Tesouro Direto: juro mínimo de prefixado volta ao patamar de 12% e papéis atrelados à inflação oferecem até 5,95%

Investidores monitoram novos dados de inflação vindos dos EUA e números de serviço do Brasil

Bruna Furlani

(Shuterstock)

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Os retornos oferecidos pelos títulos públicos no Tesouro Direto registram mais um dia de movimento misto na tarde desta quinta-feira (11). Papéis prefixados apresentam alta nas taxas, enquanto títulos atrelados à inflação são negociados em estabilidade, em sua maioria.

Números de inflação vindos dos Estados Unidos estão no centro das atenções hoje. Após a surpresa com dados mais favoráveis do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) na véspera (10), o foco está no índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês).

Segundo o Departamento do Trabalho americano, o PPI recuou 0,5% em julho, na base mensal, conforme dados com ajustes sazonais. O resultado veio muito melhor do que o esperado na comparação com o mês anterior. Já nos últimos 12 meses, o indicador avançou 9,8%, abaixo do esperado pelo consenso Refinitiv.

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Após registrar recuo nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano (treasuries) no começo da manhã, as taxas oferecidas pelos papéis avançavam, na maioria dos vencimentos, por volta das 16h50 (horário de Brasília). A maior parte dos investidores acredita que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) terá que elevar os juros em 0,50 ponto percentual em setembro, segundo informações do CME Group.

Mais dados de atividade econômica também são monitorados de perto no Brasil, com a divulgação do setor de serviços, que teve alta de 0,7% em junho, na comparação mensal – acima do esperado pelo mercado. Na última semana, as vendas no varejo e os números da produção industrial frustraram economistas, ao recuar 1,4% e 0,4% em junho, respectivamente.

Após perder o patamar mínimo de 12% ao ano nas duas últimas sessões, as taxas entregues por prefixados retomaram o piso no Tesouro Direto na tarde desta quinta-feira. Na última atualização do dia, o Tesouro Prefixado 2025 oferecia juro de 12%, acima dos 11,95% vistos na véspera (11) e dos 11,91% registrados no começo da manhã.

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Papéis atrelados à inflação, por sua vez, ofereciam taxas reais de até 5,95% ao ano, caso do Tesouro IPCA+2055, percentual que está em linha com os 5,96% registrados um dia antes. No início dos negócios, a remuneração real entregue pelo título foi de 5,91% ao ano.

As negociações do Tesouro IPCA+2032 e o 2040, ambos com juros semestrais, seguem suspensas desde a última segunda-feira (9), em função do pagamento de juros agendado para o dia 15 de agosto de 2022.

Por regra do Tesouro Direto, o investimento em títulos que têm cupom de juros é suspenso quatro dias úteis antes da data do pagamento. Da mesma forma, há mudanças nos resgates, que são interrompidos dois dias úteis antes do pagamento do cupom.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta quinta-feira (11): 

Fonte: Tesouro Direto

PPI e commodities

Na cena externa, destaque para o PPI. A retração do indicador foi impulsionada por um forte recuo de 1,8% nos preços dos bens de demanda final. Em contrapartida, os preços de serviços de demanda final avançaram 0,1%.

A forte queda nos bens foi a maior desde abril de 2020, e 80% da retração foi causada pela gasolina 16,7% mais barata, segundo a Secretaria de Estatísticas Trabalhistas (Bureau of Labor Statistics, ou BLS na sigla em inglês), órgão ligado ao Departamento do Trabalho americano.

Já o PPI menos alimentos, energia e serviços comerciais subiu 0,2% no mês passado e desacelerou, de uma alta de 6,4% em junho para 5,8% em julho no acumulado em 12 meses.

Os contratos futuros de petróleo, por sua vez, apresentam alta nesta quinta-feira (11), após abrirem no vermelho. Investidores antecipam maior oferta de petróleo no mercado, juntamente com uma demanda mais fraca.

Recuo no diesel

A Petrobras (PETR3;PETR4) anunciou nesta quinta-feira, 11, a segunda queda do diesel no espaço de uma semana, a segunda também desde a entrada do novo presidente da estatal, Caio Paes de Andrade. A redução de 4% – ou R$ 0,22 por litro – começa a vigorar a partir da sexta-feira (12) nas refinarias da empresa, com o diesel passando a ser negociado ao preço de R$ 5,19 por litro. O preço da gasolina permanece inalterado.

A queda no diesel acontece em um momento em que o petróleo volta a subir no mercado internacional, após vários dias em queda, mas se mantém abaixo dos US$ 100 o barril.

Segundo a Petrobras, “essa redução acompanha a evolução dos preços de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para o diesel, e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio”, disse a companhia em nota.

Dívida pública e risco de violência política

Enquanto isso, na seara política, Paulo Guedes, ministro da Economia, citou que o alvo central para a relação entre a dívida bruta e o Produto Interno Bruto (PIB) de países emergentes, como o Brasil, e com grau de investimento, seria 60%.

Porém, segundo o ministro, a banda poderia ficar entre 50% e 70%, segundo informações do jornal O Estado de S.Paulo e da CNN.

Guedes procurou deixar claro que a regulamentação da meta para a dívida não tem relação com o aumento de gastos com o programas sociais, incluído em Proposta de Emenda Constitucional (PEC) aprovada pelo Congresso, segundo o jornal O Estado de S.Paulo.

“Teto é bandeira, não é dogma”, afirmou ao jornal. O ministro disse ainda que não abre mão do teto de gastos, mas não descarta ajustes. Segundo ele, o arcabouço fiscal ganhará ferramentas adicionais de controle, porém o desenho final não está fechado.

De olho nas eleições, analistas alertaram para o risco de violência política, embora acreditem que a chance de uma ruptura institucional às vésperas do pleito são baixas.

Para muitos especialistas do mercado ouvidos pelo InfoMoney, o desempenho de indicadores econômicos, a safra de balanços corporativos e o humor de investidores internacionais parecem ter impacto maior sobre as decisões de investimentos neste momento do que ameaças vindas do Palácio do Planalto.

Apesar disso, cientistas políticos alertam para o elevado nível de polarização e o acirramento de discursos, observados a poucos dias do pontapé inicial do período de campanhas eleitorais, que aumentam a possibilidade de episódios de violência política e situações mais frequentes de choques entre instituições ao longo dos próximos meses.