Tesouro Direto: em semana de Copom, juros dos títulos públicos revertem alta e passam a cair

Investidores monitoram piora das estimativas para a expansão da economia em 2021 e em 2022, além de revisões para a Selic em 2023

Bruna Furlani

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Na semana em que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decide sobre a nova taxa básica de juros (Selic), economistas consultados pela autoridade monetária voltaram a revisar as perspectivas para a inflação oficial e para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano e no próximo.

Conforme o Relatório Focus divulgado nesta segunda-feira (6), a mediana das projeções agora aponta que a inflação oficial deve avançar para 10,18% este ano e 5,02% em 2022, ou seja, levemente acima do teto da meta do ano que vem. Uma semana antes, a expectativa era que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) terminaria em 10,15% e 5,00%, respectivamente.

Atenção ainda para a PEC dos Precatórios. Como o texto aprovado no Senado alterou a proposta da Câmara, parlamentares avaliam como promulgar os trechos em comum entre as duas Casas ainda neste ano.

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Nesse contexto, a maioria dos títulos públicos opera com recuo nas taxas, na atualização das 15h20 desta segunda-feira (6), revertendo a alta vista no começo dos negócios. Durante a tarde, a queda é maior entre os papéis prefixados.

O Tesouro Prefixado com vencimento em 2024, por exemplo, oferecia retorno de 11,00% ao ano, abaixo dos 11,10% ao ano, vistos no início da manhã, e dos 11,06% ao ano, registrados na última sessão. Nesse mesmo horário, o Tesouro Prefixado 2026 pagava juros de 10,88% ao ano, contra 10,97% na tarde de sexta-feira (3).

Enquanto isso, o papel prefixado com vencimento em 2031 oferecia retorno de 10,95% ao ano. Esse percentual representa um recuo em relação aos 11,01%, registrados anteriormente, e na comparação com os 11,06% ao ano, vistos no início das negociações de hoje.

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A última vez que esse papel tinha registrado retorno abaixo de 11% tinha sido em 7 de outubro deste ano, quando o juro pago foi de 10,97% ao ano.

Na segunda atualização da tarde, os juros reais do Tesouro IPCA + 2026 recuavam de 4,91% para 4,85%. Na sexta-feira (3), o retorno real oferecido era de 5,09%. Da mesma forma, o Tesouro IPCA+ 2055, com pagamento semestral de juros, oferecia rentabilidade real de 5,18% ao ano, abaixo dos 5,24% ao ano, registrados durante a manhã, e dos 5,22%, da tarde de sexta-feira (3).

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta segunda-feira (6): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Focus e produção de veículos

Um dos destaques da agenda econômica está na revisão para baixo do mercado financeiro – pela oitava semana – das projeções para o desempenho da economia brasileira este ano. Agora, a expectativa é de crescimento de 4,71% para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, ante projeção anterior de 4,78%. Para 2022, as estimativas também sofreram piora, pela nona vez consecutiva, de 0,58% para expansão de 0,51%.

Os dados constam no Relatório Focus e foram divulgados na manhã desta segunda-feira (6) pelo Banco Central.

Embora as pressões de parte dos agentes financeiros sigam presentes para que o Banco Central adote uma postura mais dura para conter as pressões inflacionárias, a expectativa, segundo o Focus, é de alta de 1,5 ponto percentual da Selic, para 9,25% ao ano, sem mudanças em relação ao levantamento anterior.

Já para 2022, conforme trouxe o Focus, as expectativas são de Selic a 11,25% ao ano, também sem alterações. Entretanto, para 2023, o mercado elevou sua aposta para 8% ao ano.

Em relatório enviado a clientes, Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú, reforçou que o Banco Central deve elevar a taxa básica em 1,50 ponto percentual na próxima reunião.

Segundo o Itaú, a manutenção do ritmo de ajuste e a elevação da Selic para patamar “significativamente contracionista” ajudarão no processo de desinflação, mesmo que não sejam suficientes para garantir a convergência da inflação para a meta em 2022, que é de 3,5% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima.

Além disso, o economista espera que o comitê sinalize outro aumento de mesma magnitude para a reunião seguinte, em fevereiro, e que siga reforçando o alerta sobre a necessidade de reduzir a incerteza sobre as perspectivas fiscais.

“As autoridades também devem repetir a mensagem que a taxa Selic irá até o nível necessário para trazer a inflação para a meta no horizonte relevante para a política monetária. Esperamos que a taxa Selic atinja 11,75% a.a. ao fim do primeiro trimestre de 2022”, apontou Mesquita no documento.

Também na agenda econômica, investidores acompanham os números da indústria automobilística em novembro. Segundo dados divulgados nesta segunda-feira pela Associação Nacional dos Fabricantes de Autoveículos (Anfavea), foram licenciados 173 mil veículos, queda de 23,1% na comparação com o mesmo mês de 2020.

Com esse resultado, a indústria automobilística teve o pior novembro dos últimos 16 anos. Saiba mais nesta matéria.

PEC dos Precatórios, Orçamento e combustíveis

Na cena política, os impasses entre Câmara e Senado sobre o texto da PEC dos Precatórios estão no foco dos investidores. Isso porque a alteração da proposta no Senado fará com que ela precise retornar à Câmara.

Assim, a intenção dos congressistas, segundo Arthur Lira, presidente da Câmara (PP-AL), é pelo fatiamento do texto, promulgando apenas os pontos comuns aprovados nas duas Casas.

A aprovação da PEC dos Precatórios no Senado também alterou o cronograma do Orçamento de 2022 e agora o Congresso tem até o dia 17 de dezembro para votar a proposta.

Com isso, o novo calendário estipula uma tramitação “relâmpago” das principais decisões que determinarão o tamanho e o destino das verbas federais no próximo ano, que é de eleições presidenciais.

O relatório geral do Orçamento só deve ser conhecido em 16 de dezembro. Ou seja, haverá o intervalo de um dia entre a publicação do parecer e a votação na Comissão Mista de Orçamento (CMO) e no plenário.

Também na seara política, o mercado acompanha novidades da fala do presidente Jair Bolsonaro sobre reduções no preço dos combustíveis. Em entrevista ao site Poder 360, o presidente afirmou que o corte poderá acontecer nesta semana, mas não informou de quanto seria o ajuste, nem deu mais detalhes.

A Petrobras (PETR3;PETR4), por sua vez, informou em comunicado ao mercado nesta segunda-feira que não antecipa decisões de reajuste e reforça que não há nenhuma decisão tomada por seu Grupo Executivo de Mercado e Preços (GEMP) que ainda não tenha sido anunciada ao mercado.

Cena internacional

No radar externo, o foco dos agentes financeiros está nos Estados Unidos. Relatório divulgado pelo Morgan Stanley aponta que a decisão do Federal Reserve (Fed, na sigla em inglês), que é o banco central americano, de acelerar a redução de estímulos é uma ameaça maior às bolsas do que a nova variante ômicron.

“A diminuição de estímulos é um aperto nos mercados e levará à queda das avaliações, como sempre acontece nesta fase de qualquer processo de recuperação”, escreveram os estrategistas do banco.

No documento, os analistas do Morgan Stanley afirmaram ainda que esperam uma queda do S&P 500 e das avaliações das ações americanas.

De acordo com matéria da Bloomberg, os comentários são semelhantes aos de outros estrategistas, incluindo o time do JPMorgan, que citou a nova postura mais restritiva dos bancos centrais como maior risco para as bolsas.

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