Petrobras deposita 2ª parcela de “dividendo monstro” nesta 3ª; faz sentido reinvestir em ações da empresa?

Pagamento será de R$ 3,37 por ação; para comprar um novo loto de 100 PETR4, seria necessário utilizar os dividendos distribuídos por 931 papéis da estatal

Equipe InfoMoney

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A Petrobras (PETR3;PETR4) vai depositar nesta terça-feira (20) a segunda parcela dos proventos de R$ 87,8 bilhões referentes aos resultados apurados no segundo trimestre de 2022. O valor total equivale a R$ 6,73 por ação, dos quais R$ 3,37 já foram pagos no dia 31 de agosto.

Tem direito a receber o segundo pagamento – também de R$ 3,37 por ação, como o primeiro – quem possuía as ações no dia 11 de agosto, que foi a “data com” dos proventos – em outras palavras, a data de corte para ter as ações na carteira e fazer jus aos dividendos anunciados.

Os proventos, apelidados de “dividendo monstro” na época em que foram anunciados, em 11 de agosto, chamaram atenção não apenas dos investidores brasileiros. Com o volume distribuído, a Petrobras se tornou a maior pagadora de dividendos do mundo no segundo trimestre, de acordo com a 35ª edição do Índice Global de Dividendos da gestora Janus Henderson.

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O relatório da gestora analisa trimestralmente as 1.200 maiores empresas do mundo por capitalização de mercado, que representam 90% dos dividendos pagos globalmente. Foi a primeira vez que a Petrobras apareceu entre os destaques. Segundo a Janus Henderson, a empresa provavelmente integrará a também lista das maiores pagadoras do mundo em 2022, a ser divulgada no início de 2023.

Para os investidores focados na geração de renda passiva, especialistas costumam recomendar o reinvestimento dos proventos recebidos – um destino que alguns têm considerado para o valor que cairá na conta hoje.

Considerando as cotações de fechamento desta segunda-feira (19), para bancar a compra de um novo lote de 100 ações preferenciais (PETR4) – a um custo total de R$ 3.137 – seria necessário utilizar os dividendos de R$ 3,37 pagos por 931 ações da Petrobras. Mas vale a pena aumentar a aposta na empresa?

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A estatal nem sempre foi vista como uma boa pagadora de proventos, mas assumiu esse posto do final de 2021 para cá, após lançar um planejamento estratégico que previa uma nova política de dividendos. Desde então, passou a figurar entre as recomendações de mais e mais corretoras.

A ação vem seguidamente aparecendo na lista das mais citadas em levantamento mensal do InfoMoney com as carteiras sugeridas de dividendos. Em setembro, PETR4 e outras seis ações compuseram o levantamento.

A empresa está entre as recomendações de compra da XP, que considera o ativo “descontado demais para ser ignorado”.

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Um dos múltiplos citados pelos especialistas é o EV/Ebitda, que relaciona o valor da empresa e sua capacidade de geração de caixa. Quanto menor, mais “barato” é considerado o ativo. No caso da Petrobras, a XP calcula o múltiplo em 2,1 vezes no período de 12 meses à frente, inferior ao de empresas russas (pares com alto risco corporativo) e grandes concorrentes ocidentais (com boa governança corporativa) – que estariam em 3,7 vezes e 3,1 vezes, respectivamente.

A Ativa também tem recomendação de compra para os papéis, dada a assimetria de preços em relação aos pares e ao próprio histórico de cotações da estatal. Na visão de Ilan Arbetman, analista da corretora, a Petrobras ainda tem “gordura” no caixa e deve distribuir pelo menos mais R$ 80 bilhões em dividendos no segundo semestre. “No ano, os proventos somariam R$ 217,3 bilhões, um dividend yield [taxa de retorno com dividendos] de 49%”, aponta.

Arbetman cita que a Petrobras encerrou o segundo trimestre com caixa de US$ 19 bilhões e possui um endividamento saudável, abaixo de US$ 65 bilhões, o que garantirá uma distribuição de 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e os investimentos, conforme estabelecido na sua política de dividendos. Há, porém, que se avaliar os riscos.

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Riscos de investir em Petrobras agora

O analista da Ativa lembra que o reinvestimento deve levar em consideração possíveis mudanças na companhia nos próximos meses. “A Petrobras normalmente promove sua assembleia geral ordinária no começo de cada ano, quando são revistos os mandatos para o Conselho de Administração. É possível que, com uma nova liderança no Poder Executivo tenhamos um novo Conselho e vejamos mudanças nos pilares que fizeram a companhia estar saneada hoje”, diz.

É o caso, segundo o analista, do foco na exploração do petróleo do pré-sal (que já responde por 70% do portfólio de projetos da companhia) e da venda de refinarias. Ele lembra que das oito previstas para serem desinvestidas, três estão no processo, que deve ganhar tração após as eleições.

O alerta da XP fica por conta da possibilidade de interferência que resulte na alteração na política de preços de combustíveis seguida pela empresa. “Em um cenário mais estressado (que inclui 15% de desconto nos preços de paridade internacional para derivados de petróleo), chegamos a um preço justo de R$ 47,80 (PETR3;[ativo=PETR]) e US$ 18,40 (PBR;PBR.A), mostrando que muito de um potencial cenário negativo já está embutido nos preços atuais”.

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Arbetman lembra que foi a política de preços que permitiu à Petrobras reduzir seu endividamento de US$ 150 bilhões para a casa dos US$ 53 bilhões. “Achamos que existe espaço bons proventos no segundo semestre. Para frente, mantido o tripé de condições atuais – foco no pré-sal, desinvestimento de refinarias e política de preços – vemos possibilidade de o desconto das ações diminuir  ao longo do tempo, mas cabe ao investidor ponderar”.

Embora acreditem que a Petrobras ainda pode distribuir mais R$ 40 bilhões em dividendos no segundo semestre, o que representaria um dividend yield de aproximadamente 10%, os analistas da VG Research também destacam o risco de interferência. Mesmo assim, eles têm tem recomendação de compra para a PETR4, com preço-alvo de R$ 34,30. O dividend yield esperado nos próximos 12 meses é de 18%. Mantidas as condições atuais, a companhia ainda teria capacidade de pagar entre 15% e 20% no futuro.

João Daronco, da Suno Research, ressalta que investidores com visão de longo prazo deveriam encarar os dividendos distribuídos pelas empresas em que investem sempre como caixa para realizar novos aportes – mas não necessariamente nas mesmas ações.

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“É preciso usar o dinheiro para investir na melhor oportunidade com menor grau de risco possível. E nesse momento, vejo que existem oportunidades maiores [do que as ações da Petrobras] em outras empresas, tanto pra aqueles que buscam dividendos frequentes, quanto pra aqueles que buscam valorização, especialmente no segmento de small caps“, diz.