Os melhores fundos de ações e multimercados no 1º semestre de 2022 – e as suas próximas apostas

Melhores resultados ficaram com carteiras que apostaram em papéis do setor de commodities, especialmente energéticas e metálicas

Bruna Furlani

(Getty Images)

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Temores de que a economia global poderá ser afetada por uma recessão, em meio a uma inflação cada vez mais aguda e persistente, corroeram os retornos de boa parte das Bolsas no último mês – com vendas generalizadas nos mercados globais.

Mas nem todo mundo se deu mal, apesar desse ambiente. Na contramão do Ibovespa, que terminou o primeiro semestre no vermelho, alguns fundos de ações conseguiram terminar o período no azul. É o caso daqueles que apostaram em papéis de empresas do setor de commodities, especialmente energéticas e metálicas, e de companhias de energia elétrica e serviços financeiros. Eles responderam pelos maiores ganhos entre janeiro e junho deste ano.

A liderança entre os retornos de fundos de ações ficou com o Forpus Ações FIA, com ganhos de 9,51% no semestre, contra recuo de 5,99% do Ibovespa durante o mesmo período.

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Veja os dez fundos de ações com as maiores altas e quedas no 1º semestre de 2022:

Retorno dos fundos de ações no 1º semestre de 2022

10 melhores retornos Ganhos acumulados no período (%)
Forpus Ações FIA 9,51
Absolute Pace Long Biased FIA 7,83
XP Investor Dividendos FIA 7,83
BTG Pactual Absoluto LS FIA 6,41
Acesso Truxt Long Bias Ações 4,69
Jbfo Navi Fender FIA 4,20
XP Investor 30 FIA 4,03
Kadima Long Short Plus FIA 3,93
XP Investor FIA 3,92
Santander Ações Dividendos FIA 3,84
Ibovespa -5,99
10 piores retornos Perdas acumuladas no período (%)
Vitreo Canabidiol FIA -85,38%
Genial Ms Us Growth FIA -60,02
Ms Global Opportunities Adv FIA -47,08
Vitreo Tech Select FIA BDR Nivel I -39,88
Ip Atlas USD FIA BDR Nivel I -37,13
Western Asset FIA BDR Nivel I -37,02
Opportunity Global Equ Dol FIA BDR Ni Ie -35,04
Axa Wf Fr Robotech Adv Fc FIA -34,80
Neo Future Fc em Acoes -34,75
Constellation Inovacao FIA BDR Niv I -34,13
Ibovespa -5,99

Fonte: TC/Economatica

Já entre os multimercados, destacaram-se as carteiras que apostaram na elevação dos juros em economias desenvolvidas, especialmente nos Estados Unidos. As alocações em commodities energéticas, como o petróleo, também ajudaram nos resultados.

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No acumulado dos seis primeiros meses, o multimercado com melhor performance foi o Vista Multiestratégia, com retorno de 39,10%, bem acima dos 5,42% registrados pelo CDI – taxa de referência dessa classe de produto – durante o mesmo período.

Veja os dez fundos multimercados com as maiores altas e quedas no 1º semestre de 2022:

Retorno dos fundos multimercados no 1º semestre de 2022

10 melhores retornos Ganhos acumulados no período (%)
Vista Multiestrategia FIM 39,10
Systematica Blue Trend Adv FIM 33,38
XP Macro Plus Fc FI Mult 29,09
Asa Hedge Fc FI Mult 27,56
Spx Nimitz Feeder FIC Mult 21,62
Capstone Macro A FICFI Mult 21,04
Vinland Macro Plus Fc Mult 20,21
Mar Absoluto FICFI Mult 18,96
Legacy Capital Fc FI Mult 18,46
Seival Fgs Agressivo FICFI Mult 18,21
CDI 5,42
10 piores retornos Perdas acumuladas no período (%)
Vitreo Criptomoedas FICFI Mult Ie -90,7
Gonorth American Equity Reais Mult Ie FI -51,97
Fof Mult Global Equities Mult Ie FICFI -35,01
Itau S Multif Glo Equi Usd Ie Fc Mult -34,6
BTGP Mobius Emerging Markets FI Mult Ie -33,3
M Square Glob Eq Managers Fc FI Mult Ie -33,1
Caixa Fc Mult Multig Global Equities Ie -32,96
Ip Atlas Brl Fc FI Mult Ie -31,81
Sant Glob Equit Dolar Spec Mult Ie Fc FI -30,18
Wa Macro Opport Classe Dolar FI Mult Ie -28,45
CDI 5,42

Fonte: TC/Economatica

O levantamento do InfoMoney levou em conta dados extraídos da plataforma Economatica em 8 de julho. Foram considerados veículos não exclusivos, com gestão ativa, patrimônio líquido médio superior a R$ 100 milhões em 12 meses e mais de 99 cotistas no fim de junho.

Na categoria de renda variável, foram excluídos fundos setoriais e monoações. Entre os multimercados, não foram considerados fundos de crédito privado.

Os números utilizados na pesquisa servem para dar uma referência ao investidor em termos de consistência, mas é preciso lembrar que retornos passados não são garantia de rentabilidade futura.

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Fundos de ações: correção das commodities pode ser oportunidade

Com um retorno acumulado de 7,83% entre janeiro e junho deste ano, os resultados do fundo de ações Absolute Pace Long Biased foram beneficiados por posições que apostam na alta do setor de petróleo, por meio de papéis como Petrobras (PETR3;PETR4), além de PetroReconcavo (RECV3) e 3R Petroleum (RRRP3).

Apostas na valorização de empresas de energia, como Eletrobras (ELET6) e Energisa (ENGI11), também contribuíram de forma positiva para a performance do fundo no primeiro semestre, juntamente com alocações em papéis de bancos, com destaque para Banco do Brasil (BBAS3) e BTG Pactual (BPAC11).

Mesmo após um semestre impulsionado pela performance de ações ligadas a matérias-primas, a avaliação é de que o mercado precifica um cenário bastante negativo atualmente. Há, portanto, uma oportunidade para compra de ações de commodities, conforme explica Christian Faricelli, sócio da Absolute Investimentos e gestor de ações do Absolute Pace.

O executivo afirma que os preços das commodities já subiram bastante durante a pandemia, com a demanda global mais forte diante de estímulos fiscais e o consumo maior de bens em detrimento de serviços.

Mesmo assim, os preços de algumas commodities ainda devem avançar, dada a expectativa de que a demanda siga elevada. É o caso do petróleo, que possui um consumo mais estável e uma oferta limitada que dificilmente voltará a patamares anteriores, diante de pressões por práticas ESG (ambientais, sociais e de governança), defende Faricelli.

Atualmente, as ações da Petrobras correspondem à maior posição do fundo da Absolute Investimentos. Na visão do gestor, as polêmicas recentes envolvendo trocas de presidentes e pressão do presidente Jair Bolsonaro (PL) para evitar novos reajustes nos preços dos combustíveis foram apenas “ruídos”, já que a empresa seguiu com o seu compromisso com a política de paridade internacional (PPI).

“Tenho mais medo se tiver uma mudança de governo. As ações já estão precificando um cenário em que o Lula [ex-presidente e candidato ao Planalto pelo PT neste ano] ganha”, afirma o executivo. Caso isso ocorra de fato, Faricelli diz que pode rever a posição na companhia, já que governos petistas anteriormente “quase quebraram a petroleira”.

Embora esteja otimista com o petróleo, o gestor argumenta que é preciso ter cuidado com ações de empresas de minério de ferro e aço, que são bastante impactadas pela demanda na China. Em sua visão, o motivo é que o gigante asiático é sempre uma “incerteza”, diante do vaivém das medidas de restrição para evitar a transmissão de Covid-19, além dos maiores investimentos anunciados pelo governo para a infraestrutura no lugar da construção civil.

Multimercados: gestores surfaram alta dos juros nos EUA

Outro fator que impulsionou o desempenho do Absolute Pace no primeiro semestre foi a aposta na elevação dos juros nos Estados Unidos. E não foi o único fundo a ganhar com isso. Boa parte da performance registrada pelo Asa Hedge – que terminou o semestre com ganhos de 27,56% – também veio de alocações beneficiadas pela alta dos juros internacionais, com destaque para os EUA, como explica Marcio Fontes, gestor do fundo.

A posição chegou a ser reduzida a zero no decorrer deste ano, mas foi recentemente aumentada. Ainda assim, a alocação representa hoje apenas um pequeno percentual do que já foi, diz Fontes. O executivo defende que a assimetria de ganhos com a posição ficou menor.

A casa também possui posição vendida (que se beneficia da queda) das ações americanas. “Os múltiplos estão altos e tem muito mais espaço para cair do que para subir, especialmente com o risco de recessão no segundo semestre do ano que vem”, afirma Fontes.

No Brasil, o gestor não descarta a possibilidade de iniciar uma alocação apostando ainda na alta dos juros locais. Medidas adotadas nas últimas semanas para fazer frente à escalada da inflação e recuperar a popularidade do governo federal – como a PEC dos Auxílios, aprovada na Câmara nesta quarta-feira (13) – aumentaram o desafio fiscal do país. “Com o juro real a 6%, vemos uma oportunidade de estar mais para tomar [apostar na alta dos juros] do que para aplicar [apostar na queda dos juros]”, pondera Fontes.

Veja os cinco fundos multimercados com os melhores e os piores retornos nos últimos 12 meses, até junho de 2022:

Retorno dos fundos multimercados nos últimos 12 meses

5 melhores retornos Ganhos acumulados no período (%)
Vista Multiestrategia Fc FI Mult 40,84
Itau Vertice Optimus Extreme Mult Fc 39,40
XP Macro Plus Fc FI Mult 37,00
Asa Hedge Fc FI Mult 34,68
Systematica Blue Trend Adv Fc FI Mult Ie 30,33
CDI 8,69
5 piores Perdas acumuladas no período (%)
Versa Long Biased FI Mult -60,12
Gonorth American Equity Reais Mult Ie FI -56,53
Logos Total Return FICFI Mult -47,15
Tavola Absoluto FICFI Mult -39,49
Safari 30 FICFI Mult II -39,22
CDI 8,69

Entre as maiores perdas, quedas em BDR de REITs pesaram

No acumulado de 12 meses, poucos fundos conseguiram resultados positivos. O levantamento do IM indica que três – Kadima Long Short, Absolute Pace Long Biased e Charles River – ficaram no azul. Entre os cinco melhores resultados, dois foram, na verdade, “menos piores”: RBR Reits US Dolar FIC FIA BDR Nivel I, que caiu 0,54% e Jbfo Navi Fender Fc FIA, que recuou 0,78%.

Em um período marcado por uma reviravolta nas taxas de juros em todo globo, saindo de patamares negativos ou muito baixos para níveis elevados, o mercado de Real Estate Investment Trusts (REITs) – conhecidos como fundos imobiliários americanos – também passou por fortes transformações.

Depois de registrar um segundo semestre bastante favorável, com uma alta de 31,33%, o fundo RBR Reits US Dolar FIC FIA Bdr Nivel I, acumulou perdas de 24,27% no primeiro semestre deste ano.

Daniel Malheiros, sócio da RBR Asset Management e responsável pela área de investimentos internacionais, explica que os REITs conseguiram crescer ao comprar uma série de ativos a preços mais baratos no início da pandemia. Porém, no último semestre, a alta dos juros impactou o mercado imobiliário como um todo. Somado a isso, a perspectiva de inflação elevada com recessão tornou impossível segurar os preços dos papéis, segundo ele.

O fundo aplica hoje 80% do patrimônio em BDRs (recibos de ações estrangeiras negociadas na B3) de REITs, sendo que o restante é investido em REITs negociados nas Bolsas americanas.

Leia mais:
• BDRs: para que servem e como investir nos recibos de ações estrangeiras

Com a queda recente nas cotações, o executivo conta que a gestora voltou às compras, embora a casa não descarte a possibilidade de novas correções para baixo. Entre os setores preferidos da gestora estão o residencial, com ativos como o Sun Communities (S2UI34), com foco especial no segmento de casas pré-fabricadas, explica o gestor. Chama a atenção dele o fato de que a vacância é baixa e a troca de casas costuma ser menor do que a média nesse segmento.

Perspectivas positivas também para REITs de torres de celular, como o American Tower Corporation (T1OW34); galpões logísticos, como o Prologis (P1LD34); e armazenamento, como o Life Storage ([ativo=L2SI34]).

Em sua justificativa, Malheiros argumenta que tais setores podem ser mais resilientes, mesmo em um cenário que caminha para uma recessão nos Estados Unidos.

No caso dos REITs de logística, as perspectivas são positivas considerando que as empresas americanas têm elevado seus estoques de produtos para evitar a chance de desabastecimento, dadas as dificuldades nas cadeias logísticas globais desencadeadas pela pandemia. Além disso, há a tendência de que os países troquem a produção em nações distantes pela fabricação local ou mais próxima, o que demandaria ainda o setor.

Já no caso dos REITs de torres de celular, a demanda pelo serviço é considerada inelástica – ou seja, menos afetada pela desaceleração da economia – e a implementação da tecnologia 5G no país tende a beneficiar o setor de telefonia.

Veja os cinco fundos de ações com os melhores e os piores retornos em 12 meses:

Retorno dos fundos de ações nos últimos 12 meses

5 melhores retornos Ganhos ou leves perdas acumuladas no período (%)
Kadima Long Short Plus Fc FIA 7,26
Absolute Pace Long Biased Fc FIA 3,17
Charles River FIA 0,41
RBR Reits US Dolar FIC FIA BDR Nivel I -0,54
Jbfo Navi Fender Fc FIA -0,78
Ibovespa -22,29%
5 piores retornos Perdas acumuladas no período (%)
Vitreo Canabidiol FIA Ie -71,68
Zenith Hayp FIA -70,43
Genial Ms Us Growth Fc FIA Ie -60,24
Equitas Selection Fc FIA -52,10
Safra Lagrange I Fc FIA BDR-Nivel I -50,90
Ibovespa -22,29%

Fonte: TC/Economatica

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