R$ 4,5 bilhões mal aplicados: por que até os milionários gostam de perder dinheiro na poupança?

Os ricaços não deveriam ter uma desculpa para deixar o dinheiro parado no pior investimento

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – Ao contrário do que o senso comum imagina, que os milionários têm mais conhecimento financeiro, são melhor assessorados etc., um levantamento divulgado pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) mostrou que os ricaços ainda não administram seus recursos da melhor forma, mantendo R$ 4,5 bilhões aplicados na caderneta de poupança.

Para se ter uma ideia, o rendimento da “queridinha” dos brasileiros é de apenas 0,37% ao mês, ou seja, se você tivesse investido R$ 10 mil agora por um período de quatro anos, esse valor renderia R$ 1.777,01 na poupança. Por outro lado, se tivesse optado por um CDB de 122% do CDI, por exemplo, o ganho seria de R$ 3.195,29. Mas se o investimento é tão ruim, por que essas pessoas ainda deixam o dinheiro lá?

Daiane Reis, assessora de investimentos na Monte Bravo Investimentos, explica que a cultura do brasileiro é ter o banco como referência para tudo – vale lembrar que todos nós recebemos “nossos salários” em uma conta bancária; aí já começa a conexão. Nessa mesma linha, as pessoas veem a poupança como o investimento mais livre de risco – embora a grande maioria saiba que ela não rende “nada”. “O movimento de ‘desbancarização’ dos investimentos começou há décadas em países mais desenvolvidos, e desde 2014 chegou no Brasil. Antes, 99% da população brasileira investia no bancos, e apenas 1% nos ‘demais’. Hoje, esse percentual já mudou para 5%, mas ainda temos todo o mercado para explorar e para ajudar o brasileiro a investir melhor”, diz.

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Reis conta que muitas pessoas acreditam que investir em uma corretora necessariamente implica em renda variável e ações, o que não é verdade. “Hoje temos plataformas com aplicações conservadoras, como CDBs, LCI, LCA, Tesouro Direto, moderadas como Títulos de Crédito Privado, Fundos Multimercados, diversificação internacional, e até opções de renda variável, para um perfil mais arrojado”, diz.

Felipe Macedo, sócio da Messem Investimentos, conta que no passado a poupança era vista como um “porto seguro” e que por desconhecimento, ou às vezes até por praticidade, esse pensamento ainda perpetua entre grande parte da população. “[O mercado de investimentos] não é ensinado nas escolas, nem nas universidades e não é transmitido nas emissoras abertas. Assim, os investimentos ficam para um grupo seleto de pessoas que busca por essas informações”, diz.

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Outro motivo é a falta de tempo desses milionários que, segundo ele, estão tão focados na parte operacional que acabam não dedicando tempo suficiente para cuidar dos investimentos. “Os milionários dedicam a maior parte do tempo para trazer dinheiro, mas não deixam tempo para ver como que esse dinheiro vai trabalhar para eles”, conta.

Quanto estariam ganhando se estivessem em outro investimento

Outra característica que atrai as pessoas à poupança é a isenção de Imposto de Renda e de taxas de administração. Qualquer conta simples, porém, mostra que a ausência dessas taxas não compensa o baixo retorno que você terá.

Vale lembrar que a rentabilidade da poupança depende do valor da taxa Selic (taxa básica de juros do país) e que o rendimento é limitado a 6,17% ao ano mais a variação da taxa referencial quando a Selic está acima de 8,5% ao ano – o que não ocorre agora, visto que a Selic está em 6,5% ao ano. Quando a Selic é igual ou inferior a 8,5% ao ano, por sua vez, o cálculo da remuneração passa a ser de TR mais 70% da Selic. 

Utilizando o simulador do Tesouro Direto, comparamos quanto R$ 1 milhão renderia em um prazo de 3 anos na poupança, em um CDB com rendimento de 121% do CDI, em outro CDB com ganhos de 123% do CDI, no Tesouro Selic e em LCA/ LCI. Os valores já estão descontados do IR. Confira:

poupança

*Cálculo feito no Simulador do Tesouro Direto em 27 de agosto. CDBs e Tesouro Selic têm incidência de imposto de renda, mas já foram descontados.

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