“Para quem vou vender” antes de “quanto vou ganhar”: primeiro investidor da XP, Chu Kong desvenda os desafios do private equity

Episódio 46 do podcast Outliers recebeu Chu Kong, sócio e head de private equity da XP Inc., que falou sobre as oportunidades do private equity no Brasil

Clara Sodré Nathalia de Sá

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Comandando uma verdadeira transformação no mercado financeiro brasileiro, Chu Kong tem mais de 20 anos de liderança no setor de private equity. Contando com um histórico de casos icônicos, incluindo o primeiro investimento de private equity na XP Inc., Chu se aposentou em 2017, mas não demorou para voltar à ativa – uma provocação do Guilherme Benchimol o motivou a fazer algo diferente: tornar o segmento acessível aos investidores, independente do seu tamanho.

No episódio 46 do podcast Outliers – apresentado por Samuel Ponsoni, gestor de fundos da família Selection na XP, e Carol Oliveira, coordenadora de análise de fundos da XP – Chu Kong, que é sócio e head de private equity da XP Inc., detalhou seu primeiro investimento na XP.

Ele explicou sua tese da época: viu o grande potencial de captação de clientes que a XP tinha. Por outro lado, a evasão era alta devido às características de negócio, tamanho do mercado financeiro brasileiro e nível de maturidade dos investidores. A ideia foi transformar a XP de uma simples corretora em um supermercado financeiro – começando a transição para o ecossistema completo que a XP possui hoje.

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As empresas em que os fundos de private equity investem não necessariamente são listadas na Bolsa. Por isso, a falta de liquidez é uma característica forte desse tipo de alocação. Quando questionado sobre a saída desses investimentos, Chu detalhou que antes de investir se assegura de que a empresa “tem saída”, ou seja, de que existe a possibilidade de abrir capital ou de que há algum comprador estratégico no radar.

“Toda vez que vamos fazer um investimento, a primeira coisa que eu penso, antes do retorno, é: para quem eu vou vender? Nós não entramos em furada”, disse.

De acordo com Chu, a empresa tem que mostrar potencial de crescimento para abertura de capital. Porém, sabendo que isso depende de outras variáveis macroeconômicas, a saída é estudar o segmento, o movimento de operadores, possíveis compradores, dinâmica de mercado. Ainda segundo ele, dificilmente se “mica” um investimento, desde que o gestor pense e planeje a entrada e saída de uma forma igualitária.

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Adaptações para o mercado brasileiro

“A primeira coisa que as pessoas questionavam: esse dinheiro vai ficar parado por dez anos? Eu nem sei o que vai acontecer no dia de amanhã”, lembrou no podcast. Segundo Chu, o mercado brasileiro inicialmente estranhou o prazo alongado do investimento em private equity, sendo necessário realizar adaptações nesse quesito, como a redução do prazo de vencimento do fundo de dez anos para oito anos.

Ainda assim, o prazo de oito anos era algo muito incomum para os investidores, e a alternativa para trazer maior flexibilidade foi a criação de uma janela de resgate emergencial no quarto ano do investimento. Se o investidor tivesse alguma emergência financeira, teria a oportunidade de realizar um resgate antecipado de cotas.

Ainda sobre os impactos dessa redução de horizonte de investimento e abertura de janela de liquidez na carteira de investimentos do fundo, ele comenta que tinha ciência de que o ecossistema XP possibilitaria a redução do prazo para investimento dos recursos. Tradicionalmente, o período de investimento do fundo costuma ser de cinco anos – porém, segundo Chu, em um ano e meio já existem fundos com uma grande parte da carteira alocada. Com isso, mostra que não perdeu dois anos para investir ao diminuir o prazo de resgate, mas ganhou três anos e meio e potência para democratizar o acesso dos investidores a estratégias sofisticadas.

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Por dentro das investidas

De acordo com o gestor, por conceito, o fundo é generalista, ou seja, olha de tudo. Chu encontra paralelos entre o private equity e a mineração do ouro: você não sabe quando vai encontrar a “parte boa”. Ainda segundo ele, a preferência é fundamentalmente por cinco setores: saúde, educação, serviços financeiros, consumo/varejo e tecnologia.

Quando questionado sobre os desafios da crise, Chu relata que um fundo de longo prazo tem maior tranquilidade em momentos de estresse, já que o foco está na tese de investimento para realizar a alocação. “Eu olho para a essência do negócio, qual a tese de investimento que podemos acoplar naquele negócio, e vejo o quanto de criação de valor ainda pode ser feita, utilizando os momentos de crises ou bonança para encontrar oportunidades”, disse.

As oportunidades encontradas até agora reúnem grandes nomes, como o Centro Brasileiro de Visão, Botoclinic, Potencial Seguros, Real Bank, Tatu Bola, Boa Praça, Eu tu eles, Beyoung, Br Supply e até mesmo a AZ Quest, gestora de fundos que participou recentemente do Outliers. Segundo Chu, o fundo já está quase todo investido. Está nos planos levantar mais um fundo para continuar capturando boas oportunidades.

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Ao longo da sua carreira como investidor, Chu Kong aprendeu que existem três pilares essenciais para o sucesso de uma investida: capital, conhecimento e gestão. E a implementação de uma tese de sucesso consiste em fazer com que esses três pilares andem juntos. Caso falte algum deles, a chance de insucesso da aplicação é grande.

A entrevista completa e os episódios anteriores podem ser conferidos pelo SpotifyDeezerSpreakerApple e demais agregadores de podcasts. Além disso, o podcast também pode ser assistido no formato de vídeo no canal da XP no Youtube.