como contratado na ata de março.

“Na linha argumentativa, nada de muito novo. Voltamos a ver o texto enfatizar a atividade econômica aquecida e a inflação em patamares elevados e sendo pressionada por fatores externos, como a guerra e os lockdowns na China”, aponta.

“Para os mercados, entretanto, a fala de Powell na coletiva depois da decisão trouxe um tom dovish. Apesar do presidente do Fed ressaltar os altos níveis de inflação, foi descartada a possibilidade de elevações de 75bps para as próximas reuniões. Ainda que ele tenha garantido que os juros continuarão subindo e que elevações de 50bps são uma possibilidade, as bolsas reagiram positivamente e os juros caíram”, destacou Mercadante.

(com Reuters)

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