Renda fixa: é hora de investir em prefixados ou pós-fixados?

Resposta para dúvida de leitora foi enviada na sexta-feira (20) para assinantes da newsletter do InfoMoney; inscreva-se gratuitamente

Mariana Segala

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Uma das recomendações tradicionais para quem investe em renda fixa é dar preferência aos papéis pós-fixados – com a remuneração atrelada às variações da Selic ou CDI – nos períodos em que os juros estão subindo. Essa estratégia permitiria capturar ganhos adicionais na aplicação conforme as taxas avançam – afinal, se o CDB de um banco oferece 100% do CDI e o CDI aumenta, o retorno final também será maior.

Já nas épocas em que os juros atingem um pico e começam a diminuir, a renda fixa prefixada é vista como uma boa alternativa. Um papel que assegure uma taxa 12% ou 14% ao ano certamente tem muito valor em um ambiente em que a Selic alcança, hipoteticamente, 8% ao ano.

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No momento atual do ciclo de alta de juros no Brasil, qual das duas opções – pré ou pós-fixados – é a melhor?

Essa é a pergunta da leitora Cristiana. Ela e os demais assinantes da newsletter do InfoMoney receberam a explicação na edição de sexta-feira (20). Batizada InfoMoney Reponde, a newsletter dedica esse dia da semana a tirar as dúvidas dos investidores. Confira:

• A grande pergunta do momento: é hora de investir em prefixados ou em pós-fixados?
Cristiana S.

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O atual ciclo de alta da Selic está em uma fase especial. A Selic, que até março de 2021 era de 2% ao ano, alcançou 12,75% na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, duas semanas atrás.

Nos comunicados feitos depois da decisão, o Copom indicou que pretende voltar a subir a Selic na reunião de junho, mas em magnitude inferior à registrada nos últimos encontros, que foi de 1 ponto percentual. O tom do comunicado levou uma parcela considerável do mercado a estimar que a próxima elevação será de 0,5 ponto percentual, talvez a última do ciclo.

Diante da expectativa de que, em breve, os juros vão parar de subir, a dúvida entre investir em papéis pré ou pós-fixada chega com força. O InfoMoney ouviu três especialistas, que ponderaram os riscos e deixaram sugestões para a alocação de renda fixa agora.

Renato Ramos, diretor de renda fixa da Empírica

Na visão de Ramos, ainda não é o momento de considerar as aplicações prefixadas uma oportunidade, apesar dos níveis que as taxas já atingiram.

“Vivemos um período muito particular, de grande incerteza. Temos problemas de suprimento e de preço de commodities no mundo inteiro, provocados pela pandemia e pela guerra na Ucrânia”, argumenta. “A inflação nos Estados Unidos e na Europa está em níveis não vistos há décadas, e o Fed [banco central dos EUA] está no processo de subir juros não se sabe até que nível”.

Boa parte da inflação brasileira está relacionada a esse panorama mundial, lembra Ramos. “Embora hoje tenhamos uma Selic alta, ainda com previsão de mais alguma elevação, a inflação projetada pra 2022 também está elevada, próxima de 8%”, diz – e passando por revisões sucessivas. Há dúvidas se os juros no nível em que estão serão suficientes.

Por isso, na visão de Ramos, a melhor pedida para a carteira de renda fixa atualmente é uma mistura de aplicações pós-fixadas (para recursos que demandem liquidez imediata) e de aplicações indexadas à inflação, que ajudam a proteger os investidores da elevação dos preços. “Elas estão com uma taxa de juros reais muito boa para recursos mais longos”, diz.

Camilla Dolle, head de renda fixa da XP

Para Camilla, a pergunta “pré ou pós?” deve ser precedida por outra: “qual é o perfil do investidor?”. A escolha da renda fixa mais adequada para cada um depende dessa resposta.

Dito isso, Camilla afirma que os pós-fixados estão no seu radar neste momento. “Temos gostado de pós-fixados por conta das taxas bem altas de juros, que devem permanecer assim por um tempo ainda”, diz. “E mesmo que venham a cair em 2023, ainda assim será para patamares elevados”.

Na visão da especialista, papéis prefixados também estão pagando taxas interessantes. Mas dada a volatilidade e as incertezas no cenário econômico, essa opção tem validade menor. “Preferimos aqueles de prazos entre dois e três anos”.

Por isso, mesmo para investidores mais tolerantes ao risco, Camilla sugere uma alocação em prefixados equivalente a menos de 5% da carteira. Já os papéis pós-fixados podem ocupar de 97% (para investidores conservadores) a 1% (para os agressivos) do portfólio.

Rodrigo Marcatti, sócio-fundador da Veedha Investimentos

Para Marcatti, considerando um horizonte de investimento de dois ou três anos, tanto papéis prefixados quanto pós-fixados vão oferecer resultado muito semelhante a essa altura.

“Tanto faz. A expectativa de alta da Selic já está meio consensual no mercado, o próprio Banco Central já deu sinais que deve parar em breve”, afirma. “A taxa deve ir até 13,5% ao ano, provavelmente, e vai ficar nisso por um bom tempo”.

A avaliação de Marcatti é a mesma tanto para aplicações em títulos públicos, como os negociados no Tesouro Direto, quanto para papéis privados – emitidos por empresas ou bancos. A remuneração adicional que o investidor provavelmente encontrará nos papéis privados se refere ao prêmio de risco de crédito. “Também tanto faz se é pré ou pós”, diz.

Segundo Marcatti, é possível que os prefixados chamem mais atenção neste momento pelos dois dígitos das taxas – de 12%, 14% ao ano, ou até mais. “Com uma taxa dessas, o investidor já sabe que está contratado um retorno de mais de 1% ao mês. Talvez isso torne mais fácil decidir”.

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Mariana Segala

Editora-executiva do InfoMoney