Rendimento de CDBs de 3 anos sobe para quase 103% do CDI na média; taxa máxima chega a 115%

Remuneração de papéis prefixados e atrelados à inflação também aumentou em quinzena marcada por nova elevação da Selic pelo Copom

Equipe InfoMoney

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Os investidores têm observado (certamente com bons olhos) elevações recorrentes nos rendimentos das principais aplicações de renda fixa nos últimos meses – especialmente nas que demandam um horizonte de investimento de mais longo prazo.

Na última quinzena, o rendimento dos CDBs (Certificados de Depósito Bancário) pós-fixados com vencimento superior a três anos aumentou para uma média de 102,84% do CDI, frente a uma taxa anterior de 101,43% do CDI.

Foi o maior aumento de remuneração entre os CDBs pós-fixados de uma quinzena para a outra, segundo levantamento realizado pela Quantum Finance, empresa de soluções para o mercado financeiro, a pedido do InfoMoney. Os números consideram o período entre os dias 6 e 17 de junho. Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

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Os pós-fixado são o tipo mais comum de CDB disponível no mercado. Neles, o investidor sabe que indicador servirá de referência para a rentabilidade do papel desde o momento da aplicação. Mas não é possível ter certeza de qual será o retorno em reais, porque ele seguirá a dinâmica de variações do indicador. O retorno normalmente é expresso como um percentual da taxa do CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro), índice referência para investimentos de renda fixa.

Dentre os CDBs com prazos de três anos ou mais, a remuneração máxima encontrada ao longo da quinzena foi de 115% do CDI, oferecida pelo Banco Modal, também superior à de 110% do CDI verificada na quinzena entre os dias 23 de maio e 3 de junho.

Também subiu a rentabilidade dos CDBs de curtíssimo prazo, com vencimento em apenas três meses. Nesse caso, a taxa média alcançou 102,62% do CDI, ligeiramente acima dos 102,51% registrados na quinzena anterior.

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Já as taxas médias dos CDBs com vencimentos intermediários – em seis, 12 ou 24 meses – apresentaram leve recuo. Confira os detalhes na tabela abaixo:

Retornos brutos de CDBs indexados ao CDI (de 6 a 17/06)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
3 CDI 100% 102,62% 105,25% 43 BTG Pactual
6 CDI 97,50% 101,70% 105,50% 30 BTG Pactual, ABC Brasil
12 CDI 90% 101,06% 108% 28 Haitong
24 CDI 98% 99,11% 101% 19 BNB
36+ CDI 96% 102,84% 110%   20 Banco Modal

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

Na última semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu aumentar a taxa básica de juros, a Selic, em meio ponto percentual, para 13,25% ao ano. Um relatório da equipe de renda fixa da XP indica que, considerando os preços de mercado, a taxa Selic precificada é de 13,96% ao ano ao final de 2022. A XP, assim como a maior parte das instituições financeiras, projetam que o ciclo de elevação encerre com os juros a 13,75% ao ano.

Dado que, a essa altura, boa parte do mercado considera que o “grosso” da elevação da Selic já aconteceu, alguns CDBs passaram a oferecer percentuais do CDI mais altos, de modo a manter a atratividade dos papéis, avalia Rodrigo Caetano, analista de investimentos da Toro.

No comunicado divulgado junto com a decisão sobre os juros, o Copom sinalizou que poderá promover mais uma elevação da Selic na reunião de agosto, de igual ou menor magnitude que a realizada na semana passada.

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CDBs prefixados

Entre os CDBs prefixados, as taxas médias aumentaram para todos os vencimentos na última quinzena, em relação à anterior. A remuneração média mais elevada era encontrada nos papéis com vencimento em 12 meses: 13,71% ao ano, contra os 13,59% registrados para o mesmo vencimento no último levantamento.

Nesse tipo de aplicação, o investidor consegue saber exatamente a remuneração em reais que obterá até o vencimento do papel. Isso porque a taxa de juros é definida e informada já no momento da aplicação.

A taxa máxima entre os CDBs prefixados era oferecida para um papel emitido pelo BTG Pactual com vencimento em 12 meses, alcançando 14,11% ao ano. Já a mais baixa, de 12,45% ao ano, era também de um CDB do mesmo banco, porém com vencimento a partir de 36 meses.

Retornos brutos de CDBs prefixados (de 6 a 17/06)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
3 Prefixado 13,11% 13,39% 13,64% 40 BTG Pactual
6 Prefixado 13,35% 13,58% 14,00% 19 BTG Pactual
12 Prefixado 13,42% 13,71% 14,11% 29 BTG Pactual
24 Prefixado 13,57% 13,57% 13,57% 1 BTG Pactual
36+ Prefixado 12,45% 12,72% 13,00% 3 BTG Pactual

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

Embora entre uma quinzena e outra tenha havido um avanço na remuneração dos CDBs, acompanhando a elevação da Selic pelo Banco Central, de sexta-feira (17) para segunda (20) ocorreu uma acomodação, segundo Caetano. “Houve uma maior volatilidade na curva de juros futuros, com uma redução na segunda em relação às taxas praticadas na semana passada”, diz.

CDBs atrelados à inflação

As taxas médias também aumentaram entre os CDBs cuja remuneração é atrelada à inflação. Esses papéis oferecerem como retorno uma parcela prefixada, mais a variação de um índice de inflação – normalmente, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

Na média, os papéis com rendimento mais alto na última quinzena eram os de vencimento em 12 meses, com taxa de 6,65% ao ano. A taxa máxima encontrada nesse grupo de CDBs também era de um com prazo de 12 meses: 7,08% ao ano, do BTG Pactual.

Os CDBs com prazo de 24 meses ofereciam um retorno médio de 5,83% ao ano, enquanto os de 36 meses ou mais pagavam 5,58% anuais.

Retornos brutos de CDBs atrelados à inflação (de 6 a 17/06)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
12 IPCA 5,76% 6,65% 7,08% 139 BTG Pactual
24 IPCA 5,50% 5,83% 6,37% 21 BTG Pactual
36+ IPCA 5,10% 5,58% 6,10% 13 BTG Pactual

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

O que acompanhar nos próximos dias

Detalhamentos das decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos – onde o Fed (Federal Reserve, banco central americano) também elevou os juros, mas em 0,75 ponto percentual – estão no radar dos investidores nesta semana.

Localmente, a ata da última reunião do Copom saiu nesta terça-feira (21). No documento, o órgão admitiu que a inflação não deve convergir para o centro da meta em 2023, apesar da extensão do ciclo de alta de juros, e disse que a Selic vai precisar permanecer mais alta por mais tempo para combater a alta de preços.

A meta de inflação do BC para 2023 é de 3,25%, com uma margem de 1,5 ponto percentual (ou seja, ela será cumprida se ficar entre 1,75% e 4,75%), e a autoridade monetária fala agora em “trazer a inflação projetada em 4,0% para o redor da meta no horizonte relevante” (deixando de usar a expressão “centro da meta”, como já havia feito no comunicado divulgado após elevar a Selic para 13,25% ao ano).

O Copom diz que o IPCA não deve convergir para a meta mesmo com a continuação do clico de alta de juros e com a Selic mais alta por mais tempo (e acima do cenário de referência). Atualmente, o BC projeta uma taxa de juros de 13,25% ao ano no fim de 2022, 10,0% em 2023 e 7,50% em 2024; nessas condições, a inflação terminaria os respectivos anos em 8,8%, 4,0% e 2,7%, respectivamente.

“O Comitê avalia, com base nas projeções utilizadas e seu balanço de riscos, que a estratégia requerida para trazer a inflação projetada em 4,0% para o redor da meta no horizonte relevante conjuga, de um lado, taxa de juros terminal acima da utilizada no cenário de referência e, de outro, manutenção da taxa de juros em território significativamente contracionista por um período mais prolongado que o utilizado no cenário de referência”, diz a ata do Copom. “Dessa forma, a estratégia de convergência para o redor da meta exige uma taxa de juros mais contracionista do que o utilizado no cenário de referência por todo o horizonte relevante”.

A visão do comitê sobre o cenário também será destrinchada um pouco mais em uma coletiva de imprensa sobre política monetária prevista para quinta-feira (23). O Relatório Trimestral de Inflação do BC completo sairá na semana que vem.

Ainda no cenário doméstico, sai na sexta-feira (24) o resultado do IPCA-15 de junho, importante para monitorar o ritmo de avanço da inflação. O indicador é considerado uma prévia da inflação oficial. O Itaú antecipa um aumento mensal de 0,74%, levando a taxa anual a 12,10% (de 12,20% em maio). Já o Bradesco espera uma alta mensal de 0,73%.

Lá fora, os destaques serão os discursos de dirigentes do Fed repercutindo a decisão alta de juros. “Além disso, teremos a decisão de juros da China, a divulgação da inflação ao produtor da Alemanha em maio e a prévia de junho de índices de gerentes de compras (PMI) de países desenvolvidos”, aponta relatório da XP.