Tesouro Direto: em dia de maior aversão a risco, papéis prefixados voltam a pagar retornos de 10,5% nesta 2ª

Títulos públicos com rendimentos atrelados à inflação têm novo dia de alta, com destaque para o papel com vencimento em 2055

Bruna Furlani

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SÃO PAULO – Em um dia de mal-estar no mercado internacional e de revisões para cima nas expectativas do mercado financeiro para inflação e taxa Selic e de atenções dos investidores voltadas para discussões sobre precatórios e votação da reforma tributária, os títulos públicos negociados via Tesouro Direto operavam em estabilidade ou apresentavam leve alta na tarde desta segunda-feira (16).

Papéis com retornos indexados à inflação têm novo dia de alta dos prêmios, com destaque para o papel com vencimento em 2055 e pagamento de juros semestrais, com juro real de 4,91% na atualização da tarde, contra 4,90%, na primeira atualização do dia. Um dia antes, o mesmo título também pagava juro real de 4,83%.

Da mesma forma, o juro real pago pelos papéis atrelados à inflação com vencimento em 2035 e 2045 recuava subia de 4,64%, na sexta, para 4,66% hoje.

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Entre os papéis prefixados, o juro do título prefixado com vencimento em 2024 oscilava próximo da estabilidade, em 9,44%, ante os 9,45% vistos na sexta-feira. O retorno do título com vencimento em 2026, por sua vez, avançava de 9,82% para 9,85%.

O juro pago pelo título prefixado com vencimento em 2031 e juros semestrais, por sua vez, subiu ao longo do dia para 10,46%, mas manteve o valor visto na sexta-feira.

A primeira atualização de preços do dia do Tesouro Direto foi divulgada com atraso hoje, às 10h15, assim como a segunda, que ocorreu apenas às 12h12. Ao ser questionado sobre o atraso, o Tesouro informou que a abertura ocorreu normalmente e que verificações internas diárias podem provocar atrasos ocasionais.

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A instituição também disse que não haveria alteração dos horários de precificações durante a tarde, o que não ocorreu novamente. A atualização feita após o almoço só foi publicada às 15h43.

Confira os preços e as taxas atualizadas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto nesta segunda-feira (16):

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Mais inflação e mais Selic

O destaque da agenda econômica local recaiu sobre os dados apresentados pelo relatório Focus, do Banco Central. O mercado financeiro aumentou pela segunda semana a projeção para a taxa Selic ao fim deste ano, de 7,25% para 7,50%. Com o ajuste, a estimativa para os juros em dezembro de 2022 também foi elevada, de 7,25% para 7,50%, o que sugere uma estabilidade da Selic ao longo do próximo ano.

Após aumento de um ponto percentual da Selic na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), para 5,25% em agosto, a expectativa dos economistas é de nova alta de mesma magnitude em setembro, levando os juros para 6,25% ao ano. Para o encontro de outubro, as projeções contidas no Focus apontam para Selic de 7,00% – ambas as estimativas sem alterações na comparação com o levantamento anterior.

As revisões na Selic ocorrem em um cenário em que as pressões inflacionárias seguem intensas. Pela 19ª semana consecutiva, o mercado revisou para cima suas projeções para a inflação em 2021, de 6,88% para 7,05%. Para 2022, as estimativas também foram elevadas, pela quarta semana, de 3,84% para 3,90%.

Precatórios, STF, novo Bolsa Família e reforma tributária

Na agenda política, o pagamento parcelado dos precatórios também segue no radar dos investidores, já que pode afetar a principal âncora fiscal do país, que é o teto de gastos. Em entrevista ao jornal Valor Econômico publicada nesta segunda-feira (16), Paulo Guedes, ministro da Economia, defendeu a necessidade de postergação do pagamento de precatórios para que o governo não tenha que suspender o funcionamento de órgãos públicos e até mesmo o pagamento de salários.

“O espaço que eu tenho neste ano, entre despesas obrigatórias e o teto de gastos, é de R$ 96 bilhões. Pegaram despesa de precatório de R$ 55 bilhões em 2021 e passaram para R$ 90 bilhões em 2022. Sem a solução que estamos propondo, ninguém recebe salário no setor público, nem ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Portanto, não se trata de acomodar despesas para pagar o novo Bolsa Família”, disse o ministro, na entrevista ao jornal.

O acirramento da tensão entre o poder Executivo e Judiciário também preocupa investidores. Em sua conta oficial no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, no último sábado (14), que levará a Rodrigo Pacheco (DEM), presidente do Senado, um pedido para que instaure um processo contra os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). Barroso também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Após afirmar que “todos sabem das consequências, internas e externas, de uma ruptura institucional, o presidente disse que os ministros “extrapolam com atos os limites constitucionais”.

Destaque ainda nesta sessão para o ataque de hackers sofrido pela Secretaria do Tesouro Nacional, na última sexta-feira (13) e revelado neste domingo. O Tesouro é o órgão do Ministério da Economia responsável pelas emissões soberanas e pelas operações dos títulos de dívida pública do país, como as do Tesouro Direto.

De acordo com o ministério, medidas de contenção foram aplicadas e a Polícia Federal, acionada. Inicialmente, as consequências da ação estão sendo avaliadas por especialistas de segurança do próprio Tesouro e da Secretaria de Governo Digital.

Em nota, a Secretaria do Tesouro Nacional e a B3, que é responsável pela operação do Tesouro Direto, afirmaram que o ataque à rede interna da Secretaria não afetou de forma alguma a plataforma do Tesouro Direto e que as compras e vendas puderam ser feitas normalmente.

Cena internacional

O dia também é de maior aversão ao risco no cenário externo, com queda da maior parte das bolsas mundiais. O mercado acompanha o aumento da tensão geopolítica após o Talibã reassumir o controle do Afeganistão.

De acordo com Roberto Attuch, CEO da Ohmresearch, a principal consequência do novo cenário para os mercados seria um enfraquecimento do presidente americano Joe Biden, com maior dificuldade para aprovação de medidas como o pacote trilionário de investimentos em infraestrutura do democrata. Jennie Li, estrategista de ações da XP, chama ainda atenção para um aumento do medo ligado ao terrorismo com a vitória do grupo fundamentalista. Ambas as análises estão no canal do Telegram do InfoMoney.

O clima também é de preocupação com os dados econômicos da China relativos a julho, que mostraram que a economia do gigante asiático está sob pressão e que a variante delta pode estar afetando a retomada econômica do país. Houve alta de 8,5% nas vendas no varejo em julho na comparação anual, abaixo da expectativa de 11,5% e do avanço de 12,1% de junho, de acordo com expectativa de analistas divulgada pela agência Reuters.

A produção industrial, por sua vez, cresceu 6,4% em julho na comparação com o mesmo período de 2020. Analistas da Reuters esperavam aumento de 7,8% depois de a produção ter crescido 8,3% em junho.

Com o menor crescimento da China, as commodities operavam em queda nesta segunda. O petróleo WTI com vencimento em setembro caía 1,73%, enquanto o brent com vencimento em outubro recuava 1,54%, por volta das 15h30.

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