Tesouro Direto: taxas dos títulos prefixados recuam com divergências entre ata do Copom e visão do mercado

Títulos prefixados ofereciam retorno anual de até 12,22% nesta terça-feira

Bruna Furlani Katherine Rivas

(Shutterstock)

Publicidade

As taxas dos títulos públicos operam em queda nesta terça-feira (22), o movimento é puxado por fatores locais com os investidores repercutindo a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, divulgada hoje.

Segundo Luciano Costa, economista-chefe da Kilima Asset, embora o Banco Central tenha deixado sinais na ata de que pretende encerrar o ciclo de alta da Selic em 12,75% ao ano, o mercado estaria reavaliando o cenário e dúvida da possibilidade.

Instituições como o Goldman Sachs projetam uma taxa terminal entre 13,00%-13,25%, já o Bradesco espera uma Selic a 13,25%, com mais duas altas este ano.

Oferta Exclusiva para Novos Clientes

CDB 230% do CDI

Destrave o seu acesso ao investimento que rende mais que o dobro da poupança e ganhe um presente exclusivo do InfoMoney

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Na ata, o Banco Central reforçou ainda que pode realizar ajuste de 1 ponto percentual na próxima reunião e deixou a porta aberta para adequar o tamanho do ciclo, caso seja necessário.

Costa destaca que esta discrepância entre a ata e o mercado acabou puxando a curva de juros curta, com as taxas avançando. Nos títulos públicos, entretanto, o movimento era inverso com as taxas dos prefixados curtos em queda.

Na parte média e longa da curva, o economista destaca um movimento de leve queda em função do fluxo de investidores, por conta do prêmio de risco por causa da piora das taxas curtas.

Continua depois da publicidade

Dentro do Tesouro Direto, a taxa do título prefixado de curto prazo era a que mais recuava. O Tesouro Prefixado 2025 entregava uma rentabilidade anual de 12,16%, inferior aos 12,24% vistos ontem.

Enquanto o Tesouro Prefixado 2029 apresentava um retorno anual de 12,10%, abaixo dos 12,16% da segunda-feira (21).

O Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, permanecia estável às 15h24.

A maioria dos títulos atrelados ao IPCA apresentavam estabilidade nas taxas. Apenas o Tesouro IPCA+ 2055, com juros semestrais, subia. O título público oferecia um retorno real de 5,83%, superior aos 5,81% vistos ontem.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta terça-feira (22): 

Ata do Copom

O destaque da cena local está na ata do Copom. Mais uma vez, o comitê apontou que “o conflito na Europa adiciona ainda mais incerteza e volatilidade” e que o choque de oferta em diversas commodities “recomenda que a política monetária reaja aos impactos secundários desse tipo de choque”.

Por isso, os dirigentes da autoridade monetária consideraram como “hipótese usual” o barril de petróleo a US$ 121 no fim de 2023, muito acima das projeções de mercado, “extrapolando para o todo o horizonte relevante da política monetária o preço do petróleo resultante de uma conjuntura internacional particularmente anômala”.

A ata do Copom reafirmou ainda que a expectativa é de um outro ajuste de 1 ponto percentual na Selic na próxima reunião e diz que a atual trajetória de juros, “significativamente contracionista”, “que tem impacto principalmente na inflação de 2023, é compatível com o combate aos efeitos de segunda ordem do atual choque de oferta”.

“Entretanto, caso o cenário prospectivo se mostre mais próximo ao observado no cenário de referência, o comitê avalia que este ciclo deverá ser ainda mais contracionista”, pondera o documento, mantendo a possibilidade de ampliar o ciclo de alta de juros.

Expectativa do mercado

O Goldman Sachs projeta que o Banco Central deve promover mais dois aumentos para a Selic em 2022.

Diante do cenário atual, com alta da inflação e choque dos preços das commodities, a projeção é que o BC aumente a Selic em 100 pontos-base na reunião de maio, para 12,75%, e “possivelmente um aumento final de 25bp-50bp na reunião de junho, para uma taxa terminal de 13,00%-13,25%”.

“Nossa convicção na alta de junho diminuiu após a ata. Em todos os casos, esperamos que o Copom espere até o início de 2023 para começar a cortar as taxas”, ressalta.

Enquanto o Bradesco BBI prevê Selic em 13,25%, com mais duas altas este ano.

Segundo a análise do banco, a ata de hoje do Banco Central foi clara em sua mensagem de uma taxa final em 12,75% e, para minimizar as incertezas à frente, quer chegar a esse nível mais rápido do que o esperado, por meio de uma alta final de 100bps na reunião em 4 de maio.

Entretanto, dada a inflação em alta e o cenário incerto (preços do petróleo e de outras commodities, conflitos geopolíticos, desafios fiscais, eleições à frente), “continuamos acreditando que o BC precisará fazer um ajuste adicional de 50bps após a reunião de maio, levando a taxa Selic a 13,25%”.

Radar externo

Os Estados Unidos devem lançar novo pacote de sanções na quinta-feira (24), junto com aliados europeus.

O conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, antecipou que o anúncio deve ser feito durante viagem do presidente norte-americano Joe Biden à Europa.

“Não vou antecipar um anúncio, que será lançado em conjunto com nossos aliados na quinta-feira, quando o presidente tiver a oportunidade de falar”, referindo-se a um novo pacote de sanções, conforme reportado pela CNN internacional.

“O que vou dizer é que um dos elementos-chave desse anúncio se concentrará não apenas em adicionar novas sanções, mas em garantir que haja um esforço conjunto para reprimir a evasão, a quebra de sanções, qualquer tentativa de qualquer país de ajudar a Rússia basicamente a minar, enfraquecer ou contornar as sanções”, explicou.