Acabou a festa dos títulos de inflação? Especialistas respondem

O recente movimento de alta nas curvas de juros nominais e reais geram uma excelente oportunidade de investimento em NTN-Bs

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – Com a alta da taxa básica de juros, os títulos de inflação mais longos sofreram forte impacto em sua rentabilidade. Nos últimos 30 dias, a desvalorização no valor de face da NTN-B Principal com vencimento em 2035, por exemplo, está em 12,52%. Já a NTN-B com vencimento em 2045 recuou 8,74% no mesmo período.

No entanto, este recente movimento de alta nas curvas de juros nominais e reais geram uma excelente oportunidade de investimento nos títulos indexados à inflação. A opinião é do gestor da Quest Investimentos, Marcelo Santucci, que ministrou palestra a palestra “Fim de Festa Para os Fundos de Inflação? Crash ou Oportunidade?” promovida  pela FuturaInvest.

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Na última sexta-feira (28), as NTN-Bs com vencimento em 2020, 2035 e 2050 ofereciam rendimento de 5,06%, 5,33% e 5,39% ao ano, respectivamente, mais a variação da inflação no período, para quem ficar com os títulos até a data do vencimento. Com um IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) a 6,5% ao ano, teto da meta do governo, de acordo com dados do IBGE referentes ao mês de maio, os papéis do Tesouro chegariam a oferecer mais de 10% ao ano para os investidores do mercado de renda fixa, com um rendimento de 11,56%, 11,83 e 11,89%, respectivamente.

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Segundo Santucci, a correção agressiva nos preços por forte movimento de vendas, devido a resgates de fundos passivos e stops em grandes hedge funds, e os Yields atuais muito próximos à meta atuarial das fundações, que renova a demanda por títulos de inflação, seriam alguns dos motivos para esse bom momento das NTN-Bs.

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“A curva nominal de juros futuros já precificam um ajuste total maior que 200bp, projetando uma Selic próxima a dois dígitos, o que, dado o ambiente global, significa um diferencial de juros considerável, mesmo numa economia que enfrenta pressão inflacionária”, disse Santucci.

Ainda de acordo com ele, a volatilidade nos mercados pelo aumento da discussão sobre a redução dos estímulos da economia americana também fazem com que os títulos brasileiros passem a oferecer uma relação risco/retorno interessante.

O segredo das NTN-Bs
De acordo com Richard Rytenband, economista e especialista em investimentos e métodos quantitativos, não é porque o Copom vai fazer aumentos na taxa Selic que os títulos indexados à inflação vão ficar menos interessantes, pois o aperto monetário já está precificado na curva de juros. “A economia brasileira chegou a precificar uma taxa de juros real muito baixa, abaixo de 3%, mas agora chegou quase a 6%”, afirmou o especialista.

Segundo ele, o grande segredo das NTN-Bs é precificar o juro real para os próximos anos, sempre lembrando que quanto maior o vencimento, maior a volatilidade. “A alta do juros que visa fazer a inflação cair não prejudica esses títulos, porque já está tudo precificado, o que vale é a taxa de juro real, pois a inflação do futuro, mesmo com tudo saindo bem, ainda vai ficar num patamar alto (acima de 5% nos próximos anos). E caso a inflação caia, a taxa de juros futuros também cai, pois elas andam juntas”, finalizou.

Entenda a oscilação
Muitos investidores podem se perguntar como um título do Tesouro Direto, de renda fixa, pode ter rentabilidade negativa. Em primeiro lugar, é importante lembrar que todos estes títulos possuem um prazo de vencimento que, se respeitado, garante ao investidor a rentabilidade acordada no momento da compra. Uma NTN-B, por exemplo, paga o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) mais um prêmio de juros, definido no momento da compra. Se ficar com o título até o final, o investidor tem esta rentabilidade garantida – e não precisa se preocupar com esta queda no valor de face dos títulos.

No entanto, durante o prazo de vigência do título, o seu PU (Preço Unitário) oscila, de acordo com a procura do mercado. A queda (ou aumento) da Selic (taxa básica de juros) é um dos principais fatores que impactam na volatilidade de um título público. As perspectivas sobre a inflação também têm um peso importante nos títulos ligados a índices de preços. Além disso, quanto mais longo for o título, maior será a sua oscilação no mercado durante a vigência – o que explica a forte queda dos papéis com vencimento em 2035 e 2050, por exemplo.

Quando a Selic sobe, a tendência é que os títulos prefixados e os títulos atrelados à inflação percam valor de mercado. Foi o que aconteceu no mês passado, quando o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu elevar a Selic em 0,5 ponto percentual, para 8% ao ano. Já quando há uma queda na taxa básica de juros, é de se esperar que estes títulos se valorizem – movimento verificado durante todo o ano de 2012, quando os títulos de inflação registraram forte alta.