Tesouro Direto: taxas dos títulos prefixados recuam com Treasuries e fluxo estrangeiro; papéis atrelados à inflação sobem

Títulos prefixados entregavam rentabilidade de até 11,66%

Bruna Furlani Katherine Rivas

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As taxas dos títulos públicos operam mistas na tarde desta sexta-feira (18), com as taxas dos prefixados caindo, enquanto os títulos atrelados ao IPCA apresentam leve alta.

Segundo Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, o movimento nas taxas de juros respondeu a três fatores: o primeiro foi uma correção no mercado após forte alta nos títulos na quinta-feira (17).

Já o segundo foi que as taxas locais acompanharam o movimento de queda dos Treasuries – títulos do Tesouro dos Estados Unidos. O rendimento da T-Note chegou a 1,929%, depois de dias acima de 2%.

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Borsoi ainda destaca a percepção de que o ciclo de juros no Brasil está próximo do fim. O economista explica que a perspectiva de estabilidade ou queda na taxa Selic tem atraído um fluxo comprador nos títulos, que por sua vez acaba fazendo as taxas recuarem.

“Investidores estrangeiros seguem trazendo recursos para o Brasil o que levou a um comportamento excepcional do real, que foi uma das melhores moedas da semana”, comenta.

O mercado ainda monitora as pressões inflacionárias, como relatado por economistas ontem em reunião com o Banco Central, o que poderia estar pressionando a alta nas taxas dos títulos atrelados à inflação nesta sexta-feira (18).

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Dentro do Tesouro Direto, as taxas dos títulos prefixados de curto prazo foram as que mais recuaram.

O Tesouro Prefixado 2024 entregava uma rentabilidade de 11,66% às 15h18, inferior aos 11,73% vistos ontem. Enquanto o Tesouro Prefixado 2026 apresentava um retorno de 11,32%, abaixo dos 11,36% da quinta-feira.

O Tesouro Prefixado 2031, com pagamento de juros semestrais, operava com estabilidade.

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Nos títulos atrelados à inflação, a maior alta foi do Tesouro IPCA+ 2035 e o Tesouro IPCA+ 2045, ambos entregavam uma rentabilidade real de 5,63%, superior aos 5,60%, registrados ontem.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta sexta-feira (18): 

Falas de dirigentes do Fed

John Williams, presidente do Fed de NY, disse que será “apropriado” aumentar juros já na reunião de março. O remédio seria uma resposta à inflação elevada e ao crescimento do emprego, que segue forte.

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“Com a economia forte de hoje e a inflação bem acima da nossa meta de 2% no longo prazo, é hora de iniciar o processo de mover a faixa-alvo (dos juros) de volta a níveis mais normais”, disse. “Em particular, espero que seja apropriado aumentar a faixa-alvo em nossa próxima reunião, em março”.

Segundo a Reuters, Williams ainda disse esperar que o PIB real dos EUA cresça pouco menos de 3% em 2022 e que a taxa de desemprego caia para cerca de 3,5% até o fim do ano.

Já Charles Evans, presidente do Federal Reserve de Chicago, alertou para um aperto excessivo “desnecessário” na política monetária

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Evans defendeu um “reposicionamento” da política monetária para enfrentar a alta inflação, cuja perspectiva ainda é incerta. O próprio Fred sugere um aperto na política, mas Evans alerta para o que pode ser “excessivo”: “a fim de reduzir as pressões inflacionárias, políticas monetárias restritivas levaram repetidamente a perdas de emprego e recessões.

“Não há necessidade de adotar uma política monetária tão restritiva como em episódios anteriores”, avaliou, a menos que a inflação escape muito da meta estipulada pelo Fed, de 2% ao ano.

Para ele, o choque recente ainda é fruto da pandemia de Covid-19, mas a “configuração atual da política monetária está errada” em relação ao comportamento dos preços.

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Evans não entrou em detalhes sobre o que acha que o Fed deve fazer na próxima reunião, em março, quando o mercado projeta o começo do aumento das taxas de juros. O consenso é que a alta deve começar com 0,25 ponto percentual, mas há quem veja o Fed mais ousado e defensivo, subindo juro em 0,50 ponto.

Tensão entre Rússia e Ucrânia

Nos últimos dias, tem ganhado destaque no noticiário as manchetes sobre a possibilidade de um conflito entre Ucrânia e Rússia. Os analistas do banco UBS ainda acreditam que é possível evitar uma invasão russa ao país vizinho e afirmam que esforços diplomáticos acabarão levando a uma diminuição das tensões, mas destacam que a situação ainda deve se arrastar por muito tempo. “Isso pode levar vários meses, com grandes chances de tensões acirradas como a que nós estamos vivenciando agora se repetirem”, escreveram.

Mesmo assim, o UBS avalia que os dois países vão perceber que um conflito militar tem “um custo econômico e político muito alta para valer a pena”. Os analistas avaliam que sanções do Ocidente poderiam prejudicar seriamente a perspectiva de crescimento econômico da Rússia no longo prazo, além de inflamar sentimentos dentro da própria população, provocando protestos como os de 2020 em Belarus, os do início de 2021 na própria Rússia e, mais recentemente, os do Cazaquistão.

“A União Europeia sofreria consequências consideráveis, levando em conta que a energia russa representa quase 40% de suas importações de gás e 30% de suas importações de petróleo”, explica o texto do UBS.