O ‘Tio Sam’ da renda fixa diz ‘I want you’ para seu dinheiro: o que está acontecendo com os yields nos EUA?

Os títulos públicos dos Estados Unidos estão deixado ‘dinheiro na mesa’ de uma forma raramente vista na história

Lucas Collazo

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Caros(as) leitores(as),

No mercado financeiro, nós costumamos dizer que “se existe R$ 50 dando sopa na mesa, eu vou pegar”. A ideia é expressar que, mesmo que os retornos de alguns ativos não sejam tão altos em determinados momentos, se forem “fáceis” ou com pouco risco, sempre vale a pena capturar – cada centavo conta.

Pois bem, em raras janelas, esses “R$ 50 da mesa” foram muito maiores do que os observados atualmente em um mercado específico, que nem fica no Brasil: os títulos públicos do governo americano.

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 Os “T-bonds” são como o nosso Tesouro Direto nacional, os títulos da dívida americana. Ao comprar esses papéis, vocês estão financiando o governo dos Estados Unidos (olha que chique).

O risco de uma dívida, de maneira geral, é o calote. Ou seja, o tomador do crédito não consegue, por algum motivo, pagar o credor.

Talvez vocês estejam familiarizados com essa situação com alguns casos recentes no Brasil, como o da Light e o das Lojas Americanas. Que, aliás, já foram tema dessa coluna.

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No passado recente, a credibilidade dos Estados Unidos, do ponto de vista da dívida, não é das melhores. Também discutimos por aqui a flexibilização do teto da dívida americana para evitar um calote aos seus credores.

O mercado nunca acreditou no pior, mas essa solução é paliativa, não extermina as dores da evolução desse saldo devedor americano. Dito isso, eu não me sentiria tão confortável em ser credor dos Estados Unidos para prazos mais longos, e aqui está o grande ponto do nosso texto de hoje:

“Os R$ 50 na mesa”, ou melhor, os “fifty reais” são os títulos americanos mais curtos. Deixe me explicar melhor:

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Encontrei no Twitter dia desses essa linda tabela abaixo. Ela mostra as taxas do tesouro americano ao longo dos anos, desde 1990 até 2023, para ser mais exato.

Reparem com carinho as primeiras células da primeira linha. Vejam como os títulos mais curtos estão remunerando bem seus investidores.

Uma geografia desenvolvida como a dos Estados Unidos, acostumada nos últimos mais de 20 anos com taxas de juros mais baixas e expectativas de retornos menores para as classes de ativos, passa a se deparar com essa blueberry nos títulos públicos. Remuneração de ativos de risco num ativo “livre de risco”.

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A boa notícia é que, o que antes era apenas para poucos, hoje pode ser para todos no Brasil. O acesso a esses papéis está muito mais democrático, diversas corretoras já entregam a possibilidade de investir nesses papéis com contas abertas de maneira digital e baratas.

Vale ficar de olho. Não é todo dia que o “Tio Sam” chama seu dinheiro dessa forma.

Lucas Collazo

Host e conselheiro no fundo do Stock Pickers | Especialista em alocação e fundos de investimento no InfoMoney