Tesouro Direto: juros dos títulos públicos operam de forma mista; prefixados oferecem até 10,7% ao ano com revisões do Focus

Entre os papéis atrelados à inflação, o único título que apresentava alta nos retornos era o Tesouro IPCA + 2026, na segunda atualização do dia

Bruna Furlani

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O radar do mercado nesta segunda-feira (13) está focado nas novas projeções divulgadas hoje no Relatório Focus, do Banco Central. Pela primeira vez desde março, o mercado financeiro revisou para baixo as estimativas para a inflação oficial neste ano, que agora estão em 10,05%, contra 10,18% no levantamento anterior.

Mesmo com a ligeira melhora, a expectativa dos agentes financeiros é de que a inflação siga pressionada no ano que vem e termine em 5,02% – valor igual ao da projeção da semana passada.

Após o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), que foi lido como mais hawkish (inclinado ao aperto monetário) pelo mercado, economistas consultados pelo Banco Central também aumentaram a expectativa de elevação para a Selic em 2022, de 11,25% para 11,50%.

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Analistas também aguardam mais informações sobre a condução da política monetária que o BC deve adotar com a divulgação da ata do Copom amanhã. Nesse contexto, os títulos públicos negociados no Tesouro Direto seguem com movimento misto na tarde desta segunda-feira. Os papéis prefixados apresentam avanço nas taxas, especialmente em prazos mais curtos, enquanto os títulos atrelados à inflação recuam, em sua maioria.

Os juros do Tesouro Prefixado 2024, por exemplo, avançavam de 10,58%, na sessão anterior, para 10,71% ao ano, às 15h20. No começo do dia, os juros oferecidos eram menores: 10,57% ao ano. Da mesma forma, o Tesouro Prefixado 2031 com juros semestrais oferecia retorno de 10,43% ao ano, ligeiramente acima dos 10,41% da sessão anterior.

Com isso, a diferença de retorno entre o papel mais curto (2024) e o mais longo (2031) avançava para 28 pontos-base (0,28 ponto percentual), às 15h20. A distância entre ambos voltou a aumentar, depois de ter atingido cerca de 2 pontos-base no começo deste mês, com a resolução parcial da PEC dos Precatórios e a visão de que o Banco Central não deveria subir tanto os juros no ano que vem, leitura que era feita antes do Copom da última quarta-feira (8).

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Na visão de analistas, a promulgação de parte da PEC dos Precatórios aliada ao processo de elevação de juros por mais tempo e uma inflação abaixo do esperado para novembro ajudaram a fazer com que as taxas pagas pelos papéis de prazo mais longo diminuíssem bastante nos últimos dias. Esse movimento é oposto ao que ocorreu na parte mais curta da curva, onde as taxas subiram devido ao tom mais duro do Copom.

Já entre os papéis atrelados à inflação, o único papel que apresentava alta nos juros era o Tesouro IPCA + 2026. Às 15h20, os retornos reais oferecidos por esse título eram de 4,87% ao ano, contra 4,85% na sessão anterior. No mesmo horário, os papéis com vencimento em 2055 e com pagamento de juros semestrais ofereciam remunerações reais de 5,05% ao ano, em linha com os 5,06% registrados na sexta-feira (10) e acima dos 5,01%, do começo das negociações.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta segunda-feira (13): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Focus

Dentro da agenda econômica, agentes financeiros repercutem as novas revisões do Relatório Focus divulgado hoje. Ainda que as projeções para a inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tenham sido reduzidas neste ano, a atividade seguirá demonstrando sinais de fraqueza neste ano – que tendem a piorar em 2022.

No documento divulgado hoje, os economistas consultados pela autoridade monetária reduziram de 4,71% para 4,65% as estimativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021. Para 2022, a expectativa agora é de expansão de 0,50% da atividade, ante projeção anterior de 0,51%.

Por fim, no câmbio, as estimativas para 2021 foram elevadas, de R$ 5,56 para R$ 5,59. Já para o fim do próximo ano, a expectativa é de que o dólar seja negociado a R$ 5,55 – a mesma projeção da semana passada.

PEC dos Precatórios, Guedes e passaporte da vacina

Na agenda política, investidores aguardam novidades sobre a PEC dos Precatórios. Os trechos da proposta que não foram acordados entre a Câmara e o Senado serão apensados a outra emenda, que será pautada no plenário da Câmara amanhã (14).

Isso ocorre porque os trechos consensuais tiveram a sua promulgação realizada na última quarta-feira (8), abrindo espaço para o financiamento do Auxílio Brasil de R$ 400.

Também na agenda política, o governo federal deve editar uma nova portaria com regras para entrada de viajantes no Brasil, atendendo à decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os detalhes da medida foram discutidos em reunião, realizada ontem (12), no Palácio do Planalto. O presidente Jair Bolsonaro é contrário ao passaporte da vacina, usado em grande parte dos países e defendido por especialistas para frear o contágio pelo vírus.

Investidores também acompanham declarações dadas ontem por Paulo Guedes, ministro da Economia, em entrevista ao Canal Livre, da Band TV.

Na ocasião, o ministro da Economia disse acreditar na resiliência da economia brasileira, embora tenha admito que o país tem problemas.

“É verdade que temos problemas, é verdade que temos um futuro aberto a nossa frente. O Brasil é a maior fronteira de investimento aberta, fez várias reformas estruturantes importantes, está com a dívida PIB bem abaixo do que foi previsto, então o futuro está nas nossas mãos”, disse o ministro.

Cenário internacional

Enquanto isso, na cena externa, as bolsas americanas recuam na tarde desta segunda-feira. Às 16h (horário de Brasília), o S&P e o Dow Jones apresentam queda de 0,68% e de 0,75%, respectivamente. Já o Nasdaq contrai um pouco mais ao cair 1,10%.

Investidores aguardam novidades sobre a condução da política monetária nos Estados Unidos. Na quarta-feira (15), o Comitê de Mercado Aberto do Banco Central dos EUA (Fomc, na sigla em inglês) se reúne e deve dar o tom da retirada de estímulos à economia americana.

Na Europa, os mercados europeus operam em queda à medida em que as decisões de política monetária ocupam o centro das atenções. Além do Federal Reserve dos EUA, o Banco do Japão, o Banco da Inglaterra e o Banco Central Europeu devem tomar decisões de política monetária e de estímulos nesta semana.

A geopolítica também continua em foco. Ontem (12), ministros das Relações Exteriores do G7 alertaram a Rússia para diminuir suas atividades na Ucrânia ou enfrentar “consequências massivas”.

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