SPX: Possibilidade de impeachment deve contribuir para manutenção de gastos implementados com coronavírus

Gestora segue pessimista com o cenário econômico e vê riscos negativos relevantes, com aprofundamento da recessão global e seus efeitos fiscais

Beatriz Cutait

SÃO PAULO – Embora ressalte não ser seu cenário central, a SPX comentou sobre os efeitos de um impeachment na economia brasileira em sua carta aos cotistas da estratégia de multimercado referente ao mês de abril.

Aula Gratuita

Os Princípios da Riqueza

Thiago Godoy, o Papai Financeiro, desvenda os segredos dos maiores investidores do mundo nesta aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

A gestora de Rogério Xavier disse que a possibilidade de saída forçada do presidente Jair Bolsonaro deve, por si só, contribuir para a manutenção de alguns dos gastos implementados desde o início da pandemia, dado que os programas criados parecem ter ajudado a sustentar a popularidade do presidente brasileiro, em meio a uma série de notícias negativas.

O efeito dessa visão tende a aparecer no âmbito fiscal. “Sabemos que no futuro, se prosseguirmos rumo à discussão de um novo impeachment, isso irá pesar nas contas públicas, dado que o caminho natural é o presidente buscar aumento de programas de transferência de renda, o que naturalmente piora as contas públicas.”

O tom da SPX segue mais pessimista com a economia global e nacional. O cenário para o Brasil é “claramente negativo”, aponta a gestora, com o choque do coronavírus tendo pego o país em uma “posição frágil, com uma dívida pública extremamente elevada, vindo de déficits primários sequenciais e com um ambiente político conturbado”.

Há, portanto, grande incerteza em relação à solvência de médio prazo do Brasil, com pressão sobre o câmbio e a política monetária.

Com um tom crítico em relação aos constantes conflitos do presidente com os poderes Legislativo e Judiciário, a gestora vê uma piora na imagem do governo com a saída dos ministros da Saúde e da Justiça.

Riscos seguem relevantes

A melhora dos mercados em abril, com investidores mais otimistas com a situação, não acalmou a SPX. Pelo contrário. A gestora enfatiza que ainda vê riscos negativos relevantes em seu cenário econômico, ainda que ele já contemple uma queda substancial do PIB global.

“A implementação do relaxamento dos lockdowns deve ser mais complexa do que é esperado. Além disso, já vemos sinais de redução da integração das cadeias produtivas e intensificação da disputa por hegemonia entre a China e os EUA”, pontua a gestora, na carta.

Leia também:
Verde reduz marginalmente alocação no mercado americano, após rápida recuperação de abril
Os melhores fundos de ações e multimercados em abril e em doze meses

Atenta a dados preliminares apontando queda de 4,5% do PIB global no primeiro trimestre deste ano, a SPX espera retração em torno de 10% no segundo trimestre. E está atenta ao risco de uma nova onda de contaminações, que levaria a novas quarentenas e, consequentemente, a um aprofundamento da recessão global e seus efeitos fiscais.

“Avaliando o cenário prospectivo, nos preocupamos bastante com a economia global após a pandemia, pois sairemos dessa crise com a dívida dos governos em patamares muito elevados, visto que o mundo se endividou de forma expressiva para tentar reduzir os impactos econômicos e sociais da pandemia”, observa a SPX, ressaltando que a dívida da maior parte dos países europeus deve passar de 100% do PIB.

Alocações mantidas

No contexto descrito, a gestora não tem promovido alterações relevantes em seu portfólio.

A casa segue sem posições direcionais relevantes em juros, buscando alocações em países nos quais enxerga espaço para acomodação adicional ou nos quais enxerga distorções. No Brasil especificamente, a SPX continua com uma avaliação crítica aos cortes da Selic e considera um erro os juros ficarem tão baixos, com necessidade de reversão do movimento em breve.

No mercado acionário, a casa permanece sem alocações direcionais relevantes na Bolsa brasileira, priorizando, na parte internacional, alocações relativas, focando em setores e empresas mais resilientes.

A gestora tem posições compradas nos setores de consumo básico, saúde, tecnologia e empresas defensivas do setor industrial. As posições vendidas estão concentradas em índices e setores tidos como mais frágeis, como varejo, energia e automotivo.

No mercado de câmbio, a SPX segue vendida em moedas de países emergentes e, no que tange ao segmento de crédito da América Latina, permanece com posições compradas em alguns nomes específicos, mantendo instrumentos de hedge para as alocações.

Por fim, na parte de commodities, a casa tem posições vendidas em metais industriais e compradas, nos preciosos.

No mês de abril, o SPX Nimitz registrou ganho de 1,26%, ante um CDI de 0,28% no período. No acumulado do ano, o fundo multimercado tem alta de 2,81%, ante um CDI de 1,30%.

Quer viver do mercado financeiro ou ter renda extra? Experimente de graça o curso do Wilson Neto, um dos melhores scalpers do Brasil

Beatriz Cutait

Editora de investimentos do InfoMoney e planejadora financeira com certificação CFP, responsável pela cobertura do universo de investimentos financeiros, com foco em pessoa física.