Alfredo Setubal: ‘Vamos retomar níveis históricos de pagamentos de dividendos da Itaúsa’

Em entrevista ao InfoMoney, CEO falou sobre diversificação de empresas no portfólio da holding e riscos: 'Cenário é desafiador. O problema fiscal é grave'

Anderson Figo

A Itaúsa (ITSA4) pretende retomar os níveis históricos de pagamento de dividendos da holding nos próximos anos. A afirmação é de Alfredo Setubal, CEO da companhia, que, em entrevista ao InfoMoney, falou sobre a estratégia de gestão ativa e diversificação do portfólio de empresas.

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“A gente tem como uma prática, não é uma política escrita, não é uma coisa escrita em pedra, que a gente distribui sempre no mínimo 100% dos dividendos que a gente recebe do Itaú Unibanco [ITUB4]. Em 2017 e 2018, o banco pagou dividendos muito altos. Estava muito capitalizado, a economia vinha em grande crescimento, então a necessidade de capital dentro do banco era menor. Houve uma distribuição altíssima e isso foi repassado aos acionistas da Itaúsa”, disse Setubal.

“Neste momento, temos menos dividendos recebidos e menos dividendos pagos aos nossos acionistas. Mas isso por uma boa razão: as nossas empresas estão crescendo. O banco tem gerado capital, mas tem crescido muito sua carteira de crédito, que é o maior demandador de capital. Então, ele vem pagando menos dividendos. E as outras empresas também, elas estão em processo de desalavancagem. A Itaúsa está num vale de dividendos. Ao longo dos próximos anos, a gente acredita que a gente vai retomar os níveis históricos de pagamento de dividendos da Itaúsa, que sempre girou em torno de 35% a 40% do lucro dela”, completou.

Setubal participou do Por Dentro dos Resultados, projeto no qual o InfoMoney entrevista CEOs e diretores de importantes companhias de capital aberto, no Brasil ou no exterior. Os executivos falam sobre o balanço do terceiro trimestre de 2022 e sobre perspectivas. Para acompanhar todas as entrevistas da série, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.

O executivo falou sobre como o aumento de juros e o cenário de inflação elevada afeta as companhias no portfólio da Itaúsa, especialmente aquelas ligadas a consumo, como a Dexco (antiga Duratex) e a Alpargatas (dona de marcas como a Havaianas). Para o CEO, o maior risco brasileiro para 2023 é fiscal.

“O Brasil é um país frágil do ponto de vista econômico e social. Na medida em que a gente tem muitos gastos acima das receitas, que é exatamente este o problema fiscal, isso no tempo se reflete em inflação. É inevitável. Por consequência, também no aumento da dívida pública. Então, dependendo do grau de aumento do nível de gastos que o novo governo propor ou fizer, mantendo aquilo que for aprovado pelo Congresso, a gente vê a inflação como um grande problema, que pode levar eventualmente o Banco Central a aumentar um pouco mais as taxas de juros”, disse.

“É um cenário desafiador. Eu acho que o problema fiscal é grave. Não podemos brincar com isso. Temos que tomar todos os cuidados, e tomar cuidado para que a dívida pública não estoure demais o seu crescimento. A dívida pública brasileira está em torno de 78%-80% do PIB. Se a gente olha por este indicador, ela não é tão alta quando a gente compara com países desenvolvidos, mas ela é muito alta quando a gente compara com países em desenvolvimento. Então, o Brasil tem muitas fragilidades, que podem ser escancaradas de uma maneira muito forte, com custos sociais grandes, pela eventual alta da inflação, se as coisas não ficarem controladas, completou.

Setubal falou ainda sobre a expectativa da Itaúsa com a aquisição da CCR e o risco que enxerga em ter negócios nos setores de rodovias e saneamento, os quais dependem de políticas públicas de concessões. O CEO comentou também sobre o processo de desinvestimento na XP Inc. e como é feita a gestão de diferentes empresas em parceria com os demais sócios da Itaúsa, além da importância que a empresa dá ao tema ESG (meio ambiente, social e governança) na escolha de suas controladas. Assista à entrevista completa acima, ou clique aqui.

Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.