Redução de dividendos da Itaúsa (ITSA4) “foi por uma boa causa”, defende CEO

Alfredo Setubal disse que investimentos da holding vão gerar frutos a longo prazo e não descartou novas tacadas

Rikardy Tooge

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O CEO da Itaúsa (ITSA4), Alfredo Setubal, voltou a defender a queda, considerada momentânea, nos proventos pagos pela holding. Em evento dedicado aos investidores nesta quinta-feira (1), o executivo voltou a falar sobre a política de dividendos, que foi uma das principais dúvidas dos acionistas. Sem estipular uma data, Setubal reforçou que os patamares voltarão à média histórica no decorrer dos próximos anos.

“Historicamente, nós pagamos de 37% a 40% dos nossos dividendos aos acionistas, porém nossas investidas estão em um momento de desalavancagem. Estamos em um ‘vale’, mas isso voltará a aumentar aos poucos”, afirmou o CEO da Itaúsa, em linha com o que já havia comentado ao InfoMoney no meio de novembro (veja o vídeo abaixo).

Setubal lembrou que a Itaúsa sempre repassou aos acionistas 100% dos proventos recebidos pelo Itaú (ITUB4), mas ponderou que a instituição financeira reduziu seu payout nos últimos anos. Com isso, o dividend yield da holding nos últimos 12 meses gira em torno de 4%, abaixo de 13% da média dos últimos 36 meses, segundo a plataforma TradeMap.

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No entanto, o executivo pediu paciência aos investidores e argumentou que eles também ganham quando as empresas do portfólio da Itaúsa se valorizam. “A redução [dos dividendos] é por uma boa causa. O nosso patrimônio está crescendo e, no fim, é o acionista que está ganhando com tudo isso”.

Para o CEO, a desconfiança do mercado com a baixa na distribuição de proventos afetou o desempenho da ação na Bolsa. Setubal estima que o papel está rodando em 2022 com um desconto de 18%, nível considerado alto pela holding. Porém, acredita que “quando o mercado enxergar os resultados desses recentes investimentos, esse desconto deve reduzir”.

Nesta sexta-feira (2), a Itaúsa informou que vai pagar juros sobre o capital próprio (JCP) no valor de R$ 0,1855 por ação, imputados ao valor do dividendo do exercício de 2022, com retenção de 15% de imposto de renda na fonte, resultando em juros líquidos de R$ 0,157675 por ação.

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Gestão ativa do portfólio

Alfredo Setubal afirmou também que o atual cenário é reflexo de uma gestão ativa de investimentos da Itaúsa, que vem buscando diversificar setores de atuação comprando participações em empresas consideradas referências. “Temos um portfólio com grandes marcas, com forte presença no PIB e na vida dos brasileiros”.

Atualmente, a holding marca presença nos setores financeiro, de moda, construção, mobilidade, energia, saneamento e infraestrutura. A última grande investida ocorreu em julho deste ano na CCR, quando a Itaúsa montou uma posição de 10,3% na concessionária, em uma operação em conjunto com a Votorantim.

Alfredo Setubal, CEO da Itaúsa (Divulgação)
Alfredo Setubal, CEO da Itaúsa: “aumento de patrimônio das investidas é positiva aos acionistas” (Divulgação)

Além da CCR e de possuir 37,2% das ações do Itaú Unibanco, a Itaúsa tem posições na Copa Energia (48,9%), Dexco (37,9%), Alpagartas (29,6%), Aegea (12,9%), NTS (8,5%) e XP Inc. (6,3%) – no caso da última, a holding já manifestou ao mercado a intenção de vender todos os seus papéis.

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Entre setores que poderiam complementar o portfólio da Itaúsa, o executivo destacou o agronegócio. “É um setor importante na economia e faz sentido para nosso DNA de investimentos”, afirmou Setubal, ponderando que não há negociações em andamento.

Perspectivas

Por fim, Alfredo Setubal disse que a holding não deixará oportunidades de investimentos passarem, mas reforçou que hoje esta não é uma prioridade. “Se tivermos alguma chance interessante, vamos utilizar os nossos dividendos para investir, mas o foco agora está em reduzir nosso endividamento”.

Para 2023, o CEO da Itaúsa projeta um ano “desafiador” para as investidas da holding, mas lembrou que as companhias são líderes de setor e com baixo endividamento.

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“Estamos muito bem posicionados. O Itaú está em condições de competir com os neobancos e fintechs. Na CCR e a Aegea, vemos grande potencial de novos concessões e mais investimentos dos estados e municípios”, exemplificou.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br