Tesouro Direto: mesmo com exterior e Copom no radar, taxas dos títulos públicos revertem alta e caem nesta 2ª

Investidores repercutem dia negativo na cena externa com preocupações sobre contágio da crise de crédito da empresa chinesa Evergrande

Bruna Furlani

(Getty Images)

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SÃO PAULO – A segunda-feira (20) segue com gosto amargo nos mercados mundiais, em um dia de forte aversão ao risco. O tom mais negativo é puxado pela queda no preço de algumas commodities e por preocupações de investidores com possível contágio da crise de crédito da gigante do setor imobiliário chinês Evergrande, além de perspectivas menores de estímulos pelos bancos centrais ao redor do mundo.

Na cena econômica local, o mercado também está atento às novas revisões para cima nas projeções para os juros em 2021 e em 2022, conforme mostrou hoje o Relatório Focus, do Banco Central. Nesta semana, dirigentes do BC se reúnem para decidir os próximos passos da política monetária brasileira.

Embora o cenário inspire mais cuidados, o mercado de títulos públicos apresenta queda nas taxas na tarde desta segunda-feira (20) e reverte movimento de alta visto no começo da manhã.

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Na atualização das 15h, a remuneração do título prefixado com vencimento em 2026 era de 10,43%, abaixo dos 10,56% vistos no início do dia. Na última sexta-feira (17), o mesmo título oferecia retorno de 10,52%. O juro pago pelo título com vencimento em 2031, por sua vez, recuava de 11,19%, no começo da manhã, para 11,06%, na tarde desta segunda-feira (20). Anteriormente, o papel oferecia rentabilidade de 11,14%.

Entre os papéis atrelados à inflação, o juro real oferecido pelo Tesouro IPCA+ com vencimento em 2035 e 2045 era de 4,76%, abaixo dos 4,78% vistos na sessão anterior. Já o retorno real do Tesouro IPCA com vencimento em 2055 e pagamento de juros semestrais se mantinha em 4,88% durante o dia, mesmo percentual de sexta-feira (17).

Confira os preços e as taxas atualizadas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta segunda-feira (20): 

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Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

China e Estados Unidos

O foco do mercado está na cena internacional. Investidores estão preocupados com a incorporadora chinesa Evergrande, que viu suas ações despencarem 10% em meio a temores sobre a capacidade da empresa em pagar uma parte da dívida de US$ 305 bilhões que vence nesta quinta-feira (23).

As incertezas sobre o pagamento provocaram a maior onda vendedora de ações do setor imobiliário em Hong Kong em mais de um ano e afetou vários segmentos, como papéis de bancos e seguradoras.

Em dia de feriado na China, o minério de ferro, por exemplo, cai mais de 8% e é negociado em US$ 92,80 em Singapura, acumulando uma baixa de 55% em apenas dois meses. O recuo é resultado da política de redução da produção de aço na China, de olho em metas ambientais, assim como a desaceleração do setor de construção.

O mercado também monitora com forte apreensão a reunião de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) nos EUA e que termina na quarta-feira (22).

Segundo levantamento feito pela Bloomberg, o Federal Reserve (banco central americano) deve indicar na reunião desta semana que está pronto para reduzir as compras mensais de ativos, com a expectativa de um anúncio formal em novembro.

A pesquisa com 52 economistas também prevê que o banco central dos Estados Unidos deve manter as taxas de juros próximas de zero até 2022, e fazer dois aumentos de 0,25 ponto percentual até o fim de 2023.

Focus e preço dos combustíveis

Aqui no Brasil, o destaque da agenda econômica está no Relatório Focus divulgado nesta segunda-feira (20) e que mostrou piora nas expectativas para os juros neste ano e no próximo.

Diante da forte pressão inflacionária, os economistas consultados pela autoridade monetária estimam agora uma taxa de juros de 8,25% em dezembro deste ano, acima dos 8,00% esperados anteriormente. Para 2022, também houve elevação na estimativa de alta da Selic, de 8,00% para 8,50% ao ano.

Nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para decidir o rumo da taxa básica de juros no país. A expectativa, segundo consta no Focus, é de aumento de 1 ponto percentual, para 6,25% ao ano, conforme esperado no último levantamento.

Já no encontro de outubro, as projeções seguem apontando para nova alta de mesma magnitude, levando a Selic para 7,25% ao ano.

Na esteira das elevações, as estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também foram revisadas para cima pela 24ª semana – desta vez, de 8,00% para 8,35%. As expectativas para 2022 também subiram, de 4,03% para 4,10%, na nona semana consecutiva de alta.

Na frente política, vinte governadores escreveram uma carta conjunta em que se defendem das acusações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o impacto do aumento do ICMS (imposto que incide sobre a circulação de mercadorias e serviços) no preço dos combustíveis.

Segundo o documento, nos últimos 12 meses, o preço da gasolina registrou um aumento superior a 40%, “embora nenhum estado tenha aumentado o ICMS incidente sobre os combustíveis”.

Para os governadores, o problema é nacional, “e, não somente, de uma unidade federativa”.

Ainda na cena política, quase sete em cada dez brasileiros (69%) dizem acreditar que a situação econômica do país piorou nos últimos seis meses, segundo pesquisa do Instituto Datafolha, publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, nesta segunda-feira (20). A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Durante o governo de Dilma Rousseff (PT), em 2015, o índice atingiu 82%. Na gestão de Michel Temer (MDB), em 2018, o indicador alcançou 72%.

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