Prêmios pagos por títulos públicos viram para queda nesta quinta-feira

Investidores monitoraram noticiário político doméstico, discurso de Joe Biden no Congresso americano e PIB dos EUA

Mariana Zonta d'Ávila

(Unsplash)

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SÃO PAULO – As taxas pagas pelos títulos públicos negociados via Tesouro Direto viraram para queda na tarde desta quinta-feira (29), com os investidores de olho no noticiário político doméstico e repercutindo o discurso do presidente dos Estados Unidos.

O papel indexado à inflação com vencimento em 2026 pagava um prêmio anual de 3,36%, ante 3,40% ao ano na tarde de quarta-feira (28). Da mesma forma, a taxa paga pelo Tesouro IPCA+ com juros semestrais e prazo em 2030 cedia de 3,86% para 3,84% ao ano.

Entre os papéis com retorno prefixado, o título com prazo em 2026 pagava uma taxa de 8,34% ao ano nesta tarde, contra 8,38% anteriormente. Já o juro real pago pelo Tesouro Prefixado com juros semestrais 2031 recuava de 9,08% para 9,04% ao ano.

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Confira os preços e as taxas atualizadas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto nesta quinta-feira (29):

Fonte: Tesouro Direto

Corte de gastos no Brasil

Entre os destaques no cenário doméstico, os investidores repercutiram informações de que a ala política do governo articula junto ao Congresso a recomposição de cerca de R$ 2,5 bilhões que foram cortados de investimentos e ações que são vitrine eleitoral no Orçamento de 2021.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a manobra seria feita por meio de um novo corte em despesas obrigatórias no projeto de lei enviado pelo próprio governo para desfazer a “maquiagem” feita nesses gastos pelos parlamentares.

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Na segunda-feira, Bolsonaro defendeu os cortes feitos no Orçamento, mas prometeu – sem dar detalhes – que “brevemente” o governo fará a recomposição. “O Brasil não pode e não vai parar”, disse na ocasião.

Segundo informações do jornal Valor Econômico, o governo pretende diferir o FGTS dos próximos quatro meses e, com isso, injetar R$ 40 bilhões na economia.

Haverá também a antecipação do 13º salário de aposentados pensionistas entre maio e junho, o que liberaria mais R$ 56 bilhões para a população. Sem valor definido, mas estimado entre R$ 10 bilhões e R$ 20 bilhões, o novo Pronampe será lançado em breve.

Ainda no âmbito político, a CPI da Pandemia se reúne nesta manhã para analisar o plano de trabalho que deve ser proposto pelo relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL).

Na reunião de terça-feira (27), o parlamentar antecipou alguns encaminhamentos que pretende sugerir para as investigações. Calheiros defende, por exemplo, a convocação do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e dos três antecessores: Eduardo Pazuello, Nelson Teich e Luiz Henrique Mandetta.

Na agenda de indicadores, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) desacelerou de março para abril, de 2,94% para 1,51%, informou nesta quinta-feira (29) a Fundação Getulio Vargas (FGV).

Apesar do arrefecimento, o resultado ficou acima da mediana da pesquisa do Estadão/Broadcast, de 1,33% (intervalo de 0,83% a 1,72%). É também a maior taxa para meses de abril desde 1995 (2,10%). No ano, o aumento acumulado é de 9,89% e, em 12 meses, de 32,02% (de 31,10% até março) – o acumulado mais elevado para todos os meses desde abril de 2003 (32,97%).

Discurso de Joe Biden

No ambiente externo, as atenções recaíram sobre o primeiro discurso ao Congresso do presidente americano Joe Biden, realizado na noite de ontem, no qual ele propôs um novo pacote de estímulo de US$ 1,8 trilhão.

Às vésperas de completar 100 dias à frente da presidência, Biden pediu que os americanos se vacinem contra o coronavírus, defendeu projetos de reforma do Estado americano e afirmou que é hora de empresas e ricos financiarem programas sociais.

A senadores e deputados, o democrata disse ter herdado um país em crise e colocado os Estados Unidos “em movimento”. “A pior pandemia em um século. A pior crise econômica desde a Grande Depressão. O pior ataque à nossa democracia desde a Guerra Civil”, disse o presidente.

Entre os indicadores, o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA mostrou crescimento de 6,4% no primeiro trimestre. O resultado ficou levemente acima do esperado por analistas consultados pela Refinitiv, de expansão de 6,1%.

Destaque ainda para o Federal Reserve (o banco central americano) que, após decidir ontem pela manutenção da taxa de juros dos EUA em uma banda de 0% a 0,25% ao ano, destacou que quer manter a política monetária frouxa no futuro próximo, ajudando ativos de risco globais.

O presidente da instituição, Jerome Powell, afirmou que “ainda não é a hora” de começar a discutir qualquer mudança na política monetária, apesar de adotar uma visão mais otimista sobre a recuperação econômica.