Para Legacy Capital, consumo das famílias é o que indica recuperação econômica em 2020

Dados nos mercados de crédito e de trabalho fundamentam, pelo lado da demanda, o otimismo de Pedro Jobim, fundador da gestora

Pedro Ladislau Leite

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SÃO PAULO – Os últimos três anos desapontaram as expectativas de quem apostava em um forte crescimento da economia brasileira. Entre eles, Pedro Jobim, fundador da gestora Legacy Capital, que via, com base em índices de confiança do mercado, o país fechando 2017, 2018 e 2019 com uma expansão de 3% no PIB em cada ano. A alta que se materializou, porém, foi bem menor – 2019 caminha para terminar com crescimento inferior a 1%.

“As expectativas dos agentes ajudam bastante na previsão do PIB, mas não funcionou porque o empresário estava muito machucado”, afirma Jobim. Entre os eventos que contiveram o “espírito animal” dos empreendedores brasileiros, cita Jobim, estão o Joesley Day, que adiou a reforma da Previdência em 2017, e a greve dos caminhoneiros em 2018.

Já o resultado de 2019 sairá abaixo do esperado, pois a substituição de um crescimento via setor público por um liderado pelo setor privado vai levar mais tempo do que se esperava, diz ele.

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Jobim acredita, no entanto, que 2020 será diferente. Para ele, os sinais de que o país deve enfim alcançar um crescimento mais significativo vêm pelo lado do consumo das famílias, com os estímulos do crédito e do aumento dos salários.

“O país está pronto para crescer, a alta do PIB deve ficar acima de 2,5% ano que vem”, disse ele durante o seminário Perspectivas da Economia e do Mercado, promovido pela XP nesta terça-feira (18) em São Paulo . “A desocupação está caindo a 2% ao ano, e só não cai mais porque a população ativa não para de crescer, mais pessoas estão se dispondo a trabalhar”.

Jobim afirmou ainda acreditar que o ambiente de juros baixos veio para ficar. A visão se reflete nas posições da Legacy: em carta referente a outubro, a casa informou que mantinha aplicações em títulos que se beneficiam da queda das taxas de juros de longo prazo e que a principal alocação do fundo está em ações brasileiras.

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O evento contou também com a participação de dois ex-diretores de Política Monetária do Banco Central, Luiz Fernando Figueiredo e Reinaldo Le Grazie.

Figueiredo, fundador da Mauá Capital, destacou que uma eventual recessão econômica no mundo não teria tanto impacto sobre o Brasil como em outras épocas. “O Brasil está 20 metros abaixo da superfície. Se vier um tsunami, não vamos sentir. O motivo não é bom, mas 90% do desempenho aqui depende de coisas locais”, afirmou ele, cuja gestora está comprada em Bolsa (apostando na alta das ações).

Mas o gestor não acha que esse cenário de retração global seja provável, já que as economias contam hoje com um arsenal poderoso. “No passado, o único instrumento para atenuar ciclos econômicos era a política monetária. Não havia compra de papéis, política fiscal… Isso aumentou o endividamento dos países, mas permitiu um crescimento estruturado.”

Para Reinaldo Le Grazie, sócio da Panamby Capital, o principal risco corrido pelo Brasil hoje é não conseguir acompanhar o desenvolvimento dos outros países. “O governo está indo na direção certa, o problema é que não estamos acompanhando a demanda mundial. Temos dificuldade em incorporar os novos modelos de negócio e tecnologias”, avalia ele.

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Pedro Ladislau Leite

Repórter de investimentos do InfoMoney, cobre os mercados de renda fixa (Tesouro Direto e títulos privados) e de renda variável, acompanhando as movimentações dos principais gestores de fundos no país.