Invisto parte considerável do meu tempo em conversas. Não aquela prosa de ponto de ônibus, me refiro a bate-papos mais estruturados, com grandes nomes de diversos segmentos e mercados.
Por motivos claramente óbvios, parcela relevante desses momentos é dedicada ao assunto mercado financeiro, com investidores profissionais renomados. Diversas histórias de vida diferentes, várias formas de conquistar bons resultados com ativos financeiros e variações de estratégias.
Porém, alguns desses encontros são mais interessantes que outros, naturalmente. Ivan Barbosa, gestor da Ártica e convidado do episódio desta semana do Stock Pickers, com certeza está na lista dos mais curiosos – justamente por isso o convidamos para participar.
A gestora nasceu de um clube de investimento que geria recursos próprios, de familiares e de amigos. Barbosa teve passagem pelo setor de fusões e aquisições, ofertas e lidou com estruturas de capital de negócios no “outro lado da mesa”.
O fundo Ártica Long Term parece ser uma derivada natural da história de Barbosa e daquilo que ele acredita como forma de investir o próprio capital. Escolher poucos e bons negócios que estejam descontados, com modelos de negócio sólidos e com rentabilidade (ROIC) elevada – investir e esperar com paciência até que as previsões se materializem.
Assim como todo investidor de valor – como são chamados aqueles que acreditam nessa filosofia –, a tarefa parece ser razoavelmente simples, correto? Pois bem, e ela é, mas a prática dela é conturbada e desafia você ao longo do tempo.
Diversos gestores que falam em público, especialmente aqueles que são focados no mercado acionário, provavelmente dirão que são focados no longo prazo. Marginalmente isso é verdade. O investidor brasileiro, que eventualmente será cliente dessas casas como cotistas dos fundos, mal consegue compreender um semestre ruim de resultados, a noção de horizontes mais longos no Brasil é distorcida.
A Ártica está entre as exceções daqueles que praticam efetivamente esse longo prazo. O fundo já possui pouco mais de uma década de histórico, desde que era um clube: aproximadamente 30% de retorno anualizado desde o início.
Uma carteira concentrada, geralmente com 10 nomes, sendo que a maior parte do dinheiro fica com as 5 principais convicções. Porto (PSSA3), Marcopolo (POMO3), Multi (MLAS3), Blau (BLAU3), Ezetec (EZTC3) e Caixa Seguridade (CXSE3) – as principais posições da casa.
Não é uma carteira óbvia, certamente. De lição de casa muito bem-feita, ele demonstrou muita convicção nessas empresas.
Uma descoberta, essa é a síntese desse episódio. Não perca esse episódio.