Tesouro Direto: taxas recuam com China e incertezas na política local

Prefixados oferecem até 12,56% na tarde desta segunda-feira

Bruna Furlani Katherine Rivas

(GettyImages)

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As taxas dos títulos públicos recuam na tarde desta segunda-feira (16). A rentabilidade dos prefixados encolhe em até 24 pontos-base, enquanto as taxas dos títulos atrelados à inflação apresentam queda.

Segundo Cristiane Quartalori, economista do Banco Ourinvest, as taxas de juros operaram praticamente estáveis durante boa parte do dia, mas depois apresentaram certa oscilação por conta da volatilidade.

A economista destaca alguns fatores que contribuíram com a volatilidade, um deles é o ritmo de crescimento da China. As vendas no varejo e os dados de produção industrial chinês recuaram abaixo do esperado pelo mercado. Apesar dos temores de desaceleração no País, o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) manteve a taxa de juros inalterada.

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Pesaram também a guerra no Leste Europeu com a entrada da Finlândia na Otan e as incertezas com o quadro político interno.

“Por hora, o mercado segue precificando mais um aumento da Selic para a próxima reunião”, aponta Cristiane.

No radar do mercado e que pode impactar as próximas sessões, ela destaca os dados de inflação nos Estados Unidos e os discursos dos dirigentes do Federal Reserve. “O Brasil deve seguir o comportamento do cenário externo”, avalia.

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Dentro do Tesouro Direto, a maior queda era nas taxas do título prefixado de longo prazo. O Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, oferecia uma rentabilidade anual de 12,49%, inferior aos 12,73% da sessão anterior.

Enquanto o Tesouro Prefixado 2025 e o Tesouro Prefixado 2029, apresentavam um retorno anual de 12,56% e 12,42%, respectivamente, abaixo dos 12,66% e 12,62% vistos na sexta-feira (13).

Nos títulos atrelados à inflação, a maioria das taxas recuavam entre 4 e 9 pontos-base.

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No caso dos papéis atrelados à inflação, a remuneração real máxima oferecida era de 5,76%. Esse percentual era entregue pelo Tesouro IPCA +2055, que voltou a ser negociado nesta segunda-feira, com o pagamento do cupom.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta segunda-feira (16): 

China e Otan

Diante dos temores de desaceleração, a China voltou a ficar no centro das atenções dos investidores. As vendas no varejo da China recuaram 11,1% na comparação anual de abril, segundo informou hoje o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, pela sigla em inglês).

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A contração superou a expectativa de economistas consultados pelo The Wall Street Journal, que esperavam queda de 5,4%. O resultado também foi pior do que o apurado em março, negativo em 3,5%.

A produção industrial da China, por sua vez, caiu 2,9% na comparação anual. O dado foi inferior ao crescimento de 1,0% previsto pelo mercado e à expansão de 5,0% vista em março.

Apesar dos temores de desaceleração econômica, o Banco do Povo da China (PBoC, banco central chinês) manteve as taxas de juros inalteradas nesta segunda-feira. A autoridade monetária, porém, reduziu a taxa de hipoteca para compradores do primeiro imóvel.

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A invasão da Rússia à Ucrânia começa a mudar efetivamente a geopolítica na Europa. Países que historicamente adotaram uma posição geopolítica neutra, agora estão decidindo aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

A primeira foi a Finlândia, que confirmou ontem (15) que vai pedir para entrar na aliança militar, rompendo sua histórica política de neutralidade entre os países ocidentais e a Rússia.

A decisão ocorreu um dia após Vladimir Putin, presidente russo, advertir Sauli Niinisto, presidente da Finlândia, de que a medida seria um “erro”.

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Visões do Fed

Presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Nova York e, nesta condição, membro votante fixo do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), John Williams disse esperar uma série de altas de juros nos EUA, à medida que o BC dos Estados Unidos combate a forte inflação no país.

Segundo ele, a escalada dos preços é o “problema número um” da entidade, que está muito focada em reduzir os custos.

Fatores “muito complexos” estão afetando a oferta e a demanda e é necessário que os juros subam rapidamente, disse Williams, que prevê mais um aumento de 50 pontos-base na taxa dos Fed funds em maio. No longo prazo, a trajetória do juro dependerá de como evolui a economia, segundo o banqueiro central, que espera uma moderação significativa da inflação em 2023.

Otimista, Williams afirmou que a economia norte-americana não precisa enfraquecer para que os níveis de demanda reduzam.
Para ele, a maior parte dos setores desequilibrados podem ser apropriadamente ajustados pelas ações de política monetária do Fed.

Ao mesmo tempo, ele alertou que a guerra na Ucrânia provocará mais aumentos de preços de alimentos, enquanto a atual volatilidade nos mercados é consequência, em grande parte, de fatores externos.

Por isso, há preocupação para se mover rapidamente no aperto monetário, inclusive com a redução do balanço de ativos, destacou. Para o presidente do Fed de NY, não há disfuncionalidade no mercado de Treasuries em decorrências das ações do BC. (Estadão Conteúdo).

Petrobras no foco

O presidente Bolsonaro voltou a criticar lucro da Petrobras (PETR3;PETR4) e diz que empresa quer ser “campeã do mundo”

De acordo com o Portal UOL, o presidente ressaltou que “todos têm que ter consciência, apertar o cinto e salvar o Brasil”. “Todas as petroleiras diminuíram seus lucros, exceto a Petrobras Futebol Clube. Essa está preocupada em ser a campeã do mundo”.

“Enquanto nós pensamos em ser campeões brasileiros, a Petrobras quer ser campeã do mundo. Nada contra a empresa ter lucro. Tem que ter lucro, senão não existe mercado livre, não existe democracia. Ser contra o capitalismo, a gente sabe que isso não dá certo”, disse o presidente da República.

Bolsonaro fez um alerta ao comando da estatal: “e aí a gente é obrigado a mexer nas peças do tabuleiro. Dói mandar alguém embora ou quando alguém pede para ir embora? Dói, não é fácil, mas as coisas acontecem e nós temos que mudar. Pior que uma decisão mal tomada é uma indecisão”.