Renda fixa de curto prazo: fundos “turbinados” viram alternativa a LCI e LCA; entenda

Para especialistas, fundos de renda fixa com "pitada" de crédito privado podem ser caminho para investidor após governo alongar prazos de ativos isentos de IR

Bruna Furlani

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A nova regulação proposta pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), no começo de fevereiro, embaralhou o quebra-cabeças de alocação de investidores que viam as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e Imobiliário (LCIs) como alternativa para investir e resgatar no curto prazo.

Segundo o novo texto, agora o prazo de vencimento das LCAs e LCIs foi alterado de 90 dias, em ambas, para 9 meses e 12 meses, respectivamente. Ou seja, quem alocava com foco em resgatar o investimento em três meses terá que buscar alternativas, sendo que algumas delas não garantirão a mesma isenção de Imposto de Renda (IR) típica de LCAs e LCIs.

Uma das opções disponíveis no mercado é a alocação em fundos de renda fixa simples DI, que detêm uma parcela da carteira alocada em títulos privados de baixo risco de crédito, popularmente conhecidos como DI Plus ou DI Crédito Privado, que costumam oferecer retornos mais elevados do que o CDI — taxa que acompanha de perto a Selic.

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Para a maior parte dos especialistas consultados pelo InfoMoney, a alternativa pode ser eficaz para quem está de olho em investimentos com uma liquidez menor, mas não deve ser vista como opção para a reserva de emergência — ainda que algumas casas ofereçam produtos com liquidez diária.

“Eventualmente, poderia ser uma substituição para prazos mais curtos, de 90 dias”, diz Fabrício Voigt, analista sênior da Aware Investments. O especialista lembra que a parcela de crédito das carteiras desses produtos pode ser formada por ativos como letras financeiras (LFs) e Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), mas que os riscos dos títulos tendem a ser mais baixos porque a estrutura do portfólio está diluída no patrimônio.

Porém, há algumas diferenças que precisam ser levadas em conta pelo investidor. Ao contrário das LCIs e LCAs, os fundos DI Plus não possuem a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que representa uma proteção adicional para investidores que alocam em alguns títulos bancários. Ele devolve até R$ 250 mil por investidor e por instituição financeira, até o teto de R$ 1 milhão, em caso de problemas na instituição, como uma intervenção do Banco Central.

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Mesmo sem essa proteção adicional, especialistas avaliam que a alternativa pode ser uma opção interessante, já que há a gestão de um profissional por trás. Nesse caso, o ideal é avaliar o histórico do gestor e do fundo, além de entender um pouco se os papéis que estão na carteira apresentam menor risco de crédito.

Quem optar por alocar em um fundo DI Plus agora, porém, terá que se preparar para pagar Imposto de Renda. O produto não oferece a mesma isenção de IR como ocorre com LCIs e LCAs. Esses tipos de fundos também costumam ter a cobrança de taxa de administração, por fazer uma gestão mais ativa da carteira, que costuma variar entre 0,40% e 0,50%, segundo alguns produtos analisados pelo InfoMoney.

Cuidado redobrado

Apesar de ser uma considerada uma alternativa para o curto prazo, Voigt defende que fundos DI Plus não devem ser utilizados como reserva de emergência do investidor, porque possuem crédito privado na carteira, o que deve elevar os cuidados.

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Clara Sodré, analista de fundos de investimentos da XP, vai na mesma linha e acrescenta que é preciso entender os riscos envolvidos. “Pode ser uma opção desde que ele tenha um capital estruturado de caixa, com a reserva de emergência, em títulos do Tesouro, por exemplo”.

Mas há quem não recomende a alocação em fundos DI Plus como uma alternativa após mudanças em LCIs e LCAs. Na visão de Marília Fontes, sócia-fundadora da Nord Investimentos, o ideal é que o investidor opte por uma posição no Tesouro Selic, se tiver como foco o curto prazo e que prefira correr risco na Bolsa e não com esses tipos de fundos.

O cuidado maior não é à toa. Eventos como o das Americanas no ano passado acabaram afetando negativamente os retornos e as cotas de alguns fundos DI que tinham papéis de crédito privado na carteira, como debêntures da varejista, o que torna o investimento mais arriscado se o objetivo for deixar uma aplicada voltada para reserva de emergência.