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SÃO PAULO – Depois das perdas dos últimos meses, analistas esperam um outubro de recuperação para o Ifix, índice que reúne os fundos imobiliários mais negociados da Bolsa brasileira. Apesar da expectativa, o sentimento ainda é de cautela diante das incertezas que ainda cercam o mercado financeiro.
O Ifix fechou em queda de 1,24% em setembro, segundo mês consecutivo de baixa para o indicador. Em agosto, o índice já havia caído 2,63%. O desempenho foi estimulado por mais uma elevação da taxa básica de juros da economia, a Selic, que na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central foi fixada em 6,25% ao ano. Foi a quinta elevação consecutiva da taxa.
Incertezas políticas e fiscais, as incertezas decorrentes dos rumos da pandemia e a tensão no mercado decorrente das ameaças de calote pela incorporadora Evergrande, uma das maiores da China, também contribuíram com a preocupação dos investidores de fundos imobiliários no mês passado.
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De acordo com os analistas, a queda nas cotações abriu oportunidades no segmento de FIIs, mas a volatilidade do momento ainda exige uma seleção criteriosa dos ativos. “Reforçamos nossa preferência por setores mais defensivos, com boa capacidade de absorção da inflação e resilientes aos desafios atuais”, sugere Luís Gustavo Pereira, analista da Guide Investimentos, que assina a carteira recomendada de fundos imobiliários da casa.
Levantamento do InfoMoney com dez corretoras analisou os fundos imobiliários mais recomendados pelas instituições financeiras. Ao todo, 50 FIIs foram lembrados e o destaque da lista foi o Bresco Logística (BRCO11), com oito recomendações.
A carteira de fundos imobiliários do InfoMoney conta com os cinco ativos mais recomendados para o mês. Para critério de desempate, são selecionados aqueles com maior volume médio nos últimos 12 meses, com base em dados da provedora de informações financeiras Economatica.
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A novidade deste mês foi a entrada do Kinea Rendimentos Imobiliários (KNCR11) no lugar do Vinci Logística (VILG11), que estava entre as principais recomendações de setembro. Confira a seguir os fundos imobiliários mais recomendados pelos analistas para outubro, o número de recomendações e a rentabilidade de cada papel em setembro, no acumulado do ano e nos últimos 12 meses:
Ticker | Fundo | Segmento | Recomendações | Retorno Setembro | Retorno 2021 | Retorno 12 meses |
(BRCO11) | Bresco Logística | Galpões Logísticos | 8 | -2,94 | -10,79 | -17,02 |
(TRXF11) | TRX Real Estate | Varejo | 6 | 0,19 | 7,10 | 10,28 |
(HGRU11) | CSHG Renda Urbana | Varejo | 5 | -2,53 | -7,87 | -5,48 |
(KNCR11) | Kinea Rendimentos Imobiliários | Recebíveis | 4 | 2,94 | 15,83 | 12,72 |
(CPTS11) | Capitânia Securities | Recebíveis | 3 | 0,71 | 5,24 | 17,02 |
(Ifix) | Ifix | -1,24 | -5,72 | -2,96 |
OBS.: A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos
Fonte: Economatica e corretoras (Ativa Investimentos, BB Investimentos, BTG Pactual, Genial, Guide, Itaú BBA, Mirae Asset, Órama, Santander Corretora e Rico)
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Bresco Logística (BRCO11)
Com oito recomendações em outubro, uma a mais do que em setembro, o Bresco Logística é o fundo imobiliário mais recomendado pelo segundo mês consecutivo.
A Ativa Investimentos destaca o portfólio do fundo de galpões logísticos. São 11 imóveis, sendo 35% localizados na cidade de São Paulo. Os contratos de locação possuem prazo médio remanescente de 4,6 anos e aproximadamente 95% dos inquilinos têm classificações de crédito elevadas.
Para Pereira, da Guide Investimentos, o Bresco Logística possui um dos melhores portfólios da indústria. “Apesar disso, o fundo tem negociado próximo às mínimas históricas. Acreditamos que a performance recente, combinada com as diversas iniciativas da gestão, está gerando uma janela de oportunidade para os investidores”, avalia.
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O BTG Pactual lembra também que, no mês passado, o fundo anunciou a locação de quase 12 mil metros quadrados do imóvel Bresco Canoas (RS), zerando a vacância do fundo. A nova locação deverá representar um impacto positivo de R$ 0,015 por cota.
TRX Real Estate (TRXF11)
O TRX Real Estate ganhou uma posição de setembro para outubro e agora aparece em segundo na lista dos FIIs mais lembrados do mês com seis recomendações.
Administrado pela BRL Trust, o fundo tem como objetivo gerar renda através da aquisição, do desenvolvimento e da venda de imóveis locados preferencialmente para grandes empresas.
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O TRX Real Estate possui atualmente 46 imóveis e uma área bruta locável de 409 mil metros quadrados. Espalhado por onze estados, o portfólio está concentrado em operações de grandes redes varejistas, como Pão de Açúcar, Big, Bom Preço e Assaí.
A Órama Investimentos, que tem o TRX Real Estate na carteira de outubro, destaca como pontos positivos a diversificação em número de imóveis e regiões, a qualidade dos inquilinos e contratos de longo prazo.
CSHG Renda Urbana (HGRU11)
O CSHG Renda Urbana perdeu uma posição em relação ao ranking do mês passado e agora ocupa o posto de número três na lista dos FIIs mais lembrados em outubro, com cinco recomendações, mesmo número do mês anterior.
Considerado um fundo imobiliário híbrido, o patrimônio do CSHG está alocado principalmente em imóveis físicos, mas também há cotas de outros fundos imobiliários e CRIs (certificados de recebíveis imobiliários).
Leia também: Como funcionam os fundos imobiliários?
Na avaliação de Maria Fernanda Violatti, responsável pela carteira da Rico, o portfólio do fundo conta com locações para empresas de setores considerados resilientes, como supermercados e universidades, além de contratos com vencimentos somente depois de 2025.
Outro fator que pode beneficiar o fundo é a possível aquisição de dez ativos imobiliários para uma grande varejista. O acordo foi anunciado em maio. No entanto, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) solicitou esclarecimentos por parte do fundo e do proprietário dos imóveis antes de aprovar a transação.
“Acreditamos em um impacto positivo na distribuição de dividendos caso o negócio seja aprovado”, explica Maria Fernanda. “Estimamos uma taxa de retorno com dividendos (dividend yield) de aproximadamente 6,4% para 2021, o que vemos como atrativo considerando a relação de risco-retorno do fundo”, finaliza.
Kinea Rendimentos Imobiliáriois (KNCR11)
O Kinea Rendimentos Imobiliários é a novidade da lista no mês de outubro. O ativo substitui o Vinci Logística e assume a quarta posição do ranking com quatro recomendações.
O fundo possui um portfólio com 52 papéis, expostos principalmente a CRIs indexados ao CDI (certificado de depósitos interbancários). Os recebíveis representam dívidas de empresas como Petrobras, BR Malls, Cyrela, MRV e JHSF.
Para o Santander, a carteira de ativos diversificada é um dos pontos positivos do Kinea. A instituição financeira cita ainda um fundo de reserva que conseguiu passar bem pelo período de pandemia de Covid-19 e a estimativa de uma taxa de retorno com dividendos de 7,5% nos próximos meses.
Já o Itaú BBA trabalha com a Selic no patamar de 8,25% ao ano no final de 2021 e de 9% ao ano no final de 2022. A elevação aumentaria a rentabilidade do CDI e, consequentemente, do Kinea Rendimentos Imobiliários, bastante exposto ao indexador.
Capitânia Securities (CPTS11)
Fundo já conhecido da lista de setembro, o Capitânia Securities mais uma vez aparece entre as principais recomendações compiladas pelo InfoMoney.
De acordo com a Genial Investimentos, que mantém o papel para outubro, o portfólio do ativo é 50% composto por CRIs indexados ao IPCA, com prêmio de 6,22% ao ano, e 40% por outros fundos imobiliários.
“Nossa tese de recomendação deste ativo se baseia no importante papel que a Capitânia tem desempenhado e que tem permitido gerar ganho de capital de forma consistente”, explica a analista de fundos imobiliários Isabela Sulleiman, que assina a carteira da Genial.
A Guide Investimentos segue a mesma linha e destaca a gestão dinâmica do fundo que oferece, segundo a corretora, rentabilidade razoavelmente acima dos principais pares do setor de recebíveis.