Finlândia confirma pedido de adesão à Otan; Putin alerta sobre ‘erro’

Invasão à Ucrânia começa a mudar geopolítica europeia menos de 3 meses após seu início; partido governista da Suécia agora apoia adesão à aliança militar

Equipe InfoMoney

A premiê da Finlândia, Sanna Marin, e o presidente do país, Sauli Niinisto, anunciam candidatura finlandesa à Otan (Foto: ANSA)

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A invasão da Rússia à Ucrânia começa a mudar efetivamente a geopolítica na Europa menos de três meses após o seu início, com países que historicamente adotam uma posição geopolítica neutra decidindo aderir à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A primeira foi a Finlândia, que confirmou no domingo (15) que vai pedir para entrar na aliança militar, rompendo sua histórica política de neutralidade entre os países ocidentais e a Rússia.

A decisão ocorreu um dia após o presidente russo, Vladimir Putin, advertir o presidente finlandês, Sauli Niinisto, de que a medida seria um “erro”. Segundo a agência estatal de notícias russa Tass, Putin afirmou a Niinisto, em uma conversa por telefone no sábado (14), que Moscou não representa “ameaças à segurança” de Helsinque e que a entrada na Otan poderia “influenciar negativamente as relações com a Rússia”.

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Já Niinisto divulgou um comunicado em que afirma que a invasão russa à Ucrânia “alterou o ambiente de segurança da Finlândia” e que a conversa com Putin “foi direta e franca e conduzida sem irritação”, pois “evitar tensões foi considerado
importante”. Foi o líder finlandês que teve a iniciativa de telefonar para o russo.

Também no domingo (15), o partido governista da Suécia afirmou que apoia a candidatura do país a se tornar membro da aliança militar, pavimentando o caminho para a adesão formal de Estocolmo. Dono da maior bancada no Parlamento sueco, o Partido Social-Democrata, da premiê Magdalena Andersson, sempre foi contra a entrada do país na Otan, mas mudou de ideia após a invasão russa à Ucrânia e o anúncio da candidatura da vizinha Finlândia.

1,3 mil km de fronteira

Tanto a Finlândia quanto a Suécia fazem parte da União Europeia e mantêm parcerias com a aliança militar, mas não têm hoje a garantia de proteção no caso de uma eventual agressão externa, assim como ocorreu na Ucrânia (pelas regras da Otan, se um estado-membro é atacado todos os outros são obrigados a defendê-lo). A situação é mais delicada na Finlândia, que tem 1,3 mil quilômetros de fronteira com a Rússia.

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Pesquisas de opinião mostram que a maioria da população dos dois países escandinavos agora aprova a entrada na aliança militar, um sentimento crescente desde o início da invasão russa à Ucrânia. Outro governo que faz parte da UE mas é historicamente neutro na relação entre o Ocidente e a Rússia, a Áustria reiterou nesta segunda-feira (16) que não entrará na Otan, mas criticou o presidente russo.

“A estratégia de Vladimir Putin, com o ingresso de Finlândia e Suécia na Otan, escorregou por suas mãos. A Áustria permanecerá neutra, mas isso é, sem dúvidas, mais um sinal da unidade europeia”, afirmou o ministro das Relações Exteriores austríaco, Alexander Schallenberg, antes de uma reunião do bloco europeu em Bruxelas.

Possível impasse da Turquia

Já a Otan e os Estados Unidos disseram no domingo estarem confiantes de que a Turquia não vai impedir o ingresso da Finlândia e da Suécia na aliança militar ocidental, após o governo turco surpreender seus aliados nos últimos dias ao dizer que tem ressalvas a respeito das adesões dos dois países ao bloco militar.

A Turquia, dona do segundo maior exército da Otan, pede aos países nórdicos que suspendam o apoio a grupos militantes curdos presentes em seu território e também suspendam as proibições de algumas vendas de armas para a Turquia.

“Estou confiante de que seremos capazes de absorver as preocupações expressas pela Turquia, de forma que a adesão dos dois países não atrase”, disse o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg. “Estou muito confiante de que chegaremos a um consenso sobre isso”, afirmou o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, acrescentando que a Otan é “um lugar para o diálogo”.

* Com informações das agências de notícias ANSA e Reuters.