Tesouro Direto: taxas dos títulos públicos caem, apesar de anúncio do Fed e de alta do rendimento dos Treasuries

Prefixados oferecem até 12,55% ao ano; investidores aguardam decisão sobre a Selic

Bruna Furlani Katherine Rivas

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As taxas dos títulos públicos operam em queda nesta quarta-feira (16), em um movimento contrário ao de avanço no rendimento dos Treasuries, que são os títulos americanos, após o anúncio do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos.

Segundo Flavio Serrano, economista-chefe da Greenbay Investimentos, após o tom mais ‘hawkish’ (mais inclinado ao aperto monetário) do Fed adotado no comunicado, os juros passaram a subir com mais vigor.

Serrano destaca que não foi apenas a alta que pressionou a curva de juros e sim os documentos auxiliares que mostram que o Fed deverá subir os juros em 0,25 ponto percentual em todas as reuniões. O banco central americano projeta juros entre 1,75% e 2% até o final do ano e mais três aumentos em 2023.

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“O Fed anunciou que deve reduzir as compras de títulos já no próximo encontro”, destaca Serrano, que justifica que este movimento acaba pressionando a curva de juros brasileira.

Sem iniciar o seu programa de diminuição de ativos logo, André Perfeito, economista-chefe da Necton, destaca que o Fed acabou soando frouxo fazendo assim os juros curtos dispararem.

“A decisão não agradou os investidores e deve reforçar o sentimento que será necessário mais altas de juros por lá”, apontou ele em comentário.

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Segundo Perfeito, esse mal-estar jogaria pressão no Banco Central que deve anunciar ainda hoje a nova taxa básica de juros.

Mesmo com esse movimento de alta do mercado, as taxas dos títulos públicos cediam como sinal de precificação destas políticas monetárias.

Dentro do Tesouro Direto, as taxas dos títulos prefixados recuavam. A maior queda era do Tesouro Prefixado 2029 que oferecia uma rentabilidade anual de 12,44%, abaixo dos 12,52% vistos ontem.

Enquanto o Tesouro Prefixado 2025 e Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, entregavam um retorno anual de 12,55% e 12,54%, respectivamente, inferior aos 12,57% e 12,58% da terça-feira (15).

Nos títulos atrelados ao IPCA, a maior queda era do Tesouro IPCA+ 2032, com juros semestrais, que apresentava uma rentabilidade real de 5,84%, abaixo dos 5,87% da sessão anterior.

As taxas dos outros títulos recuavam 2 pontos-base ou operavam com estabilidade.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta quarta-feira (16): 

Fed eleva juros em 0,25 ponto percentual

O Federal Reserve anunciou o tão esperado aumento de taxa de juros, o primeiro desde 2018, em 0,25 ponto percentual, para um intervalo entre 0,25% e 0,5%, conforme comunicado após conclusão da reunião do Fomc (Federal Open Market Commitee) desta quarta-feira (16).

decisão era esperada há algum tempo e já elevou o custo das hipotecas residenciais e outros tipos de crédito em antecipação à atuação do Fed para conter a alta dos preços, que já está no ritmo mais forte em 40 anos.

Junto com a decisão, o comitê também apontou altas nas taxas em cada uma das seis reuniões restantes deste ano, projetando juros entre 1,75% e 2% até o final do ano. O comitê vê mais três aumentos em 2023.

Serviços

Um dos destaques da cena local está nos dados de serviços. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de serviços no Brasil registrou variação negativa de 0,1% em janeiro de 2022 na comparação mensal. Na base anual, a alta foi de 9,5%.

A projeção do consenso Refinitiv era de alta de 0,2% frente a dezembro e de 9,3% na comparação anual.

Com o resultado de janeiro, o setor ficou 7% acima do patamar pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020, e está operando em nível pouco abaixo de agosto de 2015. No entanto, o setor ainda se encontra 5,2% abaixo do pico da série, registrado em novembro de 2014.

Copom

Mesmo diante de um quadro de inflação que inspira cuidados, a aposta majoritária (96%) de gestores de fundos multimercados do tipo macro é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) eleve a Selic em 1 ponto percentual nesta quarta-feira (16), para 11,75% ao ano.

A visão está em linha com o comunicado da última ata do Copom, em que o Comitê destacou que os próximos passos envolviam a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros.

O levantamento foi feito pela XP Investimentos, com 26 casas, entre segunda-feira (14) e terça-feira (15) desta semana. Apenas 4% das casas responderam que esperavam altas maiores de 1,25 ponto percentual.

A pesquisa também trouxe mudanças sobre os próximos passos do Copom. Agora, 72% dos gestores disseram que o ciclo de alta dos juros deve se estender até junho e não mais até maio, como previa o levantamento anterior. Chama a atenção também o fato de que 12% das gestoras acreditam que o BC pode ir além e elevar os juros até agosto deste ano.

Com a piora do quadro geopolítico em meio ao conflito entre Rússia e Ucrânia, quatro em cada dez casas (36%) agora esperam que a Selic termine em 13,25% ao ano no fim de 2022. Anteriormente, o ponto médio das apostas estava em uma taxa básica de juros encerrando o ano o ciclo em 12%. E apenas 8% das gestoras veem potencial para que a taxa básica de juros avance até 13,75%.